19 DE AGOSTO: DIA DO HISTORIADOR
- Fernando M. Ribeiro
- 19 de ago. de 2019
- 4 min de leitura
Instituído há apenas uma década, o Dia do Historiador deve ser comemorado pelos profissionais formados na disciplina, temporalmente recente. A data, cravada em 19 de agosto, foi escolhida em homenagem à data de nascimento do diplomata e escritor Joaquim Nabuco [1849-1910]. Junto às celebrações, historiadores lembram a importância da profissão e da necessidade de valorização do trabalho na área.
Sem a pretensão de me arvorar a intitular-me um historiador, acho que o profissional é importante para a formação crítica do cidadão. Recordo-me bem, que o competente e saudoso professor Luiz Gonzaga, ao ler algo que escrevi e dei-lhe para uma avaliação, disse que eu era um “historiador”, que era um material interessante e que eu deveria prosseguir na função de pesquisar sobre o assunto.
Na medida do possível, - apesar de aposentado – porque tenho outros projetos e outras atividades paralelas que me exigem tempo, continuo o trabalho de pesquisa com o objetivo de reunir material para escrever o tão desejado - e por que não, tão cobrado por professores e amigos – livro: “Um grito no silêncio”. Provisoriamente escolhido, faz tanto tempo e, que deve ser o título definitivo do livro, que contará a história de Cachoeira Alegre.
Já há algumas décadas me dedicando a esse trabalho; hoje, já na casa dos sessenta, acredito que a história é necessária para que os cidadãos compreendam o próprio presente. “Gosto muito de pensar no conceito de consciência histórica, que todo ser humano tem. Nenhuma pessoa, independentemente da cultura, etnia ou origem, é desprovida dessa consciência”. “É a capacidade de nos localizarmos no tempo e no espaço, de fazer planos para o futuro”.
O anseio de conhecimento acerca da história de meu povo, nossos antepassados, nossa gente, nossa Cachoeira Alegre, o desejo de viajar, de buscar informações, a vontade de partilhar esse conhecimento, desde muito cedo me motivou a conversar com antigos moradores, registrar em fitas cassetes seus depoimentos ou transcreve-los e arquivá-los numa pasta, o que me propicia de alguma forma escrever sobre assuntos que não encontrei nas minhas pesquisas na Diocese de Leopoldina e Mariana, no Cartório e Fórum de Palma e em algumas bibliotecas.
Minha formação de educador/professor – apesar de não exercer a profissão – faz com que eu me preocupe com o ensino e mais que isso; me encante com a arte de ensinar. Pude experimentar alguns desses momentos no período de estágio em escolas da rede de ensino público, como na E. E. Professora Columba Teixeira, em Muriaé e, quando estive com alunos das duas escolas de Cachoeira Alegre, em visitas guiadas ao Museu de arte Sacra e confesso que minha principal inspiração é a curiosidade dos alunos. “Tento dar espaço para exercitar a curiosidade dos estudantes e gosto de dar alternativas, dentro dos limites da escola”.
Sou de opinião de que a história não vive só de passado, o aluno tem de estudar o que aconteceu para entender o que acontece hoje à volta dele. “Muitas expressões, teorias, crendices são reflexo do que ocorreu antes de chegarmos aonde estamos”.
Em minhas convicções, creio que há espaço para historiadores fora da sala de aula. “A principal dificuldade é que a profissão não é regulamentada. Conquistando esse direito, se poderia ter salários melhores, a atividade se tornaria mais atrativa”. “Isso também aumentaria o campo de atuação: não só na educação básica e superior, também se teria vagas em museus, em órgãos do Legislativo e do Judiciário. Todos esses lugares têm áreas onde um historiador pode atuar”.
Fernando M. Ribeiro
UMA TAREFA DO HISTORIADOR DO PRESENTE É AGUÇAR ESSA DIMENSÃO ÉTICA DA PRESERVAÇÃO DA INFORMAÇÃO PARA O FUTURO”.
Estudiosos do passado da humanidade têm espaço cativo no calendário há dez anos, quando foi instituído o Dia do Historiador. Comemorada em 19 de agosto, a data foi instituída por meio da Lei nº 12.130/2009, em homenagem ao nascimento do diplomata e escritor pernambucano Joaquim Nabuco (1849-1910).
O professor doutor do departamento de história da Universidade de Brasília (UnB), André de Melo Araújo, é um dos que se propõem ao resgate, preservação e reflexão sobre os vestígios deixados pela sociedade ao longo dos anos. No atual período marcado pelo armazenamento de informações em espaço virtual, André desenvolve pesquisa por meio de materiais impressos, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF). O professor analisa traços, origens e características de documentos datados dos séculos 15 e 18.
André ressalta o valor histórico do papel. “Para nós historiadores, interessa ver como as sociedades se configuraram no passado a partir dos vestígios documentais deixados. Um dos suportes materiais da informação que mais resiste ao tempo é o papel, em seus diversos tipos, sobretudo no século 18”, aponta. O professor explica que os documentos estudados em sua pesquisa foram impressos no continente europeu, e que nesse período da história do Brasil, via de regra, havia a proibição da impressão.
Na avaliação de André, podem ser feitos paralelos entre aquele momento e o atual, com ressalvas quanto ao perfil da sociedade e, principalmente, o tipo de informação veiculada. “Vivemos em um momento de transformação bastante significativa da informação e de como ela é passada. Essa mesma sensação foi sentida nos séculos 15 e 16, no momento das primeiras percepções das transformações em curso pelo novo tipo de canal de informação da cultura impressa”, afirma. “É sempre bom perceber como o trajeto e tipo de informação se modificam ao longo do tempo”.
Se por um lado o historiador tem como campo de trabalho o passado, o futuro da profissão é motivo de atenção. André avalia a maneira como a sociedade tem deixados vestígios documentais para as próximas gerações. “É uma preocupação ética do historiador saber como essa massa de informação que temos produzida no século 21 vai ser preservada. Uma tarefa do historiador do presente é aguçar essa dimensão ética da preservação da informação para o futuro”.
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