SÓ UM MINEIRO PARA ENTENDER O QUANTO BELO HORIZONTE É O INTERIOR DE MINAS

O que aprendi com os mineiros me casando com uma mineira:

Mineiro gosta de vento. O vento em Belo Horizonte é pássaro sem gaiola, é ave solta.

*Acredita na janela aberta, na brisa do entardecer, que o clima vai refrescar de noite. Não é fã de ar-condicionado.

*Respeita a chuva para lavar as mágoas e levar as tristezas embora.

*Gosta de morro, pois a ladeira treina o suspiro. E subindo ele encontra as melhores paisagens.

*Gosta de juntar doce com salgado, queijo com goiabada, para se deliciar com os contrastes.

*Gosta da loucura do futebol. Comemora o título duas vezes: uma em nome do seu clube e outra para debochar do adversário.

*Gosta de família. A família não tem fim.

*Os mineiros cuidam de seus pais.

*Levam os pais para jantar, para festas, para praças. Todo mineiro coleciona algo de seus pais. Um móvel. Um objeto. Uma relíquia. Um quadro. Um livro. Qualquer residência tem um cantinho para o brechó familiar, para o museu do amor.

*Mineiro gosta de agradar com comida. Sempre leva um lanche para repartir com os colegas no emprego – um bolo, um pãozinho caseiro, um doce de mãe

*Nunca quer ir embora pois acha que é custoso voltar. Então aproveita para prolongar o convívio ao máximo possível e fazer estoque de afeto num único encontro.

*Já acredito que a saideira do bar foi inventada pelo mineiro. Uais, você encerra a conta para pedir mais cerveja. E a última vira a penúltima, que vira a antepenúltima, e não há um vivente capaz de se levantar. As melhores risadas e as mais acaloradas discussões vêm quando um dos presentes diz que tem que partir e jamais parte. É um fingindo fim de noite e um verdadeiro início da madrugada.

*Mineiro gosta de dizer tudo joia, vive brilhando os olhos em joalheria de lembranças.

*Gosta de praças, e praças que tenham o coração de um coreto.

*Gosta de acordar cedo no fim de semana, só para contrariar as normas

*Gosta de se explicar direitinho, nunca é direto.

*Mineiro gosta de santos, para não sobrecarregar Deus e socializar os pequenos milagres.

*Só um mineiro para entender o quanto a capital Belo Horizonte é o interior de Minas...

OBSERVAÇÃO:

 Recebi esse texto de um amigo no whatsapp. Gostei e decidi publicar aqui. Mesmo porque é muito bom. É de autoria de FABRÍCIO CARPINEJAR. Aliás, esse Carpinejar é um craque com as palavras. Li, apenas dois livros dele e gostei de ambos. Me encontrei com ele em Leopoldina, num evento cultural: CONCURSO DE POESIAS AUGUSTO DOS ANJOS, do qual participei. Classifiquei dois poemas meus, e eles foram publicados em um livro de “Antologia Poética”. O escritor fora convidado par abrilhantar o evento e, ao final discursou para o público, e muito simpaticamente conversou com a plateia.

Fernando Mauro Ribeiro