“Nenhum outro jogador empresta rosto e voz a um clube dessa forma”
Nome: Rogério Muke Ceni
Nascimento: 22-01-1973, em Pato Branco (PR)
Clubes: Sinop (1987-1990), São Paulo (desde 1990)
Seleção Brasileira: desde 1997
Quando se fala em jogadores identificados com seus clubes, é preciso buscar exemplos no passado. Pelé, Nilton Santos, Ademir da Guia, Zico... Nomes que remetem automaticamente às cores que defenderam, como se jamais tivessem vestido algo diferente do uniforme com o qual fizeram história. E, mesmo depois da aposentadoria, continuamos com a impressão de que, desde a hora em que acordam até o momento em que vão dormir, esses jogadores estão com distintivo colado no peito.
A transformação do futebol num negócio milionário e global acelerou os mecanismos das transferências. Os ciclos são cada vez mais curtos. Relacionamentos duradouros entre jogadores e clubes são cada vez mais raros. Mas é preciso fazer um aparte nessa conversa quando se toca no nome de Rogério Ceni. Rogério não é só um jogador identificado com o São Paulo, em tempos em que tudo no futebol conspira contra esse tipo de identidade. Ele personifica o São Paulo. Para muitos, ele é o São Paulo.
A longevidade ajuda a explicar o fenômeno. Rogério chegou ao clube em 1990, vindo do Sinop (MT) e nunca mais saiu. Até 1997, foi reserva de Zetti. Daquele ano em diante é impossível começar a escalar o São Paulo com outro nome. Nada mais natural que a simbiose entre eles.
Em julho de 2005, Rogério transformou-se no jogador que mais vestiu a camisa do clube, ultrapassando Valdir Peres, com 618 jogos. Marca, que dificilmente, será quebrada e, se for, provavelmente, não significará tanto para o próximo dono.
Pois Rogerio como se sabe, não apenas defende o gol do São Paulo. Ele também faz gols pelo São Paulo. Entre outras coisas, é por isso que a torcida costuma dizer que “todos tem um goleiro, só o São Paulo tem Rogério”.
Mas é claro que o alicerce dessa relação não é somente o tempo. Rogério sempre foi um profissional dedicado ao clube, e só conquistou o status de unanimidade quando... conquistou.
O ano de 2005, quando o São Paulo voltou a levantar a Taça Libertadores e foi campeão do Mundial de Clubes da Fifa, marca a chegada de Rogério ao olimpo são-paulino. A atuação dele na final, no mundial contra o Liverpool, talvez seja a melhor entre as melhores. Pelo menos quatro defesas impediram gols ingleses, num jogo que o São Paulo venceu por 1 a 0.
Rogério que já tinha os números, também ganhou os títulos. Combinação que alimenta a paixão da torcida e transforma o goleiro numa presença indispensável. Sem Rogério no gol, o São Paulo não é o mesmo, não é tão forte. O ano de 2009, em que uma fratura no tornozelo esquerdo o tirou de ação por quatro longos meses, obrigou o time a descobrir como é a vida sem capitão. Período de frustrante aprendizado que o torcedor são-paulino prefere esquecer.
Torcedor que se enche de orgulho quando ouve o seu goleiro, que já foi a duas Copas do Mundo, dizer “Minha seleção é o meu clube”. Não é demagogia. Da mesma forma que só o São Paulo tem Rogério, só Rogério tem o São Paulo. Nenhum outro jogador empresta rosto e voz a um clube dessa forma. E nenhum gosta tanto de fazer isso.
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