Há palavras que nascem eternas. Há gritos ou brados que, embora já tenham mais de dois mil anos, continuam ecoando e inquietando corações humanos. Há situações que deixaram de ser de uma determinada pessoas e passaram a ser identificadas como de um grupo, de um povo, de todos os povos. De repente a humanidade percebe que sua vida, suas alegrias e sofrimentos nada têm de originais: foram vividos e intensamente, por alguém que os assumiu na própria carne. A história de Jesus de Nazaré passa a se confundir com a vida de todos os homens, de cada homem.
Quem não experimentou ainda momentos de dor, de abandono, de solidão total? Ninguém, contudo, os viveu como aquele que, esquecido até pelos amigos, procurou despertá-los: “A minha alma está triste até a morte. Permanecei aqui e vigiai comigo...” Pouco depois, vendo a indiferença que os dominava, insistiu: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação”. Seus apelos não encontraram eco. Ninguém ouviu ou acompanhou seu pedido, sua entrega: “Meu Pai, se é possível, que passe de mim esse cálice: contudo, não seja como eu quero, mas como tu queres” (cfr. Mateus 26, 36-44).
Na sua dor estava a dor da humanidade. Em seu abandono estava sintetizada a solidão da esposa que não se sente compreendida pelo marido, do pai que vê a ingratidão do filho, da jovem que não encontra resposta para sua profunda fome de amor. Em sua entrega ao Pai, na aceitação do cálice que não escolhera, estavam presentes os sofrimentos inesperados do jovem paralítico após o acidente com moto, e da mãe ao enterrar o próprio filho que não desejara perder.
Todos os sofrimentos foram aceitos vividos por Jesus Cristo naquela Quinta-feira Santa, em Getsêmani. Uma noite que transformou as trevas da dor e do abandono numa luz que deverá ser eterna. Não será isso que essa peça de teatro, essa encenação, criação de Fernando M. Ribeiro, tendo como base a canção do jovem compositor Geraldo Carlos da Silva está querendo nos dizer?
Pe. Murilo S. R. Krieger, scj
OBS: Essa peça foi encenada dezenas de vezes pelo Grupo de Teatro da RCC, nas igrejas, salões paroquiais, escolas, clubes e salões de eventos em muitas cidades da região, além de cidades do estado do Rio de Janeiro como Itaocara, Laje do Muriaé e outras; onde aconteciam os - Seminários de Vida no Espírito Santo - encontros da Renovação Carismática Católica; sempre com o objetivo de evangelizar.
Guardo ainda em minha biblioteca o compacto simples – disco de vinil – que trazem duas canções: “Getsêmani” e “Prece da agonia de Cristo”, que posteriormente, farão parte do acervo do Museu de Arte Sacra de Cachoeira Alegre, pois será doado com mais de uma centena de discos religiosos para o MAS.
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