EM MENOS DE CINCO ANOS, FIÉIS CONSTROEM E MANTÊM COM SUA FÉ, MATRIZ DE SÃO SEBASTIÃO EM CACH. ALEGRE
Fernando Mauro Ribeiro
29 de out. de 2021
4 min de leitura
EM MENOS DE CINCO ANOS, FIÉIS CONSTROEM E MANTÊM COM SUA FÉ, A CASA DE DEUS - CONSAGRADA A SÃO SEBASTIÃO – A IGREJA-MATRIZ DE CACHOEIRA ALEGRE – MG.
Nesse mês de outubro, quando nossa Paróquia está completando 134 anos, que tal voltar ao túnel do tempo? Lembrar que a Paróquia fundada em 18 de outubro de 1887, em seu significado espiritual, evangelizador, pastoral e nos serviços, é fruto dos atos de fé vividos pelos paroquianos ao longo de mais de um século.
Oportuno recordar que em novembro de 1982 um forte vendaval destruiu nossa imponente Igreja-matriz. Construída a primitiva Capela em 1859, nossa Igreja passara por uma série de reformas, até tornar-se um belo templo. De torre elevada, ostentando no cume, uma cruz que, se mantinha acesa durante toda a noite, com um total de dez portas nas laterais, colunas sólidas que sustentavam o telhado, a construção se destacava no alto de uma colina, como uma espécie de sentinela a guardar nossa Cachoeira.
Numa tarde de novembro, tudo veio abaixo. Decepcionados, lágrimas nos olhos, os filhos da terra contemplavam atônitos o que restara de nosso templo sagrado. A luz da fé desperta nos cristãos católicos o desejo de colaborar com a “Casa do Pai Celestial”, então consagrada ao glorioso mártir São Sebastião. A imagem do santo, esculpida em madeira – que tornou-se selo postal dos Correios – que suportara nos ombros, uma pesadíssima peça de madeira que se desprendeu da cumeeira, sem sofrer nenhum dano, se encontra em seu nicho, no presbitério da matriz.
Há quem diga que a imagem de nosso padroeiro a sustentar peso tão elevado, sem se quebrar, é de certa forma um milagre: “Ele assim o fez, para evitar que o sacrário, onde estava Jesus, na Sagrada Eucaristia não sofresse danos maiores, já que ele fora arrancado da parede, sua porta se abriu e a tampa da ambula se soltou, deixando expostas as partículas”. Fui eu, a pedido de minha mãe, o mensageiro a comunicar ao Padre Adriano Kett, o ocorrido, quando ele sai imediatamente da casa paroquial em Muriaé, rumo a Cachoeira Alegre.
Essa cena por mim descrita; quem a viu, assim a explica: “São Sebastião é nosso padroeiro; o hino que mais se canta durante a novena em honra ao santo, diz: ‘Dá peste, o flagelo, da fome, da guerra,\ por sua bondade,\ afastai da terra. \Vós sois padroeiro de Cachoeira Alegre,\ seu amado povo\ a Jesus entregue...\ Glorioso Mártir São Sebastião,\ dai aos seus devotos, \firme proteção”! Proteger e defender o seu povo. Ei-lo, ali, como um pilar seguro de nossa fé!
Em sua história, projeção, espaço e dimensões de acolhida, a Igreja-matriz atesta a fé que move à ação. Inseparáveis, fé e ação já escreveram 162 anos da história, desde a origem da devoção, quando a secular imagem de nosso padroeiro foi conduzida em procissão até a pequenina capela, por aquela gente simples do povoado que recebera então o nome de São Sebastião da Cachoeira Alegre.
Devoção cada vez mais difundida em todo o País onde há inúmeras igrejas consagradas ao santo e também em nossa Cachoeira Alegre, dinamizada pelos incansáveis sacerdotes que passaram por aqui e ajudaram a escrever páginas de nossa história. A religiosidade, o misticismo em relação à imagem, os sinais das graças recebidas – quantos meninos acompanham a procissão, com uma fita vermelha em diagonal no corpo, lembrando o martírio e agradecendo as graças -, os inúmeros testemunhos dos devotos, a propagação espontânea que se multiplica ao longo da novena.
A ANTIGA MATRIZ DÁ LUGAR A UMA NOVA CONSTRUÇÃO DE ARQUITETURA MODERNA
As etapas da construção do Santuário, desde os projetos e estudos de engenharia e arquitetura, entregues ao engenheiro José Luciano Frutuoso Braga, antes do lançamento da primeira pedra, remete-nos à ação do senhor Joaquim Ribeiro Gouvêa, então responsável pelas obras materiais da Paróquia, na condição de presidente da Comissão, se dedica, dias a fio, voluntariamente, com sua enxada a remover os escombros: reciclar o material como tijolos, portas de madeira, peças de madeira de lei que foram desmembradas em outras, para serem utilizadas na construção ou até mesmo vendidas para se arrecadar fundos.
Seguiu-se posteriormente, a terraplanagem e limpeza do local para dar início à construção de nossa nova Igreja-matriz. Tudo isso, a meu ver, são pegadas da fé em obras. A continuidade da administração com suas despesas mostra que os paroquianos se sentem responsáveis pela “Casa do Pai”. Têm a consciência do dever de colaborar. Sim, a raiz da fé cristã desabrocha em ações, atos, comportamentos religiosos em coerência. Fé sem obras é morta, ensina-nos de modo muito claro São Tiago em sua carta: (Tg. 2,14-26). Fé é a certeza do invisível que se exterioriza nas ações.
A “Casa de São Sebastião” não se caracteriza como um empreendimento empresarial, ela é um local para onde os peregrinos se dirigem nas suas horas de prece, é uma plataforma de evangelização. A palavra já se define: o evangelho-em-ação. Os benefícios imediatos dos paroquianos não são benefícios materiais ou negócios. Unidos, a luz da fé se acende mais uma vez em seus corações e os conduz em gestos de oferenda, colaboração e participação nas obras que a Paróquia se propõe realizar. “Há um envolvimento do cachoeirense que se doa como pode, seja com sacos de cimento, areia, tijolos ou levando até à Casa Paroquial, broas, pães, biscoitos e garrafas de café, para o lanche dos pedreiros”, disse padre João Pedro no último domingo, quando falava das obras em andamento.
Há muitos templos no Brasil. Alguns suntuosos, célebres e todos são mantidos também materialmente, como focos de devoção e piedade. O santuário de Aparecida é o mais famoso e frequentado. Nós, da Paróquia São Sebastião, somos agradecidos aos dizimistas, ao cachoeirense e àqueles que nos visitam e dão sua contribuição financeira para custear as despesas que são muitas.
Em tempo: quero registrar aqui, que a pedido do Pe. João, nosso pároco, nos próximos dias, estaremos iniciando as obras de restauração e adequação do Museu de Arte Sacra e, contamos mais uma vez com sua generosa contribuição. Sabemos das dificuldades, ainda em tempos de pandemia, mas, acreditamos que será possível. E aquele que um tanto cético disser: duvido! Lembra-te que nosso povo construiu uma bela e moderna matriz num tempo recorde. Ela foi inaugurada, com a obra ainda não concluída, mas no dia 12 de outubro de 1987, uma multidão de fiéis lá esteve para celebrar a padroeira do Brasil; Nossa Senhora Aparecida!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Que o Glorioso Mártir São Sebastião, nos abençoe!
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