Era uma vez uma menina que morava com seus pais – ele pastor de uma Igreja Evangélica ela do lar - em uma casinha simples, mas, muito bonita, em Cachoeira Alegre. Poucos entendem esse nome – Cachoeira Alegre – que dá origem à cidade onde morava Maria Eduarda. Em meu livro, “Um grito no silêncio” ainda em preparação, conto essa história, do porquê Cachoeira Alegre. Mas, por enquanto, fiquemos com uma cachoeira alegre que jorra de cada um de seus moradores: uns, querem a alegria de jogar futebol, outros optam por cantar, outros se tornam sacerdotes, pastores, outros desejam ensinar, educar, alfabetizar, outros querem cuidar da saúde de todos... e há aqueles que desejam dançar.
É esse o caso de Maria Eduarda. A menina, segundo sua mãe, sempre demonstrou interesse pela dança. Aqui, na nossa Cachoeira não há escola de dança. Como atender a um desejo da filha que, a cada dia se torna ainda maior. Como vencer todos os obstáculos, a dificuldade financeira, as idas e vindas à cidade mais próxima que oferecia essa oportunidade à filha. São interrogações que gritavam no coração daquela mãe. Mas há de encontrar-se um jeito, dissera ela ao seu marido, o pai da Duda.
Sim, aqui em Cachoeira Alegre ela é a nossa Duda. E não é que contornando todos os obstáculos, a família dera o primeiro passo para a menina iniciar-se numa Escola de Dança na cidade de Muriaé! Levantar-se cedo, enfrentar o pó ou a lama da estrada que não dispõe de asfalto, os riscos no percurso de 40 quilômetros de terra batida entre idas e vindas, sol, chuva, calor e frio...
Faça chuva ou faça sol, a Duda lá está com seu uniforme bem cuidado, sua sapatilha de balé, sentadinha no ônibus, ora compenetrada, ora contemplando a paisagem, flores, árvores, os pássaros, nuvens... Ela tinha um objetivo que era também voar, um quase flutuar nos palcos, tornar-se bailarina. E nossos sonhos precisam ser alimentados, é bom que sonhemos juntos para que esses sonhos se tornem realidade.
A bailarina encontrou na pessoa de seu professor Dioni, um incentivador. Grande profissional que é, observava a dedicação e o desempenho daquela aluna e descobriu que tinha talento para a dança, precisava ser lapidada. Isso ele faria, aliando seus ensinamentos, à força de vontade de Duda e, evidentemente ao talento e determinação de ambos. A menina já deslizava graciosamente nos palcos da Escola de Dança. O professor enchia-se de orgulho, o coração dos pais era só alegria e o cachoeirense aplaudia a cada etapa vencida por aquela menina.
A essa altura, o cachoeirense que tem em si a marca da alegria, a esbanjava pelas ruas, ao comentar sobre a bailarina que abraçara, dando suporte financeiro através de venda de rifas e outras doações. Os pais sempre acreditaram que o sonho era possível, que a sua Duda poderia continuar a sonhar porque também uma Cachoeira Alegre sonharia junto. E se tem uma coisa que eles têm de sobra é a gratidão.
Pois bem, com o passar do tempo, aquela criança foi se tornando cada vez mais bailarina. Crescia aos olhos do professor e, foi galgando degraus até que, enfrentando desafios cada vez maiores, ia se destacando com boas notas, com desempenhos que a elevava à condição de enfrentar novos desafios... e foi assim, como vocês vêm acompanhando aqui no nosso portal, a menina concorreu a uma vaga na Escola de Teatro de Dança do Balé Bolshoi na cidade de Joinville, Santa Catarina.
O resultado, todos sabem: a menina foi aprovada. Maria Eduarda foi notícia no G1 Zona da Mata, na TV Integração, em diversos sites de notícias assim como o silvanalves.com que fez excelente matéria com a menina, os pais e o professor Dione. A Duda é uma estrelinha em ascensão. Mas estejam certos, esta estrela vai brilhar muito nos palcos da vida.
Nessa semana, numa demonstração de enorme gratidão, os pais de Duda conseguiram um carro de som, que percorreu, por longo tempo, as ruas de Cachoeira Alegre, fazendo um agradecimento explícito à população, àqueles que de alguma forma contribuíram para que esse sonho se tornasse realidade. A família comunicava que estava de mudança para o estado de Santa Catarina, onde ficaria mais perto de sua estrelinha que daria sequência à sua carreira, ao ingressar na Escola de Dança Bolshoi, a única aqui no Brasil, com sede em Joinville.
É claro que todos nós nos orgulhamos de vocês. A família da Duda espalhou faixas pelas ruas de Cachoeira Alegre, onde se lê: “Obrigado Cachoeira Alegre pelo acolhimento e carinho para com toda a família”. De Maria Eduarda. Aqui, permaneceremos na torcida, com o mesmo entusiasmo e com a mesma alegria, por Duda e sua família.
Eu disse uma vez, quando apresentei um artista no palco por ocasião de uma Festa do cachoeirense, que: “o que nos personifica é a nossa alegria. Somos sim, uma Cachoeira Alegre e, é com essa alegria que agradecemos a Duda por ter passado por aqui, por nos representar em outras cidades e lhe desejamos sucesso. Siga, Duda, valsando como valsa uma criança que entra na dança...” À Maria Eduarda e sua Família, o nosso Aplauso!
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