AS FLORES DO JARDIM DE NOSSA CASA - Flores de outono
Fernando Mauro Ribeiro
17 de abr. de 2021
2 min de leitura
Atualizado: 5 de mai. de 2021
Hoje saí fotografando o jardim que minha mãe plantou,
Que a chuva regou,
Que, com cuidado, a natureza observou
E com agrado, seu filho cuidou;
Quero falar um pouco da eternidade deste instante:
Aqui, te abraço em cada flor, como não havia a abraçado antes.
O jardim é o lugar da contemplação,
E a contemplação é o descanso do pensamento.
Sinto você mais perto, vejo seus movimentos;
Agora, o canto dos pássaros que compõem a trilha sonora...
Mãe, caminho por entre os canteiros, contigo no coração,
Te vejo em cada flor, nas folhas do “tinhorão”;
Só, sem plateia, estás nas flores das “azaleias”;
Mas estou aqui e te vejo nas flores dos pés de “beijo”;
Olho-a e, a barra de tua saia, toca as folhas da “samambaia”;
Pequeninas, formosas e rosadinhas,
As belas “rosas de Santa Terezinha”;
Mãe, seu andar tem hoje mais leveza
Quando contemplas a “renda portuguesa”;
Às vezes, parece que vejo através de um espelho,
Suas mãos tocarem as “rosas” vestidas de vermelho.
Dizem que aquela ali se chama “dinheiro em penca”,
Sei não. Sei é que estou às voltas com a “avenca”;
Esses canteiros, flores, cores, tanta lembrança me traz,
Quando observo a brancura dos “lírios da paz”;
Te falei uma vez, das flores que vi no Chile
E em meio a tanta variedade, te encantastes com as flores do “buganvile”;
"Não podas tanto assim, não vês, que excedes no corte"!
Mãe, sou como aquela planta ali: "comigo ninguém pode"!
E essas flores roxinhas, que por aqui vejo tanta]
As colhi para ornamentar a cruz, na sexta-feira santa;
Há flores aqui, que não sei o nome e,
sabias até o sobrenome,
E o número do telefone.
Ah, mãe, quisera eu saber, pudera eu, quem me dera!
Talvez me digam, quem sabe, as folhas de “jápudera;
Sabias que depois que fostes, não dera mais flores os “cactos”.
Vou conversar com todos e fazer com eles um pacto:
Pedir que voltem a dar flores; sei que têm vida curta,
Mas, quero tê-las... Sinta, mãe, o cheiro das flores de “murta”!
Há as heroicas “espadas de São Jorge”
E os delicados “sapatinhos de Nossa Senhora”;
Apesar do sol a lhe queimar as folhas com seus rigores,
Os “antúrios” resistem-no e ostentam lindas flores;
Aquelas amarelinhas e miudinhas,
As que plantamos no campinho, - de folhas grandes em tons grenás E as que dão muitas flores cor de rosa,
A “Maria regateira” tá sumida, desapareceu;
A “sempre viva”, morreu;
Cravinas, bambuzinhos e outras folhagens tantas que não sei o nome, ficarão no esquecimento.
Mas elas não se importam com isto... ah, lembrei-me de mais uma: “sangue de Cristo”!
OBS: São flores tão comuns, mas, que aos olhos do jardineiro e através das lentes do fotógrafo que não sou, se tornam belas. Aí estão apenas algumas espécies das flores do jardim da nossa casa, que com a ausência de minha mãe estão perdendo a vontade de viver. Porém, ao contrário de meu ídolo, - Roberto Carlos – que diz: “eu já não posso mais olhar nosso jardim, lá não existem flores, tudo morreu pra mim”! Quero continuar a cuidar das flores, mantê-las vivas, pois há muito de minha mãe naqueles canteiros. Aliás, ela é a flor mais bela de nosso jardim!
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