A COPA AMÉRICA, A PANDEMIA, A POLÍTICA, A TV E AS PAIXÕES DE UMA NAÇÃO
Fernando Mauro Ribeiro
23 de jun. de 2021
4 min de leitura
A competição que a princípio, teria Colômbia e Argentina como países sedes não acontecerá mais nos gramados desses países. Em virtude da pandemia do Covid-19, seus respectivos presidentes não quiseram mais que o evento fosse sediado em seus territórios, pois contribuiria para aumentar o número de infectados, disseminando ainda mais o vírus, levando-os a riscos ainda maiores. Assim sendo, o presidente Bolsonaro ofereceu para que o evento ocorresse em terras brasileiras. A competição que terá início hoje, às 21:00 horas, contra a Colômbia, no Estádio Nilton Santos, pelo Grupo D da Copa América.
É óbvio que fazer história no futebol é sempre prazeroso. Na seleção brasileira, então, essa satisfação é ainda maior. Caso a equipe de Tite vença todas as partidas até o título da Copa América, o treinador igualará à maior sequência de um comandante da seleção desde Zagallo. Em 1997, o Velho Lobo teve 14 triunfos consecutivos, recorde na história centenária do País Pentacampeão Mundial.
É verdade que o técnico completou cinco anos no cargo no último dia 20 ainda sem cair nas graças da torcida e da crítica, mas completamente integrado a seu grupo de atletas e comissão que faz seu trabalho. Os números falam por si. São 42 vitórias em 56 jogos, com aproveitamento de 81%.
“Sem personalizar. Não tenho vaidades. Pegar uma equipe montada e fazer uma assinatura maior que um quadro. Tenho orgulho de cada integrante da comissão que faz o seu trabalho. Pedi para que o cara que corta a grama assinar a camisa de cinco anos. E faço isso com carinho, sem demagogia. Quem me conhece sabe que sou assim”. Foi o que disse o treinador, ontem, em uma entrevista coletiva ao analisar sua caminhada até aqui, premiada pelos atletas com uma camisa comemorativa.
A competição terá transmissão do SBT. Há quem diga que o fato por si, já diminui a audiência, visto que a emissora não tem know-how para coberturas esportivas. Outros dizem que a Dona Globo, - antes, toda poderosa -, já não ostenta mais tal poder e, estão vibrando com a mudança, já que são críticos ferrenhos da emissora do Jardim Botânico e a querem ver destruídas. Sim, não há exageros no que digo. Apenas repito o que vejo nas redes sociais: Chamam-na: globolixo e outros adjetivos não publicáveis. É evidente que é uma parcela da população, pois nem todos se manifestam contrariamente ou nem se manifestam.
De qualquer forma, é inegável que a “senhora Globo” ou outro nome que queiram dá-la, ainda detêm a maior audiência, tem um padrão de qualidade inquestionável, exportam seus produtos para mais de uma dezena de países e é comum receber prêmios internacionais por esses produtos; sejam novelas, documentário, séries ou jornalismo.
Se os jogos terão maior ou menor audiência, pode-se atribuir também à mudança de hábitos do brasileiro. Entendo que ainda somos o país do futebol e que o futebol seja (será) a maior paixão popular. Mas não é mais, se forma nenhuma, “a Pátria de chuteiras”, como dizia Nelson Rodrigues. Depois daqueles 7 a 1 contra a Alemanha, foi tamanha minha decepção que não assisti mais a jogos da Seleção Brasileira. Escrevi na época, aqui mesmo no portal, manifestando meu descontentamento. Mais que isso, minha revolta com o desempenho daquele time.
AINDA OUÇO O ECO DOS GOLS DA ALEMANHA. COMO DÓI!
Sem desmerecer nenhum dos clubes que têm evidentemente, suas histórias, mas, repito que, não se tratava de Olaria e Campo Grande (dois clubes cariocas) mas de Seleção Brasileira. Um placar tão elástico assim, é mesmo uma afronta aos torcedores, uma vergonha para os atletas que são tratados à “pão e mel”, uma desonra para uma nação pentacampeã Mundial. Aliás, nem mesmo entre essas duas equipes do futebol carioca, citadas aqui, se registrou um placar assim. Não teria isso, também desmotivado tantos outros torcedores. Não teria esse fato, jeito com que muitos apaixonados pelo esporte bretão descalçassem suas chuteiras, aposentassem suas bandeiras, sumissem dos estádios e ficassem indiferentes aos jogos da Seleção Brasileira. São indagações minhas.
São apenas indagações e questionamentos, que o leitor pode discordar ou não. Assim como na questão de a competição ser realizada aqui no Brasil, assim como a emissora do SBT deter os direitos de transmissão, se terá mais ou menos audiência. Essas questões, no momento atual – momento que já dura mais de um ano – me parecem mais política que qualquer outra coisa. E nesse campo minado não quero pisar. Essa de “gabinete do ódio”, “Luladrão”, “Família de Milicianos”, “PT arruinou o país”, “governo genocida”, “Pedaladas da Dilma”, “a estupidez de Michel Temer”, “Triplex do Guarujá”, “Presidente negacionista”, “18 meses sem corrupção”, (será...). Faça você mesmo sua leitura. Use o seu filtro crítico, avalie caso a caso e tire suas conclusões.
Sinceramente, não são as questões, ou preocupações mais urgentes para nós – a população -. Honestamente, pensei que a Justiça – soberana que é – esclarecesse e solucionasse tais questões. Depois das “trapalhadas” do Sérgio Moro, - pessoa na qual depositei confiança – e descobre-se em dois tempos, sua parcialidade, sua ineficácia para questões tão vitais que, se resolvidas sem as paixões, poderíamos ter dado um grande passo e, o magistrado entraria para a história de forma brilhante. Depois das “loucuras” do STF, da inoperância dos deputados, dessa guerra de braço entre “o bem e o mal”. Quando na verdade, não se sabe ao certo o que é ou quem é o bem e o mal. Ou não existem nem bem nem mal. Ambos são do bem, ambos são do mal. Não há uma terceira opção, me pergunto. E uma voz me sussurra: “Ciro Gomes”. Respondo, para mim mesmo: “Sei não”!
E assim caminha a humanidade, assim vamos construindo os nossos dias, alinhavando nossos anseios, mastigando decepções, costurando nossas alegrias e escrevendo com “meias verdades” nossa história.
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