9 – MISSA NA MATRIZ, AS SEMENTES, AS PODAS, AS FLORES E OS FRUTOS

“A humildade não é possibilidade, mas sim condição do cristão”. Devemos agradecer sempre. Isso é humildade e reconhecimento da gratuidade do amor de Deus. Devemos nos esforçar para estarmos atentos aos sinais do amor gratuito do Pai para conosco. É um pouco do que ficou hoje, com as leituras proclamadas na celebração da Santa Missa, ministrada pelo Pe. João Pedro.

O Evangelho é o centro de toda Palavra, tanto na Bíblia quanto em nossas celebrações. É fonte inesgotável de vida e de luz. “Jesus está subindo para Jerusalém. Vai passando por meio dos povoados, se encontrando com as pessoas e realizando sinais. Para nos mostrar a misericórdia divina, perdoa os pecadores e cura os doentes, como os dez leprosos que se aproximaram dele e foram curados”. É o que ouvimos na celebração desse domingo.

Depois da santa Missa, fiz uma pequena incursão pelo quintal, onde há algumas semanas eu sulquei o solo, coloquei fogo, preparei a terra, lancei sementes e me lembrei que há mais de um mês, fiz – tardiamente, talvez – uma poda nas roseiras e azaleias do jardim de minha mãe. Com as azaleias fui mais prudente, entendi que haviam sofrido muito com o sol causticante e a falta de chuva dos últimos meses. Já com as roseiras, fui radical. Achei que havia exagerado, mas percebi depois, que surgiu um novo broto e que outros ainda virão para ainda trazer-nos flores, com a chegada dessa primavera.

Caminhei por entre os canteiros, depois me sentei em um banco, à sombra de um pé de jabuticabas, também com flores e ali fiquei a contemplar aquele cenário em que eu, tantas vezes passara, na minha lida e não me dera conta dessas pequenas transformações. Enquanto degustava o primeiro copo de uma cerveja, ali, sobre a mesa de pedra, onde fora impresso um tabuleiro de damas, eu pensei: Deus tem um projeto de vida para cada um de nós.

Deus tem um projeto para aqueles que escolheram construir, a cada dia, uma vida melhor, e a chegada da primavera sempre me chama atenção pela profusão de cores que ela nos proporciona com sua variedade de flores e, o projeto de Deus para nós, pois é tempo de fecundidade, de esperança.

Na primavera percebemos que as podas foram necessárias, que o sofrimento nos fortaleceu, que os espinhos também fazem parte da beleza, e delicadeza das flores.

O jardineiro trabalha duro, se empenha, joga as sementes, planta as mudas, aduba, rega, poda e tira os ramos secos com a certeza de que as flores brotarão no tempo certo. As flores desta estação indicam que não devemos temer as dificuldades, renúncias, escolhas da vida, mas mostram a certeza de que é possível perdoar, enfrentar o desânimo, o sofrimento e sermos fecundos, semeando as sementes da paz, do amor e da esperança.

Lendo um artigo do Pe. Rafael André, vi que há ali importantes ensinamentos. Veja: “No oráculo de restauração, no livro do profeta Zacarias (8,16-23), o próprio Senhor nos dá pistas de como provar a primavera em nosso cotidiano:

1 – Falar a verdade. Às vezes, não sabemos falar com a pessoa que amamos, apenas convivemos e esquecemos de viver.

2 – Não exigir nada além do que o outro possa oferecer. Viver com justiça e sinceridade é perceber os dons, as qualidades do outro.

3 – Não maquinar o mal em nosso coração. Cuidado com o que você anda ouvindo ou assistindo: novelas, filmes, conteúdo da internet que levam ao pecado.

4 – Buscar o Senhor. Sua vida só terá sentido quando você tiver um porquê superior a qualquer coisa ou pessoa. Lembre-se: você atrairá bênçãos sobre bênçãos, pois todos vão reconhecer que Deus está contigo.

A página daquela revista, cuja coluna me parece ter como título “Metáforas da fé”, já amarrotada e úmida com o líquido do suco de cevada, dobrei-a e coloquei no bolso. Hoje, porém, estou de volta a ela. A latinha de cerveja vazia, talvez denuncie o tempo que ali permaneci, quem sabe faça uma estimativa das horas, pois, não sei realmente, quanto tempo durou, mas foi muito bom.

Primavera é tempo de fecundidade e esperança, é a lição que fica. Aliás, aprendo sempre com a leitura e, como é doce saber por exemplo que “o homem é a glória do Criador, dotado de liberdade é chamado a participar intimamente da vida divina. Deus deu-o dons, revestiu-o de força, cumulou-o de saber e inteligência, constituiu lhe uma amizade com seu Criador e harmonia consigo mesmo e com a criação.

Não se esqueça, Deus tem um lindo projeto para nós! Na caminhada ele vai iluminando nossos passos porque nos quer felizes, curados e santos. Ele é o Senhor da nossa vida!

Fernando Mauro Ribeiro – baseado em artigo de Pe. Rafael André