31 - GERSON VARELA, EX-PROVEDOR E DIRETOR DO HOSPITAL, FALA SOBRE OS 95 ANOS DO H.S.P.

Estamos aqui, à porta do auditório do Dra. Rosemary Feres, para uma conversa com o Sr. Gerson Varela. Vou chama-lo, você, pois meus cabelos brancos me permitem fazê-lo. “Quantos anos você tem”? Pergunta-me o entrevistado. “Sessenta e cinco”, respondo. “São 20 anos apenas de diferença, diz ele! “Somos dois jovens senhores”! digo. (risos) e retomo nossa conversa... Ex-provedor e membro permanente da diretoria do Hospital São Paulo, quando das comemorações de 95 anos de existência dessa casa que é uma referência na região, motivo de orgulho para todos nós, muriaeenses ou não, que aqui são atendidos com a excepcional competência, atenção e carinho, desde a recepção, passando por todos os funcionários que são a razão dessa instituição e que com respeito e dedicação se empenham na semeadura do amor fraterno, proposta de Jesus e de seu fundador Cel. Isalino Romualdo, para manter acesa essa chama.

Foram muitos os desafios, como veremos nesse bate papo com Gersinho Varela – como é chamado - o cidadão muriaeense que contribuiu com a cidade, tendo ocupado uma cadeira na Câmara Municipal, onde atuou como vereador e, como provedor e colaborador permanente do H.S.P, ajuda, ao longo de 50 anos, a escrever a história dessa Casa de Caridade.Numa demonstração de gratidão a Deus, participamos à pouco da Missa na Capela. Agora, um momento de confraternização, quando um cocktail é servido... a Casa está em festa. Veja a entrevista:

Novo Tempo: São 95 anos, nos quais essa Casa de Caridade acolhe e cuida de nossa gente, numa prestação de serviço que a enobrece e faz dela referência na região. Sabemos de seu envolvimento e comprometimento com essa causa. Quando ingressou no quadro de colabores do Hospital São Paulo?

Gerson Varela: foi ainda na década de setenta, provavelmente. São 50 anos de trabalho dedicados a esse Hospital, entidade que amo, que tenho grande prazer de aqui estar, visitar as pessoas, estar com os funcionários e ver o bom atendimento que dispensam à população.

Novo Tempo: Então o senhor conheceu e trabalhou com a Irmã Tereza Colombo?

Gerson: Sim, à época das Irmãs Marcelinas. Elas me procuravam com frequência, solicitando ajuda que vinham em forma de colchões, camas para o berçário e etc. Consegui com o então deputado Ibraim Abi-Ackel, em 1983, uma verba de 283 milhões, para a construção do novo hospital. A verba estava na CEF, mas as empreiteira só faziam o serviço com o pagamento de imediato. Então consegui com uma empresa de amigos meus que fizesse a obra sem nada receber, ou seja, pela nossa amizade e, o resultado é essa obra bonita que todos vemos aqui.

Novo Tempo: Nós, nos orgulhamos muito dessa Casa e de suas conquistas ao longo dos anos. Qual é a sua função hoje, no H.S.P?

Gerson: Como eu ia dizendo, logo depois, tornei-me provedor do Hospital. Hoje faço parte da diretoria, sou diretor, não ocupo tal cargo, pois tenho um irmão deputado e a entidade deixaria de receber verbas públicas. Eu tenho um amor muito grande por esse hospital, eu vivo isso aqui!

Novo Tempo: Lembro-me do Sr. Aloísio Porto e mais recentemente o meu conterrâneo Sr. Messias Vardiero como provedores dessa casa. Quem exerce tal função, hoje? E como é gerir uma entidade filantrópica diante das dificuldades financeiras?

Gerson: O provedor, hoje, é o Sinval. Muito competente. Eu o auxilio, pois estou sempre aqui. Administrar uma empresa com poucos recursos é muito difícil. Quando assumi a provedoria, havia um déficit enorme, em torno de três meses de salários atrasados dos funcionários. A folha de pagamento estava em torno de 30 mil reais. Fiz um bingo de veículos e arrecadamos o dinheiro para quitar esse compromisso. Tínhamos uma dívida de 30 mil reais, com a CEF, em Brasília, fiz outro bingo e fomos acertando as pendências financeiras.

Novo Tempo: Ouvimos e lemos nos jornais, não raras vezes, notícias de que haveria muitas demissões, de que determinado setor deixaria de funcionar e outras reais ameaças. O nosso Hospital tem em seu quadro, quantos funcionários? Digo nosso, porque abraçamos a entidade e suas causas como nossa, já que é para onde viemos com nossas enfermidades ou nossos enfermos, em busca de tratamento.

Gerson: Sim, pode e deve dizer assim mesmo: a casa é nossa! Naquela época, já se fazia necessário a construção e ampliação do hospital. Depois, consegui com o Lael – irmão, ex-deputado federal – recursos para a construção do Pronto Socorro e, vieram outros bingos, corria nas empresas da cidade em busca de ajuda e conseguia – hoje, teria dificuldades para fazer isso - para manter de pé o funcionamento do Hospital. Hoje temos a Casa de Saúde, o Prontocor e a Fundação que dão suporte à saúde, mas esse continua sendo o Hospital Geral, que atende também aos municípios vizinhos. O Hospital tem hoje, mais de 800 funcionários, as finanças estão em dia, mantemos um equilíbrio em todos os setores. De modo que, quando vejo tanta coisa boa acontecendo aqui, fico muito feliz, são 50 anos de trabalho e tenho um amor muito grande por tudo isso.

Novo Tempo: Dificuldades vencidas, foram dias difíceis e como vimos os desafios foram enormes. Hoje, porém, é dia de festa. Quero agradecer pela gentileza da entrevista, parabenizá-lo pelos 50 anos de dedicação e pedir que deixe uma mensagem nesses 95 anos do Hospital São Paulo.

Gerson: O que tenho a dizer é agradecer por esses 95 anos do Hospital, agradecer a colaboração de todos, cumprimentar a todos os funcionários e dizer que continuem trabalhando para o bem estar de todos e o progresso dessa entidade. Quando vejo a aquisição de um novo aparelho, uma reforma aqui, uma mudança ali, meu coração se alegra, porque, digo mais uma vez: eu amo esse hospital e gostaria que todos trabalhassem para que ele continue a crescer.

Em tempo: Consultando o site do HSP. Constatamos que o Sr. Gerson Ferreira Varela ocupou o cargo de Provedor em 1989 e novamente em 1994.

Fernando Mauro Ribeiro e Aparecida Marques