A literatura brasileira de modo geral se confunde com a história do Brasil. A literatura feita em Minas Gerais é tão viva quanto a tradição e os movimentos que permeiam nosso Estado, renovando e perpetuando as características de sua gente generosa, hospitaleira e trabalhadora. Com essa compreensão, utilizando de um livro cujo título é: “De repente, a Viola”! Obra que motivou Álvaro Catelan e Ladislau Couto - seus autores – a nos presentear com esse rico trabalho acerca da nossa não menos rica, música caipira, abordando os grandes temas dessas canções que alcançaram sucesso nacionalmente e consagraram muitos artistas – outros até permaneceram no anonimato, mas suas obras falam por eles - ; me vi também encorajado a partilhar com vocês, meus caros leitores esse precioso acervo, criando a Coluna UMA JANELA PARA A MÚSICA, que há mais de cinco anos traz, a cada mês, uma pouco de informação sobre esse mundo tão encantador que é a viola caipira e as dezenas de canções do gênero.
É evidente, dou sempre os créditos a seus autores, e comento do livro, para que alguém, que como eu, deseje adquiri-lo, saiba como encontra-lo. Não poderia deixar de mencionar o amigo Olavo Ferreira Lacerda que apresentou-me tal obra. Pois bem, estamos desde 2019 publicando essa coluna e recebemos comentários elogiosos de leitores sobre tais matérias. Reiteramos que são: Álvaro Catelan e Ladislau Couto os autores, o portalnovotempo.com é simplesmente um instrumento de propagação desse conteúdo fantástico.
Quero registrar nossa satisfação de entregar a cada edição – em conta-gotas – essa publicação aos nossos amados leitores, à população de um modo geral, aos intelectuais, aos educadores e a todos que amam a literatura.
Assim como os autores, também nós, esperamos que ela chegue às escolas, aos estudantes, aos professores, aos cidadãos e despertem neles as mesmas emoções, o mesmo entusiasmo e o mesmo orgulho que nos motivam a cada edição apresentar-lhes um pouquinho mais dessa extraordinária história da Música Caipira.
CABOCO
(Autor desconhecido)
Caboco, vancê tem que assustentá
Tudo que vancê me disse numa noite de luá.
Vancê pegou devagarinho em minha mão e contou-me um segredinho dentro do meu coração.
Dispois vancê foi se afastano, fica de longe oiando sem querê se aproximá.
Caboco, já não tenho aligria, passo as noite, passo os dia, passo as hora a chorar.
Já me contaram que uma tá de Mariquita, uma mocinha bonita, que veio da capitá,
Tá te oiano, tá quereno te prendê, fazendo feitiçaria nos oinho de vancê.
Dispois ela pega e vai s’imbora, seu coraçãozinho chora, fica triste como quê.
Dispois vancê vorta arripindido, pra dizer nos meus ouvido:
“Vancê qué me perdoá”.
OBSERVAÇÂO:
O amor, no cancioneiro caipira, é infinito. Belo, simples, com cheiro de terra e cores do mato, delicado e inconformado como todos os amores. Mas que cava sempre no peito a saudade da primeira vez, a dor do adeus, a esperança do encontro.
Do Livro De repente, a Viola – Álvaro Catalan e Ladislau Couto
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