Estou em Cachoeira Alegre, organizando as coisas – limpeza do quintal, da piscina, Barraca da piscina, o campinho, a poda das árvores, os canteiros do jardim, a capina, a varrição, a iluminação, ornamentação e outras coisas – quando tomo conhecimento da morte de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. “É difícil escolher qual o anúncio ideal para se abrir um texto que pretende informar que morreu Pelé”. Poderia ser: “Morre o Atleta do Século”; “Morre Pelé, o maior jogador de todos os tempos”; “O homem que revelou o Brasil ao mundo”; “Pelé: um homem de ouro”; “O deus de todos os Estádios”; “O autor de 1282 gols”; e outras tantas manchetes, mas deixo isso para uma matéria posterior.
Voltemos aos preparativos para as festas de fim de ano: A chuva tem caído com frequência por aqui, e a meteorologia diz que ela continuará a cair nos próximos dias. A chuva é bem vinda, é necessária, contudo, dificulta meu trabalho, mas não me impede de ir tocando em frente com vistas a deixar tudo em ordem para a nossa festa da virada.
Sim, é aqui mesmo que nos reuniremos para nos despedir de 2022 e saudar 2023. Depois de uma interrupção de dois anos, em razão da pandemia e da “partida de meus pais e meu irmão, Zé Luiz” para os altos azuis; quqndo as núvens brancas se escureceram e o céu azul de nosso quintal se transformou; tornou-se turvo e não mais receberam os clarões dos fogos de artifício tão festejados na virada de cada ano, quando comemoramos o reveillon.
A saudade ainda se encontra por aqui, e não faz questão de esconder-se. Ela gosta de ser vista e se apresenta nas muitas lembranças que ficaram em cada cantinho, nas sementes semeadas por eles e que geraram tão grandes recordações: seja nos vasos de antúrio de minha mãe, nos canteiros dos jardins, onde ela plantou, e tornaram flores; seja, nos frutos que colhemos nos pés das árvores que meu pai cultivou; nos jardins e pomares que cultivamos posteriormente, mas que remetem a eles.
Solo, semente, planta, flor e fruto, ferramentas, árvores, folhas no chão, folhas ao vento, bancos de cimento, o Cristo de braços abertos, guardando nosso quintal, lá, à margem do Córrego Rico, o “Monumento a Nossa Senhora Aparecida”, onde minha mãe costumava sentar-se com o terço nas mãos, a rezar por todos nós, o “Monumento ao Anjo”, denominado Monumento da Saudade, pois os Anjos são nossos mensageiros que levam aos céus nossos pedidos e trazem de lá as bênçãos...Tudo é memória!
E é com essas tintas que vou pintar o cenário, com esses tons é que nos despediremos de 2022. Na matriz São Sebastião haverá a santa Missa, às 20:30 horas, oportunidade para demonstrar a Deus, nossa gratidão. No Natal, percebemos que Jesus, na manjedoura, se coloca bem diante de nossos olhos, se desnuda por inteiro. Lá está Ele, indefeso, frágil, para mostrar-nos a verdade do Reino.
Gosto do evangelho que menciona o sermão das Bem Aventuranças, pois elas, são uma oração, nascida do mais profundo do Cristo. O caminho das bem-aventuranças é o caminho no qual devemos caminhar, já que somos discípulos de Cristo. E em cada uma delas, devemos reconhecer a nós mesmos, com nossas coerências e nossas contradições.
Será que não andamos com os olhos muito abertos para nós mesmos e fechados para o Reino? Acho que ainda não demos os passos necessários para nosso crescimento no Reino, em busca da paz. O homem ainda acredita na guerra como solução para as divergências entre si. O diálogo aproxima, o presepio é o caminho. Há construtores decididos da paz, da concórdia, da justiça, pessoas que suportam suas dores com dignidade. Mas há também quem promova a guerra.
Certo é que, nada no mundo poderá nem deverá arrancar de nós a força da esperança e a semente do Reino. Mas nem sempre Deus quer de nós, o que imaginamos ser nossa vocação. Temos de estar disponíveis, prontos a fazer isto ou aquilo, com toda a generosidade seja lá o que Deus quiser. Seja lá o que Deus quiser fazer de nós. Podemos fazer nossas escolhas, mas pedir o Senhor se estão de acordo com a sua vontade. Nem sempre nos lembramos disso.
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