28 - A MÃO ESQUERDA NÃO SAIBA O QUE A DIREITA FIZER (MT 6,3)
Fernando Mauro Ribeiro
28 de mar.
3 min de leitura
“Caridade não se faz por sentimentalismo. Não espera holofotes. É compromisso concreto: amar não com palavras e sim com ações de verdade”.
O exemplo, o ensino e a doutrina moral de Jesus guiam os discípulos para entender e praticar a caridade. Ela é a referência primordial do nosso agir em relação a Deus e os outros. Perante Deus o ser humano está em total indigência. Reconhecer isso e buscar a vontade de Deus é a única saída. Aí entra a primazia da caridade.
Na linguagem bíblica a palavra ‘caridade’ traduz em último grau a ideia de amor: um amor misericordioso. A essência de Deus é ser amor e somente ele é objeto de amor total. Podemos amá-lo porque Ele nos amou primeiro, revelando-se em Jesus.
Jesus é a caridade personalizada. Para termos a união com ele Deus nos dá suas virtudes teologais por meio de Jesus Cristo. São capacidades superiores à natureza humana. Virtude é poder, é força divina, conatural a Deus, manifestada em suas ações. São três: Fé, Esperança e Caridade. Inseparáveis, se complementam.
Cada uma exige as outras duas. Fundamentam toda a vida cristã. Fé e caridade não são sinônimas, mas uma não sobrevive sem a outra. Não existe cristão autêntico sem vivência da caridade. Sem fé a obra é morta! E a obra maior é cumprir o mandamento do amor. O problema concreto é ignorar a sua natureza.
Em geral confunde-se caridade com beneficência: dar esmolas. Ajudar, assistir os pobres, ser solidário, ser humanista. A caridade é também isto. Não só! É muito mais, se vivida dentro da visão cristã. Pois as civilizações antigas já faziam nessas perspectivas: distribuir o pão, vestir os nus, proteger órfãos e viúvas etc. Antiquíssima é a mera filantropia humanista aliada ao intercâmbio de interesses.
Hoje o esquema social é de competição implacável e não o da partilha. É o da avareza e não o do acúmulo e não o da caridade. “Dar para receber”. Eis aí o resumo da ‘caridade’ política. Mas as doações e os benefícios políticos, a liberação de verbas e etc não são favores pessoais. São aplicações do orçamento existente graças ao pagamento dos impostos.
Já a caridade cristã é sem limites. Qualquer tipo de interesse ou de retorno para quem a faz, ofende, diminui ou anula o seu valor. Dar esmolas, criar assistência social e fazer ações solidárias esperando em troca elogios e prestígios, ou até mesmo a satisfação social por isso, não é caridade. Pode ser um egoísmo refinado. Caridade não se faz por sentimentalismo. Não espera holofotes. É compromisso concreto: amar não com palavras, mas com ações de verdade!
A partir da unidade na mesa da Palavra e do Pão, a Igreja criou, promoveu ao longo dos tempos as mais diversas obras criativas em favor dos pobres, doentes e excluídos. Agora se mobiliza contra as estruturas sociais injustas e defende a dignidade humana. Exemplo candente é a defesa do feto no ventre materno. Cristãos e cristãs expoentes na caridade, nunca faltaram.
Alguns nomes recentes: Madre Tereza de Calcutá; São Maximiliano Kolber, Irmã Dulce, Madre Paulina. A lista seria sem fim. Mas no topo está sempre Maria, a mãe do Filho que se entregou por nós e nos deixou a caridade como seu mandamento maior e marca de nossa identidade com ele.
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