Assim como a Nossa Senhora Aparecida é a Padroeira do Brasil, Nossa Senhora de Copacabana é a padroeira da Bolívia. Vamos conhecer um pouco dessa história: O continente latino-americano é paradisíaco. São tantas belezas com que o Criador quis contemplar a nossa terra: a majestade das Cordilheiras dos Andes, (conheci parte delas, quando em visita ao Chile) o arrojado Amazonas, o tenebroso Oceano Atlântico e a tranquilidade do Pacífico, os glaciares vivos da Patagônia e da Terra do Fogo.
E, entre tantas maravilhas está o Lago Titicaca. Localizado a mais de 3.800 metros acima do nível do mar, nas Montanhas Andinas da Cordilheira Real, e considerado um lago sagrado pelos antigos incas, foi palco do culto ao Sol, à Lua e outras divindades.
Às margens do Titicaca localiza-se a cidade de Copacabana, nome que significa “lugar onde se vê a pedra preciosa”. A região recebeu os conquistadores espanhóis em 1538. Habitada pelos incas, com suas tradições religiosas, não foi difícil implantar a evangelização dos missionários católicos.
Na década de 1570, a região passou por desastrosas situações climáticas, prejudicando a agricultura. Fome e enfermidades começaram a pairar sobre o povo. A população nativa decide colocar a lavoura sob a proteção de um santo católico, cuja imagem ocuparia o altar central da capela.
Dividida entre as imagens de Nossa Senhora da Candelária e São Sebastião, acabou criando-se um impasse. Até que o índio Francisco Tito Yupanqui, nascido nesta cidade em 1540, descendente direto da casa real Inca, sonhou que colocava uma imagem da Virgem com as feições de uma índia no altar da Capela.
Sem os conhecimentos mais elementares da pintura ou escultura, ele se propõe a fazer a imagem. Fez jejuns e orações pedindo à virgem que o ajudasse a fazer uma imagem sua. Modelou uma em argila, que não levou à piedade alguma. Resolveu aprender as técnicas do ofício. Conseguiu esculpir uma imagem em pasta de manguey. Foi reprovada pelos padres que a acharam parecidas com uma princesa Inca.
Continuou insistindo no aperfeiçoamento da arte. Partiu para a capital do país, La Paz, onde foi trabalhar na Igreja de São Francisco, como ajudante de pintor. Nesta Igreja a imagem ficou pronta. Certo dia, um sacerdote viu uma luz atravessar a cúpula do templo e atingir a imagem de Maria que adquiriu um resplendor divino. Ele narrou o fato ao Cura de Copacabana e este se interessou em conhecer a obra.
Ao ver a imagem da Virgem Maria com os traços e as roupas indígenas, sustentando no braço direito um Menino reclinado sobre o seu peito e na mão esquerda uma vela acesa, foi tomado pela fé e abençoou o trabalho do índio Yupanqui. A imagem foi levada da capital boliviana até a cidade de Copacabana. Desde então, incontáveis graças e milagres foram alcançadas pela intercessão de “Nossa Senhora de Copacabana”, e esse culto se espalhou por todo o país.
A imagem original, de um metro de altura, ocupa o altar principal da Igreja. Em 1805 foi erguido o templo atual e consagrado à Virgem de Copacabana, tornando-se Basílica no final de 1940. Em 02 de agosto de 1925 o Papa Pio XI declarou e coroou Nossa Senhora de Copacabana, Padroeira e Rainha da nação boliviana.
Padre José Luiz Magella Delgado
CAPELA DE NOSSA SENHORA DE COPACABANA, NO FORTE DE COPACABANA
Em visita ao Forte de Copacabana em 22 de dezembro de 2024, conheci a pequenina capela dedicada à santa de mesmo nome. Em 1914, o local fora destinado para ser o Paiol de Espoletas dos Canhões de 305mm do Forte de Copacabana. Posteriormente, fora transformado nessa pequena capela que tem em seu altar uma réplica da imagem original existente no Santuário da cidade de Copacabana, na Bolívia. Foi doada ao Forte, pelo Colégio Militar de Aviação “General German Busch” das Forças Armadas Bolivianas.
A imagem de Nossa Senhora de Copacabana que, hoje lá se encontra não é a mesma que fora doada pelo então general. A original da Igrejinha encontra-se hoje na Paróquia de Nossa Senhora de Copacabana, no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro.
Leblon é considerado o bairro mais rico do Rio de Janeiro. Ele é conhecido por sua localização privilegiada, praias, lojas de grife, restaurantes e opções de lazer. Mas Copacabana tem seu charme, no seu inconfundível e badalado calçadão desfilam beldades, artistas consagrados, turistas do mundo inteiro.
O famoso calçadão foi criado entre 1969 e 1970, por Francisco Marcelino de Souza Aguiar, no Governo do Presidente Afonso Pena, quando foram criadas duas pistas que ligam a Orla entre os bairros do Leme e Copacabana.
O dia de N. S. de Copacabana é celebrado em 2 de fevereiro, o dia da Purificação de Maria, ou festa da Virgem da Candelária. No Brasil, essa comemoração não tem muito destaque, senão em Copacabana, onde há missa solene e outras celebrações.
Vale a pena fazer uma visita a esses locais. Tanto ao Forte de Copacabana que é o guardião de parte importante de nossa história, quanto a à Igreja-matriz de Nossa Senhora de Copacabana, no bairro homônimo, na cidade do Rio de Janeiro.
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