26 - BRASIL E SEUS MELHORES JOGADORES DE TODOS OS TEMPOS
- Fernando Mauro Ribeiro
- 26 de mar. de 2023
- 3 min de leitura
Amarildo: Cada dividida poderia ser a última, nada o fazia tirar o pé.
Nome: Amarildo Tavares Silveira
Nascimento: 29-07-1939 – Campos dos Goytacazes – RJ.
Clubes: Goytacaz (1956-1957), Flamengo (1958), Botafogo (1959-1963), Milan – ITA (1963-1967), Fiorentina ITA (1967-1971), Roma – Ita (1971-1972), Vasco (1973-1974).
Seleção Brasileira: (1961-1966) (29 jogos, seis gols).
No início da carreira que lhe valeu o apelido de “Possesso”, Amarildo estava calmo até demais. Era a terceira partida do brasil na Copa de 1962, contra a Espanha. O atacante do Botafogo, conhecido pelo gênio explosivo, parecia sob efeito de calmantes.
O Brasil tinha vencido o México na estreia e empatado com a Tchecoslováquia. Mas a grande preocupação era Pelé. Uma lesão na virilha, contra os tchecos, era o fim da linha, para o Rei, no Chile. Alguém teria de substituir o melhor jogador de todos os tempos em plena Copa do Mundo.
. O técnico Aimoré Moreira, escolheu Amarildo e o escalou contra os espanhóis. Aos 23 minutos, ele estreava no Mundial, no lugar de Pelé, num jogo que a Seleção Brasileira precisava vencer.
Quem poderia criticá-lo por estar “fora do ar”? O alarme soou no final do primeiro tempo. Um zagueiro espanhol lhe falou umas bobagens e largou uma cusparada em sua camisa. Um erro de proporções históricas.
A Espanha vencia por 1 a 0, deve ter percebido que o jogador que voltou do vestiário com a camisa 20 do Brasil, não era o mesmo do primeiro tempo. Era igual, mas não o mesmo.
Em duas jogadas de Garrincha, uma de cada lado do campo, Amarildo marcou os gols da virada. O primeiro, completando um cruzamento rasteiro da esquerda. O segundo, de cabeça, depois de mané humilhar os espanhóis na ponta direita.
O Brasil estava classificado para as quartas de final. A alegria era tanta que, enquanto Amarildo tomava banho no vestiário, Pelé entrou de roupa debaixo do chuveiro para abraça-lo.
A ordem de jogar “como no Botafogo” não foi difícil de ser cumprida. Os companheiros de clube, Didi, Garrincha e Zagalo, estavam por perto para ajudá-lo.
Amarildo ainda faria mais um gol no Mundial do Chile, justamente na decisão do título, contra a Tchecoslováquia que o Brasil venceu por 3 a 1.
Garrincha e Vavá foram os principais nomes do bicampeonato, mas Amarildo foi o principal apelido. Nelson Rodrigues o chamou de “Possesso”, pela fúria que demonstrou em campo.
Amarildo também foi bicampeão carioca em 1961-1962, pelo Botafogo. No campeonato de 19661, fez dois gols na vitória por 3 a 0 na decisão contra o Flamengo e terminou como artilheiro, com 18 gols. Com Didi, Garrincha, Quarentinha e Zagalo, formou o que é considerado o melhor ataque da história do clube.
Depois da Copa do Mundo, Amarildo foi fazer sucesso na Itália por nove anos. No Milan, jogou no time que foi derrotado pelo Santos, na Copa Intercontinental, em 1963, em três partidas.
Pela Fiorentina, ajudou na conquista do segundo e último título italiano do clube, em 1968-1969. Ainda jogou uma temporada na Roma antes de voltar ao Brasil, onde encerrou a carreira no Vasco, aos 34 anos.
Amarildo não era uma figura amedrontadora, com 1,67 metro e 68 quilos. Mas a valentia que havia dentro dele era anormal. Cada dividida poderia ser a última, nada o fazia tirar o pé. E quando a temperatura do jogo subia, era melhor deixa-lo quieto. Ninguém é chamado de Possesso” por acaso.
André Kfouri e Paulo V. Coelho
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