25 - O IMPACTO DAS REDES SOCIAIS, SAÚDE MENTAL E DEMOCRACIA
Fernando Mauro Ribeiro
25 de abr. de 2024
3 min de leitura
As redes sociais, uma das maiores revoluções do século XXI, moldaram profundamente a maneira como nos conectamos, comunicamos e até mesmo como percebemos o mundo ao nosso redor. No entanto, o impacto dela no comportamento e na saúde mental das pessoas hoje é um tema cada vez mais preocupante.
A ascensão das redes sociais trouxe consigo uma nova era de interação social, mas também desencadeou uma série de preocupações. A constante exposição a uma infinidade de informações, muitas vezes, seletivamente filtradas e apresentadas através de algorítimos que priorizam o engajamento, pode ter efeitos adversos na saúde mental das pessoas, desencadeando processos depressivos.
A pressão para manter a imagem idealizada de si mesmo, o modo de perder a relevância ou popularidade, ou até mesmo a comparação constante com os outros podem levar a sentimentos de inadequação, ansiedade e até mesmo ao suicídio. Sim, as redes sociais têm favorecido o aumento do número de pessoas que tiram a própria vida.
Um momento significativo que evidenciou essas preocupações foi a ida de Mark Zuckerberg, fundador do Facebook, ao Congresso Americano. Nessa ocasião ele pediu desculpas à Associação de Pais Vítimas de Redes Sociais (seus filhos tiraram a própria vida devido a fatores relacionados às redes) reconhecendo que as plataformas sociais têm desempenhado um papel na propagação de conteúdo prejudicial e na proliferação de desinformações.
Um dos maiores perigos associados às redes sociais é a disseminação de fake news que representa uma ameaça à democracia e ao discurso público saudável. A capacidade das plataformas de alcançar grandes audiências em tempo real torna-as um terreno fértil para a propagação de informações falsas e manipulativas, que podem influenciar a opinião pública e distorcer o processo democrático. Portanto, combater a disseminação de desinformações tornou-se uma prioridade urgente para garantir a integridade dos sistemas democráticos.
Além disso, algumas personalidades influentes, como Erlon Musk, têm enfrentado punições e restrições devido as suas atividades nas redes sociais. Erlon Musk, conhecido por seu uso prolífico do Twiter (atual X), já enfrentou consequências legais e regulatórias por suas declarações controversas e influência sobre os mercados financeiros.
A União Européia impôs sansões a Musk por violação de divulgação financeira enquanto outros países têm implementado restrições para mitigar o impacto de suas postagens nas redes sociais.
Por isso, é necessário que no Brasil também haja uma discussão profunda sobre o tema e que o Congresso cumpra o seu papel de propor regulamentações das redes sociais. Se não o fizer, cabe ao Supremo esse papel, como guardião do horizonte constitucional, fundamentado na diversidade, na liberdade efetiva, na igualdade e no bem-social. O Brasil não pode ser visto como um laboratório ou como um lugar onde tudo é permitido. O parlamento europeu é extremamente atento aos impactos das redes sociais, podemos e devemos seguir esse caminho de reflexão também, sem espírito de inferioridade, medo ou “viralatismo”.
As redes sociais tem um impacto profundo e multifacetado no comportamento e na saúde mental das pessoas hoje. Embora ofereça, oportunidades sem precedentes para conexão e expressão, também apresentam desafios significativos que exigem atenção urgente.
É essencial que continuemos a examinar criticamente o papel das redes sociais em nossas vidas e trabalhemos para mitigar os efeitos negativos, ao mesmo tempo em que promovemos uma cultura online mais saudável e responsável. As tecnologias devem contribuir a um mundo mais plural, igualitário e livre.
Fonte: Jornal Panfletu’s Ltda. O autor é psicanalista atuante em BH e Mariana; Professor da PUC-Minas e da FUPAC-Mariana; Escritor; Membro da Academia Marianense de Letras; Comentarista semanal da Rádio Itatiaia/BH e Colunista da TV Horizonte; Pós Doutorado pela Universit Fribpurg, na Suiça.
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