QUARENTA ANOS APÓS A MORTE DE GARRINCHA, VEJA ONDE E COMO SUA HISTÓRIA É MANTIDA
Não é preciso muito esforço para esbarrar com algum Mané Garrincha. Uma pesquisa rápida, no Rio de Janeiro, por exemplo, aponta duas creches públicas (Bangu e Marechal Hermes), uma escola municipal (Campo Grande), uma Vila Olímpica (Cajú), dois Centros de Atenção Psicossocial (Santa Cruz e Tijuca) e uma praça (Inhaúma). Pelo país, o mais famoso é o Estádio Nacional de Brasília, um dos palcos da Copa de 2014. Quarenta anos após a morte do ex-jogador (completados no dia 20 de janeiro), é inegável que seu nome siga em alta. Mas e o homem por trás dele?
Com um fim de vida marcado pelo alcoolismo e empobrecimento, Garrincha não deixou pertences catalogados (quiçá reunidos e organizados). Muitos itens que ajudariam a contar sua história se perderam. Ainda assim sua memória é mantida viva. Em diferentes locais é possível conhecer sua trajetória e ter noção de seu tamanho no futebol.
Um exemplo, óbvio, até, de onde isso ocorre é a sede do Botafogo. Embora não tenha um Museu, o local possui um tour, através do qual o visitante pode conhecer a história do clube, com destaque para o futebol, e de seus ídolos, dentre os quais Garrincha ocupa o papel de destaque.
No tour do Maracanã, o eterno camisa 7 também ganha holofote. Além se sua pegada na calçada da fama, há outros objetos do ex-jogador, como um par de chuteiras e o uniforme utilizado na Copa do Chile. Em 1962.
Para além das fotos, bustos e imagens tradicionais é possível ter um contato mais próximo com Garrincha, visitando Pau Grande. O bairro da cidade de Magé, na região metropolitana do Rio, se tornou famoso por ser a terra natal do ídolo do Botafogo e da seleção brasileira. E não esconde o orgulho.
São duas escolas, uma municipal e uma estadual com o nome do filho ilustre, além de um ginásio poliesportivo e de um posto de saúde. No segundo semestre do ano passado, a Prefeitura lançou um passeio guiado com o ex-jogador como tema. Acompanhado de uma guia turística, o visitante percorre as ruas do bairro e conhece alguns dos locais mais identificados com Garrincha.
O TÉCNICO LUÍS CASTRO ESTEVE NO PASSEIO
Fazem parte do roteiro a casa onde ele passou a infância, (e corria atrás de passarinhos garrincha, que lhe deram o apelido) e a que viria morar mais tarde, dada em 1962 pela fábrica local de indústria têxtil como presente pelo protagonismo na conquista da Copa do Chile.
O Esporte Clube Pau Grande é outro atrativo, assim como o gramado da Barreira, um campo encravado no meio da mata e no alto de um morro onde o ex-jogador jogava peladas antes e até mesmo durante a fama (obrigando o Botafogo a mandar um carro para buscá-lo quando não retornava ao Rio para os jogos).
O passeio se completa com a Igreja de Sant’Ana, na qual ele foi batizado e a praça principal do bairro que conta com um busto dele. Quem já realizou esse passeio foi o técnico do Botafogo, o português Luís Castro. Isso aconteceu em maio de 2022.
LEGADO AINDA COM FALTA DE CUIDADOS
Por outro lado, a experiência também mostra como, em termos de estrutura e de bens duráveis, o legado de Garrincha ainda convive com a falta de cuidados. No pequeno Memorial dedicado a ele no Esporte Clube Pau Grande são nítidos os problemas de conservação. Já a casa onde ele morou, está à venda e fechada.
Um projeto tenta furar essa dificuldade de preservar sua memória para o público atual. O Memorial do Esporte, voltado para colecionadores, produziu uma edição limitada de estatuetas do craque, usando o uniforme do Botafogo. Elas são licenciadas pelo clube e vem com o certificado de autenticidade.
Para este ano, estão previstos o lançamento de uma HQ e de uma série de NFTs de Garrincha. A venda de todos os produtos gera royalties para os familiares do ídolo.
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