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23 - O RIO DE JANEIRO CONTINUA LINDO E O SAMBA PREDOMINA

  • Fernando Mauro Ribeiro
  • 23 de dez. de 2024
  • 5 min de leitura

DIA NACIONAL DO SAMBA

O samba é o gênero musical que mais representa o Brasil. O ritmo que saiu dos morros e periferias e embala o país há anos tem seu dia nacional em 2 de dezembro. O brasileiro tem no samba a representação de suas raízes.


RIO DE JANEIRO, A ORIGEM DO SAMBA COMO GÊNERO MUSICAL BRASILEIRO

        A história sobre a origem do Dia Nacional do Samba é essa: Entre os dias 28 de novembro e 2 de dezembro de 1962 foi realizado no Palácio Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro, o Primeiro Congresso Nacional do Samba, evento patrocinado pela Confederação Brasileira das Escolas de Samba (CBES), pela Associação Brasileira das Escolas de Samba (ABES), pela Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, pelo Conselho Nacional de Cultura e pela Ordem dos Músicos do Brasil.

       Na Presidência do Congresso estava o folclorista Edison Carneiro, responsável pela redação da Carta do Samba, a qual menciona, em sua página 6, que “Foi sancionada lei estadual, declarando o dia 2 de dezembro Dia do Samba, à base de projeto apresentado, nesse sentido, pelo deputado Frota Aguiar”.

       Ao mencionar a sanção da lei, a Carta do Samba contava, antecipadamente, com a aprovação do Projeto de Lei n° 681, de 19 de novembro de 1962 (publicado no Diário da Assembleia Legislativa do dia 20 de novembro de 1962), que em seu artigo 1° dispõe: “Fica o dia 2 de dezembro oficialmente considerado como o Dia do Samba”. Todavia, apesar de aprovado em plenário, o projeto foi vetado pelo então Governador Carlos Lacerda. 

       Este veto foi posteriormente rejeitado pelo Plenário, com o voto de vinte e nove deputados, transformando-se na Lei n° 554, de 27 de julho de 1964. Assinada no dia 29 de julho pelo Deputado Vitorino James, presidente da Assembleia, ela foi publicada no Diário Oficial do Estado da Guanabara, no dia 7 de agosto de 1964.

        Paralelamente, o vereador soteropolitano Luiz Monteiro da Costa, ciente da deliberação do Primeiro Congresso Nacional do Samba, apresentou na Câmara Municipal de Salvador, em 3 de outubro de 1963, o projeto de lei n° 164/63, que “institui o Dia do Samba, manda preservar as características da música popular e dá outras providências”. Em seu projeto, o vereador menciona explicitamente, em seu artigo 2°, a Carta do Samba.

       Menciona também, no § único daquele artigo, que as comemorações do Dia do Samba em Salvador naquele ano de 1963 seriam em homenagem ao compositor Ary Barroso “após a entrega do título de ‘Cidadão da Cidade de Salvador’ que lhe concedeu a Câmara Municipal de Vereadores da Cidade de Salvador” (estranhamente, a própria Câmara Municipal, em resposta a consulta por mim formulada, diz não ter conhecimento da concessão desse título, que não deve ser confundido com o de “Cidadão Baiano”, concedido em junho de 1956 por iniciativa de estudantes e professores universitários de Salvador).

        O que se sabe é que em 18 de novembro de 1963, data da assinatura pelo Prefeito de Salvador da Lei n° 1.543, resultante da conversão do citado Projeto de Lei, Ary Barroso encontrava-se internado na Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, gravemente enfermo e desenganado pelos médicos.

        Provavelmente a homenagem proposta pelo vereador Luiz Monteiro da Costa seja explicada pelo estado de saúde de Ary Barroso, que viria a falecer pouco tempo depois, no dia 9 de fevereiro de 1964.Como se vê, tanto a Lei Estadual n° 554/64, do Estado da Guanabara, quanto a Lei Municipal n° 1.543/63, da Cidade de Salvador, surgiram a partir da Carta do Samba, aprovada no Primeiro Congresso Nacional do Samba, mencionando-a explicitamente. Assim, a criação do Dia do Samba é fruto daquele Congresso. 

Destaque-se que o II Congresso Nacional do Samba, realizado em novembro de 1963 no Estado da Guanabara, traz em seu boletim de encerramento nova menção ao dia 2 de dezembro como Dia do Samba dizendo textualmente: “Nas escolas de samba da Guanabara e nos redutos principais do samba, nessa data, o samba será festejado com o repicar de tamborins, com o ‘roncar’ das cuícas e com uma alvorada de 21 batidas no ‘surdo’. O tão esperado Dia do Samba também será comemorado pelas emissoras de rádio que apresentarão programas com gravações de nossa consagrada música popular”. 

Com efeito, a partir de 1963, o Dia do Samba passou a ser comemorado em algumas cidades brasileiras, como Rio de Janeiro e Santos. Com o passar do tempo, essas comemorações alcançaram abrangência nacional, com a realização de rodas de samba, shows e outras solenidades.

 O samba carioca começou a ser forjado na Pedra do Sal, no centro do Rio Gênero musical conheceu uma revolução definitiva no final da década de 20

É uma segunda-feira qualquer. Mas no Morro da Conceição, no centro da cidade do Rio de Janeiro e próximo de sua zona portuária, toda segunda é igual. No final da tarde, cerca das cinco horas, os moradores desta região começam a montar suas barracas nos arredores de uma pequena praça e, entre um cigarro e outro, a encher os isopores de gelo e cerveja. As caixas de som são ligadas enquanto, pouco a pouco, os espectadores vão chegando e se sentando. Os assentos são uma enorme rocha, mas não uma rocha qualquer: é a Pedra do Sal, tradicional ponto de encontro de sambistas e admiradores deste estilo musical há centenas de anos.

Quando passa das sete horas e anoitece, o pequeno Largo João da Baiana, no final da rua Argemiro Bulcão, está completamente tomando por uma multidão que se espreme em volta de sete músicos, nas escadarias na beira do morro e na própria pedra. Começa então a roda de samba no berço do samba carioca:

"Liberdade! Liberdade! / Abre as asas sobre nós

E que a voz da igualdade / Seja sempre a nossa voz!"

A tradicional roda de samba da Pedra do Sal, uma enorme rocha com degraus que dão acesso ao Morro da Conceição, hoje atrai todo um universo de pessoas de diferentes lugares e origens: moradores da região, estudantes universitários da classe média da Zona Sul, hipsters que vendem brownie de maconha, trabalhadores no final do expediente, argentinos que vendem empanadas, turistas de diversos lugares... "Já não é uma festa dos moradores. Temos nossos próprios eventos, mas isso aqui... Isso aqui vem de fora, é uma coisa mais internacional", diz Rosiete Marinho, presidente da Liga de Blocos da Zona Portuária, que todos os anos inaugura o carnaval carioca. "Mas eu gosto, sou a favor. Ajuda a manter o lugar e o samba vivos". Em pé em cima da pedra, a professora Nana, nascida em Niterói e moradora de São Cristóvão, confessa sua paixão pelas rodas da Pedra do Sal, aonde costuma ir sempre e sozinha.

Pesquisa: Fernando Mauro Ribeiro

 
 
 

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