A Polícia Federal intimou ontem Jair Bolsonaro a prestar depoimento na próxima quinta-feira em Brasília, sobre um suposto plano de golpe de Estado. De acordo com investigações o ex-presidente teria recebido, analisado e alterado uma minuta de decreto golpista em dezembro de 2022.
Em relatório entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF) a PF afirmou que informações reunidas no inquérito “comprovam” a participação de Bolsonaro nas tratativas da elaboração de um documento golpista para reverter o resultado das eleições de 2022. Conforme divulgou o blog da colunista do Globo Bela Megale, a PF intimou dez investigadores além de Bolsonaro para prestarem depoimento, quinta-feira, em Brasília, às 14h30m. Eles serão ouvidos simultaneamente.
A maioria deles participou da reunião promovida por Bolsonaro em 5 de julho de 2022. O ex-presidente, segundo a PF, “nitidamente revela o arranjo de dinâmica golpista no âmbito da alta cúpula do governo” A decisão de Moraes que autorizou a operação, cita diversas mensagens trocadas entre os investigados, incluindo o tenente-coronel Mauro Cid, ex ajudante de ordem de Bolsonaro, e o general da reserva Walter Braga Neto, ex-ministro, candidato à vice na chapa de Bolsonaro à reeleição.
Em uma delas, em 9 de dezembro de 2022, Cid envia um áudio ao general Freire Gomes que comandava o Exército: “O presidente tem recebido várias pressões para tomar uma medida mais, mais pesada, onde ele vai obviamente, utilizando as forças, né”? Em seguida, o ex ajudante de ordem continua: Então a pressão que ele tem recebido é muito grande. É hoje o que ele fez hoje de manhã? Ele enxugou o decreto, né? Aqueles considerandos que o senhor viu e enxergou o decreto, fez um documento muito mais resumido, né?
DEFESA NÃO CONSEGUE ADIAR DEPOIMENTO
A defesa de Bolsonaro pediu acesso ao conteúdo completo da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. A solicitação foi protocolada ontem, no STF. Os advogados pediram adiamento do depoimento e afirmaram ao STF que o ex-presidente não falará sem ter acesso ao conteúdo de celulares apreendidos de outros investigados. No entanto, o ministro Alexandre de Moraes manteve a data. Ele afirmou que já havia concedido à defesa acesso aos autos da investigação, com exceção das diligências em andamento e da delação de Mauro Cid. Em sua decisão, Moraes afirmou que não compete a Bolsonaro “escolher a data e horário de seu interrogatório”.
Comentarii