22 – DIA NACIONAL DA MÚSICA

Na Tijuca, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, o menino Erasmo Esteves cresceu cercado por elementos que tornariam sua identidade musical singular. Já adolescente, fez destacar sua personalidade no meio de um bando de um fã de rock’n roll e bossa nova que se reunia no hoje famoso Bar Divino, na Rua do Matoso. Tim Maia e Jorge Ben, ambos maníacos por música, faziam parte da turma. Logo depois conheceu o capixaba aspirante a cantor Roberto Carlos, quando concerto de Bill Haley no ginásio do Maracanãzinho.

Aquela visão do herói do rock americano em solo brasileiro abriu a mente de Erasmo: de volta ao bairro, formou o Snakes com os dissidentes do outro grupo local, os Sputiniks – que encerraram as atividades após lendária briga entre dois de seus integrantes, Roberto Carlos e Tim Maia. O grupo de Erasmo estrelou algumas aventuras no underground do mercado musical, até ser contratado pela gravadora pernambucana Mocambo como “concorrentes dos Goldem Boys.

Na Mocambo, os Snakes gravaram um bolachão de 78 RPM e também um compácto duplo em 1960, antes de chegarem, por fim, a um único LP, “Só Twist”, pela CBS em 1961. Como nem nesta oportunidade o grupo alcançou o sucesso, seu final foi decretado. Sem seu conjunto e sem a perspectiva de gravação como artista solo, Erasmo foi procurar trabalho como assistente do produtor e apresentador Carlos Imperial – por intermédio de quem viria a tornar-se croner do grupo Renato & Seus Blue Caps, em 1962. Com Erasmo dividindo os vocais com o baixista Paulo César, Renato & Seus Blue Caps gravaram seu primeiro LP para a gravadora Copacabana.

Curiosamente, não muito depois, os Blue Caps acompanharariam o próprio Roberto Carlos na gravação de “Splish Splash”, numa visão para o português feita por Erasmo. O sucesso do disco garantiu, não só a contratação de Renato & Seus Blue Caps pela CBS, como também o surgimento da lendária parceria entre Roberto e Erasmo Carlos.

Ao mesmo tempo, Erasmo – já com o nome artístico Erasmo Carlos – tornou-se versionista para diversos artistas. Isso, somado ao sucesso de suas parcerias com Roberto, o levou no final de 1964 até a gravadora RGE (mais direcionada à MPB e ao samba), para ser o nome do selo no já disputado mercado do iê-iê-iê. O pop rock brasileiro, que começara com o rock’n roll dos anos 50 e havia passado pelo twist do início dos anos 60, chegava ao Iê-iê-iê naquele 1964 como um reflexo comportamental local à brasileira.

A Jovem Guarda agrupou as influências do grupo pop britânico e ganhou popularidade definitiva a partir de setembro de 1965, quando a TV Record estreou o programa Jovem Guarda.