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22 - CAMINHANDO POR IPANEMA

  • Fernando Mauro Ribeiro
  • 22 de nov. de 2021
  • 6 min de leitura

Hoje, eu caminhava de mãos dadas com o meu amor pelas ruas de um passado, por onde andei há mais de três décadas. A Visconde de Pirajá é talvez, como o meu amor: a mais antiga e a mais extensa rua de Ipanema. Meu amor é mais ou menos assim, uma via extensa e que resiste às intempéries do tempo.

Era o fim da década de setenta, Paulo Diniz fazia enorme sucesso com “Quero voltar pra Bahia”. Mas outra canção me chamava a atenção: “Ponha um arco-íris na sua moringa, fique lelé da cuca num dia de sol (gírias da época) praia de Ipanema, Simonal sorrindo, vai na Montenegro toma um chopp e sai...” O que seria essa ‘Montenegro’? Pensava, com meus vinte e poucos anos. Uma chopperia, um bar, uma rua? “...É rápido, é lícito e inserido no contexto, que eu não tenha nome muito natural, caminho procurando pela moça Gal...” Um dia descubro, um dia vou até lá! Quem sabe eu encontro com a moça Gal!

Não demorou muito, já na década de 80, de férias no Rio, circulava pela Zona Sul carioca e descubro que: Montenegro era uma rua onde havia uma concentração de bares. Mas que Montenegro é também um bar rústico onde Tom Jobim e Vinícius de Moraes escreveram a famosa canção. Não resisti. Fiquei lelé da cuca numa manhã de sol, entrei no Bar Montenegro e tomei um chopp. Pronto. Era a consumação de um fato, era mais uma página da história.

Na verdade, Tom e Vinícius passavam as tardes naquele que eles batizaram de “nosso ponto e observação”, o então Bar Veloso, no cruzamento da Rua Montenegro com a Prudente de Morais, em Ipanema. Era começo dos anos 190, até que um dia repararam no balanço de uma menina que vinha e passava em direção ao mar. Era Heloísa Eneida Menezes Paes Pinto, a Helô, que morava no número 22 da rua Montenegro, próximo ao bar. Nascia ali a canção.

O lugar acabou mudando de nome e hoje se chama Bar e Restaurante Garota de Ipanema e a Rua Montenegro agora é Rua Vinícius de Moraes. Localizado num dos bairros mais charmosos do Rio de Janeiro, o restaurante tornou-se um dos pontos turísticos no Brasil e mais conhecido no mundo inteiro.

Fato é que sendo um mineirinho quieto, lá das Gerais, não sou um frequentador da Zona Sul carioca, mas sempre deixei evidente que amo o Rio, que Copacabana é um charme só e, que Ipanema é um dos bairros mais famosos do mundo. E não é para menos: foi justamente na praia deste bairro que Tom e Vinícius se inspiraram para compor uma das canções brasileiras mais conhecidas no exterior. Entretanto, Ipanema é mais do que inspiração musical. Por ali, durante muito tempo, trafegava uma menina de quem estava enamorado. Depois tornei-me seu namorado, passei a apaixonado e, quando me vi, já não era nenhuma dessas coisas.

Ou continuaria sim, como o eterno apaixonado que se vê calado e, que pelas circunstâncias, fora silenciado? Sei não! O que sei é que hoje, caminhei pelas Ruas de um passado. É, eu passara ali, algumas vezes na esperança de me encontrar com ela, de quem sabe falar do amor que em meu peito ainda ardia. De perguntar por que minhas cartas não mais respondia; se eu deixara de ser a razão de sua alegria, se a maternidade ainda lhe sorria, se eu ainda seria o pai do filho que ela sonhara um dia. Tanta coisa eu tinha guardada para dizer, quantas interrogações não efetuadas, por isso ficaram sem respostas. Não consigo entender essas coisas do coração. Seria essa menina o meu sim e o meu não? Parece que era uma estrada proibida onde se via sempre uma placa de contramão.

O passado entendeu que ele tem sua importância, mas que, quando o presente se faz presente, a chance de mudar o rumo da história existe e que, ele não deve inquietar-se. Assim, estava eu com meu amor a caminhar pela orla, depois uma livraria na Rua Joana Angélica, uma visita à Igreja de Nossa Senhora da Paz e à Estação do Metrô. Surpreso fiquei depois de descer a escada rolante, fui contemplar o belo cenário. Eu já havia lido que “pouco antes da inauguração da Estação Nossa Senhora da Paz, a 30 de julho de 2016, nos 95 anos da Paróquia que deu nome à Praça, Monsenhor Manuel Vieira entrou em contato com a secretaria de transporte, e demonstrando que a história do Bairro e da Paróquia se entrelaçam numa mesma História, apresentou a concepção de artísticos murais projetados pelo designer Luiz Romero e pelo arquiteto Prof. José Luiz Neves, e que, prontamente aprovado, foram executados pelo metrô. Desde então, eles se encontram na entrada da Estação, em frente à Igreja.

Minha amada disse, tomando minha mão: quero que venhas comigo e, lá estávamos diante daquele enorme painel. Num deles, a reprodução da Imagem da Padroeira de Ipanema, com a palavra Paz, em diversas línguas; no outro um painel de 185 m² de área, em que imagens narram fatos desde a chegada da imagem da virgem, passando por fatos com o Zepellim sobrevoando a Igreja, na década de 1930, e a Banda de Ipanema tocando “Carinhoso” recordando a morte de Pixinguinha na Igreja Matriz”.

Antes mesmo de estar diante do belíssimo painel eu disse à Maísa que a partitura da música e o instrumento do músico estavam inseridos ali, já que impressos estão no coração do povo.

Na Livraria adquiri alguns livros: “Redentor”, de Rodrigo Alvarez. O autor traz a biografia do Cristo de braços abertos, ilustre morador do Corcovado, orgulho do Brasil, maravilha do mundo. Livro que eu já havia manifestado no Portal Novo Tempo, o desejo de possuí-lo.

Outro livro que adquiri também, já há algum tempo, despertara em mim o desejo de conhecer mais desse Carlo Acutis. O descobri na internet e quero saber mais sobre ele, por isso comprei “Não eu, mas Deus”. Sua biografia sob o olhar de Ricardo Figueiredo. É o santo da juventude, o santo da internet, a galera jovem sabe de quem estou falando. A principal característica de Carlo é a intimidade com Jesus. Para ele, a oração nunca era um momento de “abstração”, mas um encontro concreto com Deus. Afirmava: “Gosto de falar com Jesus de tudo que vivo e sinto”.

“Nove dias em oração com Guido Schafeer” é um livro pequeno, mas parece bastante interessante. Os restos mortais desse jovem, que está em processo de santificação, repousam no interior da Igreja N. S. da Paz em Ipanema. “Tudo na minha vida eu busquei fazer pela oração, quer dizer, buscando em Deus a resposta”. Os textos da novena que constam nesse livro, foram organizados por Dom Justino de Almeida Bueno.

“Vida de São Sebastião: Orações, ladainha e novena” é de autoria de Adauto Felisário Munhoz. Um primor para toco cristão católico que deseja conhecer mais sobre a vida dos santos. Principalmente para quem São Sebastião como seu padroeiro e é devoto dele como no meu caso. Já o li completamente, recomendo e empresto para quem desejar também ler.

O livrinho da Novena do Natal, foi um presente que recebi de Maísa. Em 2020, montei o presépio e nos reunimos na casa de minha mãe, em Cachoeira na esperança de que ela retornaria, para passar conosco o Natal. Não foi o que aconteceu. Entubada por longos dias, vítima da Covid-19, ela se foi para os braços do Pai das Misericórdias e estou certo de que está a celebrar com os anjos. Quero rezar a Novena também esse ano.

“Na Igreja e na sociedade, estamos no mesmo caminho, lado a lado”. Assim é que consigo conceber a Igreja comunidade de fé. Gosto de visitar igrejas, tenho um profundo respeito pelo templo onde se costuma ouvir a voz do silêncio. Amo estar diante do Santíssimo Sacramento, me aspergir com a água benta, fazer minhas preces, admirar a beleza dos altares e seus santos, a arquitetura de cada uma delas, quando possível participar da Santa Missa e fazer alguns registros através de imagens e fotografias.

Algumas fotos, talvez eu as publique, mas, como são muitas, meus prezados leitores não as terá todas. Quero ainda deixar-lhes algumas curiosidades sobre a Igreja de Nossa Senhora da Paz. Veja:

O grande compositor Tom Jobim, autor entre outras, de Garota de Ipanema, embora tenha nascido na Tijuca, foi batizado na Paróquia N. S. da Paz.

Maria Clara Machado e o Vice-Presidente da República Hamilton Mourão, fizeram sua Primeira Comunhão na Paróquia.

Juscelino Kubitscheck, o Presidente que transferiu a Capital Federal para Brasília, celebrou seu matrimônio com Dona Sarah na Paróquia.

Pixinguinha faleceu num domingo de Carnaval dentro da Igreja Nossa Senhora da Paz, participando de um batizado onde era padrinho. Desde então, a Banda de Ipanema, fundada por paroquianos, recordando o fato, desfila ao lado da Igreja tocando “Carinhoso”, sua mais famosa composição.

A história da conhecida casa de shows Canecão está ligado à Ipanema. O franciscano Frei Leovegildo, na época administrador na Casa Nossa Senhora da Paz, participou da sociedade quando da abertura deste famoso empreendimento que revelou inúmeros astros da música brasileira.

Fernando Mauro Ribeiro

 
 
 

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