21 - UM ROLEZINHO PELOS ARREDORES, CERVEJA, SAMBA E FOLIA
Fernando Mauro Ribeiro
21 de fev. de 2023
4 min de leitura
É terça-feira de Carnaval e esse folião já dá sinais de cansaço. Depois de um passeiozinho num fim de tarde, pelos arredores do Rio II, não atrás da sombra de sorrisos e gestos fraternos, não. Esses sorriso e gestos, levo-os comigo e vou partilhando com aqueles que passarem por mim. Em algum momento, cruzo com alguém mais sisudo, que parece desejar me dizer algo do tipo que disse aquele celebrado poeta Nelson Cavaquinho: “Tire seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor...” E se assim é o desejo de quem quer que seja, levo em consideração a estrutura dos clássicos versos que fazem parte talvez, dos hábitos de vida dos compositores – Guilherme de Brito e o mais que celebrado Nelson Cavaquinho – Se assim não for, pelo menos, é o que desejavam passar e passaram com maestria com o samba: “A flor e o espinho”.
A Flor e o Espinho: “Tire o seu sorriso do caminho, que eu quero passar com a minha dor / Hoje pra você eu sou espinho, espinho não machuca a flor / Eu só errei quando juntei minha alma à sua / O sol não pode viver perto da lua.
É no espelho que eu vejo a minha mágoa / A minha dor e os meus olhos rasos d’água /Em sua vida já fui uma flor / Hoje sou espinho em seu amor.
Mas, como disse o também saudoso Belchior: “Deixando a profundidade de lado, eu quero é ficar colado à pele dela noite e dia...” Retomo pois, ao que dizia antes quando falava dessa tardezinha ao lado da namorada. Voltamos para casa. Me encontro agora, sentado na sacada, à página 101 de “Arroz de Palma”, livro de Francisco Azevedo, uma latinha de cerveja, uma leve brisa, com perspectivas de chuva diriam os mais entendidos. Eu, porém, menos sábio, posso afirmar que mais que possibilidades, é uma quase evidência, já que os sinais são perceptíveis, quando ao longe, observo relâmpagos riscarem os céus, lá para as bandas da Gávea.
O título do livro em questão, a princípio, não me pareceu sugestivo, mas basta uma espiadinha em sua orelha para me convencer de que suas 364 páginas prometem fortes emoções: percepções, mudanças sociais e culturais de uma família de um Brasil, de muitos Brasis.
E por falar em Brasil, tendo nas mãos a tulipa com a cerveja que ‘tento’ beber com moderação, me vem ao pensamento o que diz o músico Frank Zappa, sobre o tema: “Para que um país seja considerado um país, ele deve ter uma força aérea, um time de futebol e uma cerveja. Pode até não ter uma força aérea e nem um time de futebol, mas tem que ter uma cerveja”.
Há uma frase de Vinícius que gosto muito:
“Nunca fiz um amigo com um copo de leite”. Há quem diga que é correta quando dita assim:
“Nunca vi boa amizade nascer em leiteria”. Mas quando crio também minhas frases sobre o ‘suco de cevada’, vejo que se cometo erros, não estou só. Ao contrário, estou sempre em boa companhia. Veja o que disseram eles:
“Um pouco de cerveja é um prato para um rei” – Willian Shakespeare
“Salve o planeta. Afinal, ele é o único que tem cerveja” - Charlie Harper
“Um brinde a cerveja: a solução e a causa de todos os nossos problemas” - Homer Simpson
“Se quiser pode partir o meu coração. Só não derruba a minha cerveja” – Soulstripper
“A cerveja é a prova viva de que Deus nos ama e nos quer ver felizes” – Benjamim Franklin
“Eu não posso oferecer nada mais do que sangue, labuta, suor e cerveja” – Winston Churchill
“A cerveja, se bebida com moderação, torna a pessoa mais dócil, alegra o espírito e promove a saúde” – Thomas Jefferson
“Eu daria toda a minha fama por segurança e uma cerveja inglesa” – Willian Shakespeare
“Existe uma coisa que me afeta profundamente. Os homens que não acreditam nos seus líderes nem na cerveja” – Walt Whitman
“Eu sou muito crente nas pessoas. Se houver verdade podemos superar todas as crises nacionais. O principal são os fatos reais e a cerveja” – Abraham Lincoln
“A cerveja é a única realidade virtual que eu preciso” Leroy Lockhorn
Quando o assunto é cerveja, seja em qualquer lugar do mundo, sempre tem alguém para opinar. Tem até gente famosa da história dando pitaco, viram só! Mas, não posso perder o foco, nem esquecer meu copo de cerveja. Continuo aqui, na sacada, hoje sou um folião à distância – nem tanto – estou curtindo o som envolvente da bateria no repique dos tamborins e o surdo de marcação que ditam o ritmo, numa bela exibição do Bloco Carnavalesco “Rio 2 Amores”, que novamente se apresenta no shopping Rio II, nesta terça de carnaval, depois de desfilar pelo condomínio.
Agora, interpretam “Quizomba – A Festa da Raça”, samba enredo de Martinho da Vila que deu à Escola de Vila Isabel seu primeiro título do Carnaval Carioca num desfile empolgante, em 1988. Os relâmpagos se intensificam, mas a bateria não para. Se não me segurar, daqui a pouco, ignoro as dores e em poucos minutos estarei lá, na folia.
Em outros tempos, se cantava assim: “São três dias de folia e brincadeira, você pra lá e eu pra cá, até quarta-feira”. É quando então se guarda a fantasia, se recolhe os instrumentos e põe fim à folia. Hoje, não. A folia vai além, adentra o período da Quaresma e não se sabe quando termina. Mas, para mim, a folia se encerra aqui!
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