21 – POÉTICAS ESPECULAÇÕES SOBRE DEUS
- Fernando Mauro Ribeiro
- 21 de jun. de 2023
- 4 min de leitura
Vez em quando me cai às mãos, textos de pessoas que negam a ausência de Deus. Tenho amigos que se dizem ateus, - eles não são muitos – nos respeitamos, são cidadãos íntegros, cumpridores de seus deveres e de bom coração. Sabe que os admiro também pela sua sinceridade. Há tantos que se dizem católicos, evangélicos, ortodoxos, judeus, espíritas, cristãos ou não cristãos, mas não vivem a verdadeira fé.
Esses textos, em nada contribuem para diminuir a minha fé. Talvez, até ajude alguém, um suposto ateu a subsidiar sua (des) confiança de que Deus não existe. Nessa escalada da vida, essa estranha lida, penso que tais pessoas devem ir apagando as pegadas de Deus no mundo para autenticar a sua ausência, embora haja rastros da Divindade em todo o Universo.
Pois bem, li, em 2008, um texto bastante interessante, publicado num jornal cataguasense, assinado por Zeca Junqueira em que ele faz referência a um grupo de cientistas que têm seu bunker nos EUA de onde pregam o ateísmo como forma de propaganda de dominação político-religiosa.
O movimento pró-ateísmo, que ganha terreno no mundo, tenta se justificar e se impor como antídoto contra o fanatismo religioso, como se fosse a crença em Deus, e não a distorção religiosa, a responsável por guerras e atos sangrentos de terrorismo que vêm marcando tristemente a nossa história.
Mas é fácil demonstrar a retórica desses cientistas: o termo “religião” não traz em si tormento, combatividade, nem agressividade, muito pelo contrário, significa “religar o homem ao mundo”, que é porção visível de Deus, Constituindo, portanto, essencialidade.
Fazer o homem acreditar em sua orfandade cósmica é enfraquece-lo para dominá-lo pela perda da esperança e da fé no sentido transcendental da vida. O poder terreno é assim mesmo, insano, infértil e inconsequente – é tanático. (Relacionado à morte – capacidade do homem de destruição).
Ciente das maravilhas, melhor seria que os descrentes de plantão, seguissem atento na sua caminhada, uma vez que esse grupo de cientista vai embaralhar causas e efeitos para confundir os incautos leitores. Do tipo: porção amorosa, por mais apaixonada que seja, é produto de liberações e associações de substâncias químicas no organismo. No caso, elas seriam determinantes desse amor. Ora, não seria essa ebulição química determinada pela impressão primeira do olhar, da atração dos contrários inscritas na lei do Universo, do encaixe do Yin e do Yang? Dada a identificação, viria a forte re (ação) da carne, temperando a alma. O corpo como instrumento magnífico do espírito! Isso não é filosofia, são apenas especulações poéticas, mas acredito que valem, disse, Zeca Junqueira.
Um outro resultado arrisca surpreender os declarados ateus: confundido pela insuficiência dialética na sua paradoxal tentativa de construir o nada, eles podem acabar afirmando Deus, ao invés de negá-lo.
Por Fernando M. Ribeiro baseado em artigo de Zeca Junqueira
Há muita prática religiosa no oriente através da qual se busca o Criador pelo excesso e pelo pecado, denominada “Via Negativa”. A extinção do mal pela sua prática sistemática. A parábola do filho pródigo. Em alguma parte da sua caminhada através da equivocada literatura ateísta, o ateu pode acabar dando de cara com a face de Deus estampada na nuca do diabo. Que susto levará! O mal é a forja do bem e o diabo é o grande enganado, é o coringa do baralho de Deus.
Acredito que o cerne da crise que hoje vivemos é de fundo filosófico-religioso e não meramente sócio econômico, uma vez que tudo que é singelo está sendo banalizado, a vida banalizada, a morte banalizada, o amor incondicional banalizado, quando a base psíquica de equilíbrio do homem é justamente o amor. Por mais paradoxal que pareça em meio a tanto sangue derramado ao longo da história da humanidade, a nossa vocação fundamental é para a fraternidade e a felicidade, para os valores sentimentais e não materiais. Somos cósmicos e Kosmos significa beleza. “Criaste-nos para vós e o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em Vós”, disse Santo Agostinho.
É tolo quem empreende trabalho de Sísifo para provar a inexistência de Deus, o que, se fosse possível, redundaria na inexistência de si mesmo. Deus é a verdade, e só existimos por um ato de verdade. O sangue nos corre nas veias, a carne se mantém coesa, tudo por determinação da verdade. O mundo é a objetivação do amor e da verdade. Daí os males da mentira e do ódio, fontes de negação da vida e do desequilíbrio humano.
Há uma belíssima citação, mas ao mesmo tempo assustadora quando entendida a priori (para absorve-la é preciso subjugar a nossa egolatria), que salvo engano, nos soa também lá do Oriente. Deus diz: Quem me procura, acha. / Quem me acha, conhece. / Quem me conhece, ama / Quem me ama, é amado por mim. / Quem é amado por mim, é destruído. /
OBSERVAÇÕES: O poderoso jogo continua, Caro ateu, mas não se preocupe, Deus não joga dados com o mundo.
Albert Einstein acreditava em um Ser superior. Após Darwkins, dê uma lida também no que há sobre o genial cientista (ou poeta?) e suas impressões sobre a fé.
Quando eu, ainda moleque, lá no passado, saía de casa rumo ao Colégio, minha vó me desejava com todo carinho que tinha por mim: “Vá com Deus, meu filho”! Eu lhe respondia em tom de brincadeira: “E por acaso dá pra ir sem ele”?
Que o Criador ilumine o caminho de todos os ateus na sua empreitada para negá-Lo.
Fernando M. Ribeiro. Baseado em artigo de Zeca Junqueira – Jornal de Cataguases
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