Mãe, eu nunca me senti amado por você. Parece que você gostava mais dos outros filhos, porque eram mais bonitos, inteligentes ou obedientes. Quando eu cai na bebida, você não me estendeu a mão. Quando eu fui embora, você não me procurou. E assim por mais de uma hora ele falou e falou ... Dona Luiza escutava e chorava.
Então ele passou suas mãos enrugadas na cabeça e no rosto do filho e disse: “Filho, eu peço perdão se eu deixei marcas ruins na sua vida. Mas eu sempre te amei. Trabalhei duramente, quando seu pai nos deixou, para que você e seus irmãos tivessem o que comer. Olhava com carinho para cada um. Às vezes, eu lhe dava uns conselhos que não eram ouvidos. Quando você foi embora, respeitei sua decisão, mas chorei de saudade. E cada dia eu rezava para você. Só guardei lembrança boa. Os seus erros eu esqueci. Isso é o que importa”.
O filho disse, então: Mãe, agora eu vejo que acumulei lembranças ruis e ignorei as boas. Vamos reconstruir nossas vidas a partir de agora”. De fato, cada pessoa tem na vida lembranças de situações boas e ruins, depende muito de como guardamos no coração.
NOS PASSOS DE MARIA DE NAZARÉ
Aprendemos com ela o jeito certo. Lucas nos conta que ela meditava no coração as experiências bonitas, como a do nascimento de Jesus e a vida dos pastores (Lc. 2,19-21). Ela refletia sobre o que não entendia, procurando descobrir seu significado, como na perda de Jesus em Jerusalém, quando o encontrou no templo (Lc 2. 50-51).
Várias vezes na vida ela teve o coração transpassado pela espada da dor, como Simeão profetizou (Lc. 2,350. Esteve no momento mais difícil de sua vida, com outras mulheres e o discípulo amado, diante da cruz de Jesus (Jo 19.250). Acompanhou o início da comunidade cristã em Pentecostes (Atos 1,14). E essa lembrança deve ter ficado como uma tatuagem em seu coração.
Nos acontecimentos alegres como na visita a Isabel ela louvava a Deus (Lc. 1. 46 - 47) e recordava que o Senhor é fiel. Também enfrentava as experiências desafiadoras e aprendia com elas. Que Maria nos ensine a jogar fora a mágoa e a guardar no coração o que nos faz crescer como discípulos e discípulas e missionários e missionárias de Jesus. Amém.
Irmão Afonso Murad – Marista, teólogo e professor.
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