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21 - CACHOEIRA, EU TE AMO. E CHORO POR TUDO QUE A GENTE NÃO REALIZOU

  • Fernando Mauro Ribeiro
  • 21 de jul. de 2023
  • 4 min de leitura

Tem hora que dá uma tristeza tão grande, que eu não sei o que fazer e nem pra onde ir. Há tanta coisa que eu queria dizer, mas não tem ninguém pra ouvir... e eu choro. Choro por tudo que a gente não teve, por tudo que a gente não realizou, choro porque eu sei que ainda te amo e que você me amou! Esse é um trecho de uma canção de Fábio Júnior, com a qual, vez ou outra me identifico. Só, que, ao invés de chorar ou só chorar, também escrevo, desabafo para driblar a saudade, para fugir da fúria daqueles que insistem em dizer que “Cachoeira não tem jeito”, para fazer-me surdo às vozes que me condenam por me dar tanto assim, aqueles que insistem que eu deveria pedir algo em troca, para manter-me em silencio quando dizem palavras que ferem e me julgam por coisas que não fiz... Entendo um antigo provérbio que diz: “Quem não vive para servir, não serve para viver”. Cachoeira, enquanto vivo, estou mesmo a me arrastar aos seus pés, a rasgar meu coração, a lhe devotar o meu amor, a lhe entregar minha paixão, a levar-te comigo onde quer que eu vá!

“Eu vim para servir”! Esta foi a resposta que sempre dei, quando chamado a desempenhar alguma função, algum trabalho pastoral ou outro tipo de serviço para a minha Paróquia. Assim, ainda muito jovem ingressei na Congregação Mariana, fundei o Grupo de Jovens JUPTER, - fui secretário e presidente de ambos - fui membro do Coral da Igreja-matriz e participei como voluntário em uma avalanche de projetos e trabalhos que foram realizados (obras materiais) ao longo desses anos – posso assim dizer, já que sou um sexagenário – Apenas para citar alguns, participei e contribui com as últimas reformas pelas quais a igreja passou, da mesma forma, colaborei com a construção da nova Igreja-matriz. Tiramos do papel, um projeto, para tornar um antigo sonho em realidade: a construção do nosso Clube Social O JUPTER CLUBE ou o Salão Paroquial, como preferirem. Construímos o Museu de Arte Sacra, Salas de pastorais, o Necrotério (Capela de Velório Bom Pastor. Atuei como presidente do CDC o Conselho de Desenvolvimento Comunitário, quando realizamos obras importantíssimas na Comunidade. Quando o antigo cemitério já não comportava mais sepultamentos em covas rasas, assim como não atendia a demanda de pedidos para a construção de novos túmulos; construímos também um novo Cemitério, a construção da Ermida de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro...

Fiquemos por aqui. Não digo isso para me vangloriar, para destacar os meus feitos, mesmo porque, aqueles que se envolvem com as coisas da Paróquia de Cachoeira Alegre são testemunhas do que ora digo. E estou convicto de que fiz pouco, ou que poderia ter realizado mais. Na verdade, nós nos envelhecemos, tornamo-nos menos disponíveis, o entusiasmo já não é o mesmo da juventude, o cansaço é maior, as decepções muitas vezes desencorajam e, não posso negar que as tive, que as enfrentei com a fé que me vem da oração, com a coragem de quem acredita estar no caminho certo e com a determinação de quem se propõe trabalhar para o bem comum.

Se admito que passei por decepções, não posso negar que tive em dobro muitas alegrias com as realizações. Mas inegável também, é que, diante de frustrações o ser humano vai se tolhendo, se retraindo, se afastando, se furtando a participar da vida de sua comunidade. É então que se dá uma espécie de letargia, um comodismo, um “deixa estar como está para ver como é que fica”! E, para surpresa nossa, se dá conta de que o tempo passou, que roubaram-nos nossa capacidade de sonhar, sequestraram nossa alegria, muitos sonhos nos foram levados... e dói perceber que a Comunidade está estagnada, que as coisas poderiam ser diferentes e, que isso já não depende mais da gente.

Não pense você, caro leitor que me coloco na condição de vítima, nem que estou alheio aos trabalhos realizados nos últimos anos pela Paróquia. Eles são reais, porém, muito aquém daquilo que somos capazes de empreender, como já o fizemos em outros tempos, quando nem tínhamos um padre residente, quando éramos atendidos pelos padres da Congregação dos MSC, que rezavam missa apenas duas vezes ao mês, mas, que delegavam poderes aos leigos, administravam de forma tal que é incontestável o progresso feito ao longo dos 21 anos em que a paróquia foi administrada pelos Padres (em sua maioria holandeses) Missionários Do Sagrado Coração.

Sempre me coloquei à disposição e nessa condição permaneço. Guardadas as devidas limitações, as observações que fiz, as considerações que relatei, reitero que meu desejo sempre foi trabalhar para o crescimento do Reino de Deus, e quando isso pode ser somado a um trabalho social, creio que os benefícios e a realização são ainda maiores.

Se alguém disser que estive ausente de minha Cachoeira Alegre por algum tempo, não creia. Se eu próprio disser, ainda que na condição de um desabafo, duvide. Porque na verdade, eu nunca me ausentei, eu respiro Cachoeira Alegre. Amo a minha terra, dela tenho muito orgulho e não desejo nunca me distanciar dela, ainda que me firam, ainda que me recriminem, que me critiquem, julguem e condenem por amá-la dessa forma. Não consigo ser diferente, fazer diferente... “Cachoeira, como me alegra, só em saber que tu existes. Tu és pra mim a alegria de um sorriso... Quando nasci, como uma mãe, tu me acolheu, pra ser mais um, dos muitos uns dos filhos seus... (trecho de uma canção que fiz em parceria com o cantor também cachoeirense, José Olavo).

Fernando M. Ribeiro

 
 
 

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