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18 - QUANDO O HOMEM CAMINHA REVESTIDO DE FÉ, O MAL NÃO O ATINGE

  • Fernando Mauro Ribeiro
  • 18 de dez. de 2022
  • 3 min de leitura

PRAIA DA RESERVA – BARRA DA TIJUCA – RJ. 18-12-2022

Sozinho, pela praia, apenas com o azul do mar, a contemplar o templo de Deus, estou a caminhar, não sei se o sol virá, mas não espero ele chegar; sigo. Praia quieta, silenciosa, nesse domingo de primavera que se despede para dar lugar ao verão.

Maiza está na areia, conversando com Deus. Eu, iniciei minha conversa com Ele, mais cedo, na santa missa, agora, apenas retomo, observando o entorno. É outro o santuário, é outro o chão que piso. Areia molhada, deixo nela minhas pegadas. Não sou o primeiro a passar por aqui, outros deixaram já sua marca, outras tantas a água apagou.

Ao longe, percebo que os garis vêm executando seu trabalho de cuidar da orla, recolher o lixo que o bicho homem produz e não aprendeu a descartar. Não é sexto de lixo o mar, não é caçamba onde se deixa resíduos, nem terra de ninguém para se jogar o que quiser para a água levar.

“Quando o homem caminha revestido de fé, o mal não o atinge”. Mas o que seria o bem e o que seria o mal? Penso que a fome é um mal a ser extirpado. E há tantos frutos! As flores são um bem, elas enfeitam os jardins! E há tantas flores! Frutos e flores vêm sendo recolhidos pelos profissionais da Comlurbe. Tropeço em maçãs, abacaxis, bananas, laranjas, melão... flores das mais variadas espécies vão e vem com o farfalhar das ondas, barquinhos e sextas onde são acondicionadas as oferendas.

São oferendas à Iemanjá, a rainha do Mar. Dizem que a tal divindade é um poço de vaidades. Nada sei desse universo que abriga as religiões de matrizes africanas. Mas parece que é realmente. Pelo menos, os presentes a ela destinados são: perfumes, cremes, águas de cheiro, sabonetes, pós para a pelo e, shampoos, pentes, espelhos... Ah, seu gosto para os drinques também o são refinados! Champagnes de boa safra, lá estavam, nu

A espiar o ir e vir das ondas, fiquei a imaginar. Essa entidade é mal agradecida, ou anda sem tempo; já que não recolhe os seus presentes, seus agrados. Suas oferendas ficam à deriva, ao sabor das ondas. Os garis se aproximam e recolhem tudo.

Não é minha intenção zombar daqueles que creem e prestam cultos a essas entidades. Mesmo porque, sempre soube que o respeito é uma ponte que se constrói sobre o abismo das diferenças. Apenas, tenho dificuldades de entender... O Pular ondas, e fazer seus pedidos na noite de 31 de dezembro, ofertar flores a Iemanjá, receber passes e outros rituais podem até ser bonitos em sua plasticidade, mas vazios em sua eficácia.

“Uma sessão de yoga não poderá ensinar um coração a “sentir” a paternidade de Deus, nem curso de espiritualidade zen o tornará mais livre para amar. Somente o Espírito Santo move o seu coração para dizer ‘Pai’. Somente o Espírito Santo torna o coração dócil a Deus e a liberdade”. (Zenit.org – 09-01-2015)

Pela ciência e pela tecnologia o homem domina cada vez mais o mistério das coisas criadas, mas perdeu o domínio do seu próprio mistério. Não sabe mais quem ele é; perdeu a sua “identidade”. Não sabe mais o sentido esplêndido da sua vida e desconhece toda a riqueza do seu ser, feito à imagem do próprio Senhor que lhe deu a vida. É capaz de submeter a si a matéria, mas se torna escravo dela, por não ter o espírito livre.

Um pouco do que vi e que senti, nessa caminhada matinal na praia da reserva, na Barra da Tijuca, um percurso de pouca duração, mas o suficiente para, ao retornar ao ponto de partida, encontrar ainda a namorada imersa em suas orações, absorta, talvez, diante dos mistérios do mar, das obras do Criador, que a cada manhã desenha um novo quadro.

Deixamos o local, com um hino de gratidão ao Arquiteto do Universo: “Obrigado Senhor, porque és meu amigo, porque estás sempre a falar comigo, no perfume das flores, na harmonia das cores, no mar que murmura o seu nome, no verde das florestas, nas aves em festa, no brilhar do sol, no murmurar das ondas, na sombra que abriga, no doce sabor da brisa amiga, nas águas que correm ligeiras no seu canto abundante de gratidão: chuá, chuá...”

Fernando Mauro Ribeiro


 
 
 

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