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20 - DOIS ANOS SEM MEU PAI. ELE ME ENSINOU O TRABALHO E A FÉ

  • Fernando Mauro Ribeiro
  • 18 de dez. de 2022
  • 3 min de leitura

Atualizado: 20 de dez. de 2022

“Aprendi com meu pai, dentre tantas outras coisas, que é preciso lutar, aprender, ceder e alcançar”.

Comecei a trabalhar, era ainda bem pequeno, nas tarefas da casa e do quintal, na minha pequenina Cachoeira Alegre. Naquele tempo era permitido à criança trabalhar – auxiliar nas tarefas domésticas – não havia ainda o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – que proíbe aos pais impor tarefas aos filhos. Naquele tempo, podia, nunca senti que estava perdendo parte da infância. Pelo contrário, me sentia feliz por estar de alguma forma contribuindo com uma parcela do meu tempo para o bom andamento da casa. Caminhava, rumo à adolescência, e não me era negado o direito ao laser.

Era mesmo a necessidade. Havia uma norma, instaurada pelos meus pais, - a mãe era mais enfática nessa questão - de que todos nós, filhos, depois de termos concluído a 4ª série do primeiro grau, deveríamos, continuar os estudos. Escola pública não havia, e recursos para pagar seis alunos simultaneamente, no colégio, não era tarefa fácil. Encontrar um emprego para continuar a deliciosa tarefa de aprender e a pagar pelo aprendizado era a solução. Porém, a dedicação, a determinação, o desejo de que os filhos estudassem era tão grande que, eles nos garantiram, mês a mês, a mensalidade na escola em Barão do Monte Alto. um ônibus levava os alunos de Cachoeira Alegre e Silveira Carvalho até à sede do município.

Não era uma exigência absurda, mas a consciência de que os seus rendimentos não podiam suportar que os filhos pudessem estudar sem colaborar. Também, nós, os filhos, tínhamos essa consciência de que daríamos nossa contribuição. Já trabalhávamos em casa, cada um tinha sua função. Fui trabalhar com mais afinco, em nossa venda, sortida de todos os produtos. Hoje, um minimercado, mas, lá na minha cidade, naquele tempo, chamava-se “venda”, sem nome específico, apenas venda. A venda do seu Joaquim.

E eu me levantava cedo para pequenas tarefas na Padaria de meu pai, tomava a sexta e em direção à Escola, eu ia deixando aqui e acolá – nas outras vendas - o pão quentinho e outras quitandas que saíam do forno, cedinho. Tempos depois, trabalhei também vendendo verduras da horta cultivada pelo meu pai e da horta maior de minha vó que havia uma grande variedade de verduras. Também fui seu auxiliar nos serviços de pedreiro que meu pai fazia com competência. As casas da família - nossas casas - foi ele quem as construiu.

Era bom saber que eu precisava de uma disciplina, horários, e que o tempo precisava correr mais do que corria para que eu ainda tivesse tempo de estudar e, naquela tenra idade, brincar. Desde cedo fui independente e isso me ajudou a entender as coisas da vida, do serviço bem feito, honesto, que me traria a remuneração financeira, mas antes disso, o aprendizado.

Meu pai estava certo. Era preciso, na necessidade daquele tempo, preparar o nosso coração para o que o mundo nos reservaria depois. Deus, ao mesmo tempo, vai apurando os sentimentos, nos ajudando no enfrentamento das dificuldades e nos mostrando que nem tudo se consegue alcançar no momento que imaginamos.

É preciso lutar, aprender, ceder e alcançar. Meu pai entendia que era preciso viver em etapas, mesmo sem ser um estrategista, psicólogo ou estudioso da área. O seu coração, apurado com o tempo e em sintonia com o coração de Deus, sabia que a forma exata de nos purificar para a vida, era moldando o nosso jeito, a nossa conduta e a nossa maneira de encarar o futuro. Deus em sua sabedoria inspirou meu pai e nos inspira sempre. Simples assim.

Fernando Mauro Ribeiro

 
 
 

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