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18 – DIA DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO

  • Fernando Mauro Ribeiro
  • 18 de ago. de 2022
  • 3 min de leitura

Pode parecer folclórico falar de Patrimônio Histórico

nessa terra de gente sem eira e nem beira,

nessa nossa modesta Cachoeira,

Mas, vou levantar essa bandeira,

Vamos abrir as porteiras

Pra falar de Cachoeira.

Às traças não estamos entregues,

Somos uma Cachoeira. Uma Cachoeira Alegre.


Um povo sem eira nem beira?

Estás, sim de brincadeira!

Isso, você é quem pensa, ou fazes suposições?

Se soubesses um pouco que fosse,

de nosso glorioso e doce passado,

De nossos conterrâneos, Barões,

De nossos antepassados,

Da casa grande, de senzalas e casarões.


É menino, Cachoeira tem sim história,

E há ainda em mim, algo que guardo na memória:

Você não conheceu as casas de tantos senhores.

Lembra-te da casa de Lourdes, a professora?

Do jardim de flores e beija flores?


A beleza sutil da casa de seu Nhonhô,

A farmácia do senhor, que amenizava a dor,

Entra ano e sai ano

Não me esqueço da casa de sr. Domiciano


Há lições que sei de cor, decoro.

Lembro-me do palacete dos Teodoro

Não sigo nenhum esquema,

Papeis também sei que queima

A bela casa, gramado na frente

Da saudosa Dona Iracema.


A residência de Dona Adélia

De seu Anísio e Dona Amélia;

A mente desenha no tempo

E as palavras não sequestro

Varanda e três grandes janelas

Era a casa do maestro.


Do que estou a falar, se quiseres que anote,

Já não há mais registros, é apenas um “enfoque”

Na antiga Rua do Rosário, era a casa de seu Enoque


Escrita com “CH”

Da antiga Casa Parochial,

É que estou a falar.

Casa de muitas histórias que já não sei mais contar

Mas guardo comigo uma foto que posso, se queres, mostrar.


Se é então pra falar, da conversa eu não fujo,

Nem acho que haja mistério,

Sempre ouvi falar do império,

O Comércio dos Araújo.

A família ainda visita seus entes no Cemitério,

No santo Dia de Finados.

Quem fica sente saudade, quem parte, deixa um legado.

Lá rezam talvez um saltério,

Não sei bem desses critérios,

Será, que disse algum despautério?


Há também na minha mente o casarão do seu Faustino,

O coração do menino, guarda sem desatino,

Saudades desses “Delgado”, dos Gomes e dos Alvim,

O que é que há de errado, se eu sou mesmo assim?


E quando em direção à Escola,

Levando os livros na sacola,

Ao iniciar cada dia,

Se voltavam os olhares,

ao passar pela casa grande dos Soares Dias.


A Barbearia do sr. Amâncio

O Armazém dos Venâncio;

A casa antiga de Dona Tâna e seu Tenente,

Há essa, e tantas outras, gente!


O Bazar Alves e Rezende, na Padre Messias Passos

Para as crianças, era a “Venda Nova”,

Que modificava meu dia, no traço do meu compasso,

Espiando as novidades, me esquecia das provas

E nem escrevia ainda trovas.

Pra apanhar água na “biquinha”

Encontrava com a turminha,

Eram dois, três, às vezes um quarteto,

Soletrava a escrita na parede: “Mercadinho Gato Preto”.


Foram aos milhares os meus olhares

De curiosidade, quando surgiu na cidade

A casa de dois andares.

Mais adiante, se lia, na parede de cor amarela:

“Casa Brasileira”.

Resolvi tirar a teima. E fui direto ao tema:

Toda casa construída aqui é brasileira, não?

Sim. Mas essa casa era o Cinema

Da época do Barão.


O casarão do senhor Antonio Nãna

O seu Antonio Carlos da Fonseca,

Não pense você que me engana

Ali se vendia doce e pães e se comprava carne seca


O Bar da Esquina,

De onde se olhava as meninas,

E sonhava beijar quem me fascina,

Onde se aprende e se ensina

A tomar cerveja e cachaça:

Para uns, prazer, lazer

Para outros, pirraça e sina.


Não penses que falo com mágoa,

Mas confesso, não aceito,

Ainda guardo no peito,

A bica e a Caixa d’água.

Por que, ela foi soterrada, esquecida?

Deveria ser preservada, é parte de nossa vida.

Ainda se lê a inscrição: P.M.P – 1934

A guardo no coração, num cantinho de minha alma

Fora ela construída, pela prefeitura de Palma.


Muitos ainda se lembram e às vezes se sentem mal

De um tremendo vendaval, dos escombros e do caos

Dia de choro, dia triste e infeliz

Quando aquele temporal

Destruiu, nossa imponente Matriz.


Cachoeira de ritos e rituais

Da Cabana do Carlindo

Dias lindos.

Lindos nossos carnavais


E a Cabana Verão Vermelho?

Quanta nostalgia!

Uma espécie de espelho,

De lente, onde refletia,

De nossa gente: entusiasmo e a alegria.

Cachoeira tinha tudo isso e muito mais.

Nosso acervo não foi preservado,

É saudade, é passado;

Perdeu-se no tempo,

ficou para traz

Jaz,

no porão do esquecimento.

Fernando Mauro Ribeiro

 
 
 

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