17 – DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS - EQUILÍBRIO ENTRE SILÊNCIO E PALAVRA
Fernando Mauro Ribeiro
17 de mai. de 2021
3 min de leitura
Atualizado: 16 de jun. de 2021
No dia 16 de maio participei com um grupo de amigos, de uma celebração em uma Igreja consagrada a Nossa Senhora do Carmo, em Castelhano – Anchieta, litoral capixaba. Uma Capela singela, onde fomos recebidos com carinho.
Nessa data, a Igreja Católica celebrava o Dia Mundial das Comunicações Sociais e, o Ministro da Palavra, falou com muita clareza da importância da comunicação também na Igreja. Desde 1967 o Papa envia uma mensagem para esse dia com o intuito de despertar nos fiéis a consciência e o poder dos meios de comunicação social.
“Silêncio e Palavra: caminho da evangelização” foi um tema abordado já há mais de uma década. O Sumo Pontífice ressalta a importância de silenciar para evangelizar, pois, o silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele não há palavras densas de conteúdo.
No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se o pensamento, compreendemos com maior clareza o que queremos dizer ou aquilo que ouvimos do outro, discernimos como exprimir-nos. Calando, permite-se à outra pessoa que fale e se exprima a si mesma, e permite-nos a nós, não ficarmos presos, por falta da adequada confrontação, às nossas palavras e ideias. Deste modo abre-se um espaço de escuta recíproca e torna-se possível uma relação humana mais plena” diz o Papa.
O silêncio não é ausência de comunicação, mas sim, um momento necessário para discernir a utilidade das abundantes informações disseminadas pelas mídias. O silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele não há palavras densas de conteúdo”. Grande parte da dinâmica atual da comunicação é feita por perguntas à procura de respostas. No fundo, todas essas perguntam manifestam a inquietação que traz o ser humano, à procura de verdades que deem sentido e esperança à existência.
Porque o homem não se sente satisfeito com opiniões incrédulas e simples experiências de vida, sobretudo neste momento em que vivemos, no qual, ao comunicar-se, as pessoas partilham um pouco de si mesmas, ou seja, sua visão de mundo, seus ideais e esperanças.
Por isso devemos ter cautelas ao visitar os sites e redes sociais. O homem contemporâneo deve viver não apenas, momentos de reflexão e de busca verdadeira, como também, encontrar espaços de silêncio, ocasiões de oração, meditação e partilha da Palavra de Deus. Numa de suas exortações apostólicas, disse Bento XVI, hoje, Papa emérito: “Deus fala também por meio do seu silêncio. A experiência da distância do onipotente e Pai é etapa decisiva no caminho terreno do Filho de Deus, palavra encarnada. Nestes momentos obscuros, Ele fala no mistério do seu silêncio”.
Então, da mesma forma como Deus fala ao homem através do silêncio, também o homem descobre no silêncio um meio eficaz de falar de Deus e com Deus. Quando falamos da grandeza de Deus, a nossa linguagem se revela sempre inadequada, e, deste modo, abre-se o espaço da contemplação silenciosa. A partir daí, podemos mergulhar na fonte do amor que nos conduz ao encontro do nosso próximo.
Como recorda-nos o Concílio vaticano II, a revelação divina realiza-se por meio de “ações e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal modo que as obras realizadas por Deus na história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas contidos”.
E tal desígnio de salvação culmina na pessoa de Jesus de Nazaré, mediador e plenitude de toda revelação. Foi Ele que nos deu a conhecer o verdadeiro rosto de Deus Pai e, com sua cruz e ressurreição, nos fez passar da escravidão do pecado e da morte para a liberdade dos filhos de Deus.
Dessa forma, retornemos à questão inicial sobre as inquietudes humanas. À questão fundamental pelo sentido da vida, o homem encontra resposta no mistério de Cristo. E é justamente este mistério que impulsiona o Cristão a tornar-se um anunciador da esperança e da salvação, uma testemunha fiel do amor verdadeiro, capaz de promover a dignidade, construindo a justiça e a paz.
Nesse tempo de pandemia, em que os abraços, as visitas, o contato físico, não são permitidos, porque o que se recomenda é o distanciamento, o quase isolamento social; quero finalizar essa matéria destacando o que disse Bento XVI: “Educar-se em comunicação quer dizer aprender a escutar, a contemplar, a ir além de falar, e isto é particularmente importante para os agentes da evangelização: silêncio e palavra. Ambos são elementos essenciais e integrantes da ação comunicativa da Igreja para um renovado anúncio de Jesus Cristo no mundo contemporâneo”.
Fernando M. Ribeiro – baseado em artigo de Ádamo Antonioni e Fládima Christofari – Revista O Mílite
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