16 - AS BEM-AVENTURANÇAS DOS POLÍTICOS

Em outubro desse 2022, teremos eleições presidências e alguns pré-candidatos já estão em campanha. Negam que sejam candidatos mesmo estando já em campanha. Onde já se viu isso? A resposta é simples e categórica: Aqui no Brasil sempre foi assim! São políticos sentem necessidade de mentir. E mentem com muito gosto! Se eles já começam mentindo, o que esperar dessa gente?

Daqui a pouco acontecem as convenções dos partidos, definem os candidatos, fazem os conchavos, montam os palanques, acendem-se as luzes do picadeiro, a tevê fala à exaustão dos artistas que estarão em cena, os espetáculos se repetem nos quatro cantos desse país, no dia 02 de outubro o eleitor vai às urnas depositar o seu voto e, dão a isso o nome de Festa da Democracia.

Como o Papa Francisco, lembro que a política é um meio fundamental para se construir a cidadania; como o papa São Paulo VI, recordo que tomar a sério a política nos seus diversos níveis é afirmar o dever de realizar o bem da cidade ou da região. Cabe-nos estar atentos às propostas de governo de cada um, àqueles que estão dispostos a servir a seu estado ou a seu País, que estão determinados a enfrentar o desafio permanente de lutar pelo bem-estar das pessoas e de trabalhar para que todos possam ter realizado o sonho de um futuro digno e justo.

Nem todos os cidadãos têm vocação para a política, mas aqueles que se sentem chamados a dar a sua colaboração nesse campo, praticam uma excelente obra de caridade, se suas iniciativas forem fundamentadas na justiça, no respeito mútuo, na sinceridade, na honestidade e na fidelidade aos princípios da ética.

É dever nosso, no entanto, dar um voto consciente e fiscalizar as ações daqueles que elegemos como nossos representantes, pois, uma vez eleitos, serão conduzidos a seus cargos no Legislativo, no Executivo, outros serão reconduzidos a cargos que já ocupavam e a vida segue.

Convicto disso, Francisco Van Thuan, cardeal vietnamita falecido em 2002, escreveu as Bem-aventuranças do político:

Bem-aventurado o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência de seu papel;

Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses;

Bem-aventurado o político que permanece fielmente coerente;

Bem-aventurado o político que realiza a unidade;

Bem-aventurado o político que está comprometido com a realização de uma mudança radical;

Bem-aventurado o político que sabe escutar;

Bem-aventurado o político que não tem medo.

Para o Papa Francisco, é preciso levar em conta, igualmente, os vícios que, lamentavelmente, também existem na política. Eles “enfraquecem o ideal de uma vida democrática autêntica, são a vergonha da vida pública e colocam em perigo a paz social”. O Papa disse isso em (01-01-2019) e parece tão atual se olharmos a vida do homem público de modo geral. Olhem só as atitudes de Wladimir Putin, com essa descabida invasão à Ucrânia, colocando em risco a paz mundial.

Como não lembrar, por exemplo, a corrupção, - nas suas múltiplas formas de apropriação indevida dos bens públicos – o enriquecimento ilegal e a exploração ilimitada dos recursos naturais?

A boa política está a serviço da paz e promove os direitos humanos fundamentais. A paz é fruto “de um grande projeto político que se baseia na responsabilidade mútua e na interdependência dos seres humanos”. “Mas é também um desafio que requer ser abraçado dia após dia”. “A paz é fruto da conversão do coração”.

Somos chamados a acompanhar com senso crítico, as iniciativas dos políticos, superando um juízo superficial e falho: se forem do meu partido, aprovarei tudo o que eles fizerem; se forem de partido contrário, rejeitarei tudo o que eles propuserem... Não será melhor rezar para que nossos políticos cumpram com sabedoria e amor a missão que receberam e assumiram?

Fernando Mauro Ribeiro – baseado em artigo de Dom Murilo Krieger