14 – DIA NACIONAL DA POESIAFernando Mauro Ribeiro14 de mar. de 20221 min de leituraQUASE QUE EM PRANTOSAqui, solitário e confinadoNo quarto, esse altar sagradoOnde tropeço nas correntes,Tentando me livrar das amarras,Dessa angústia que parece latente. Não é uma brincadeira de criança.Nem tenho afiadas as garras,Quero fugir dessa farra,Não vou entrar nessa dança.Uma muralha de solidão se impõe diante de mimLutas e revoluções começam assim.Mas, sem armas, como debelar?Dores e saudades vão se revelar.E a porta entreaberta pode me libertar.Não vejo senão esse par de algemasQue teima em me aprisionar.Atados os pés e mãos,Interditado o caminho à cidade-coração.Mesmo desafinado, digo: que amo a liberdadeE que canto em tom maior,Canções de um exílio que sei de corE peço a Deus que as palavras não firamMas se eternizem nesse meu altar-mor.Fernando m. RibeiroGênova, 03-11-2018 EU E O CAMPONÊSO zumbir das abelhasE eu calado,A chuva fina a cair nas telhas,O suave barulho no telhado;Nem contente, nem angustiado;O sol ausente, preguiçoso no espaço-céu,E o inseto a procura da abelha operária,Atrasada, incerta, talvez, temerária, Para o seu trabalho: produzir cera e mel.Do outro lado do riacho, o camponês e seu balaio,Tropeça, ensaia xingamentos do tipo: raios!E diz: tropeço, mas não caio!Permaneço na janela ou saio?Quero rir e me seguro como posso.Ele se benze, Eu rezo um “Pai Nosso”,Ele se rende, Eu observo os destroços. Cada um guarda ou revela a sua dorEsconde ou expõe as ruínas de um amor:No meu peito os escombros,E ele, o homem do campo, segue, Com seu cesto nos ombros...Aqui, ainda que eu negue,Fico em silêncio, entregue Às lembranças de meus tombos!Fernando Mauro RibeiroCachoeira Alegre - dezembro - 2019
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