13 - VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES: FRUTO DO SISTEMA CAPITALISTA?
Fernando Mauro Ribeiro
13 de mar. de 2022
2 min de leitura
Bem no início da primavera, quando as flores desabrocham numa explosão de vida, que eu chamo de um maravilhoso escândalo que grita aos nossos ouvidos quem Deus é: foi bem nesse início de primavera que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) anunciou em todos os jornais do país que, diferentemente das flores, as mulheres estão perdendo a vida de maneira assustadora.
Segundo a pesquisa, a cada hora e meia por dia, uma mulher morre violentada, por violência masculina no Brasil, sendo 31% na faixa etária de 29 a 30 anos, 51% com baixa escolaridade, 61% negras (no caso do Nordeste). Essas mortes envolvem o uso de armas de fogo, instrumento perfurante, cortante ou contundente e enforcamento. Essa realidade nos faz perguntar: Por que tanta violência? E por que as mulheres? A bem da verdade, a violência aumenta a cada dia em todos os setores da sociedade.
A reflexão deve ir para além do fato em si. Pensemos o contexto sócio cultural em que vivemos. O discurso cultural que nos alimenta a cada dia nos diz que temos que adquirir coisas para ser feliz. Ele não nos ajuda a entender que a vida é finita.
O que a publicidade clama é que para ser feliz preciso ter o carro da melhor marca, a mulher mais bonita, o sapato mais caro, comer do bom e do melhor porque, afinal de contas, um dia vamos morrer, então por que não satisfazer esse prazer de comer e tomar a venenosa coca cola de todos os dias?
Ela nos diz que, para sermos felizes, devemos ter um corpo malhado, ser jovens, ricos e bonitos. Mas a natureza que tem o seu curso natural, faz o seu caminho e daí envelhecemos, ficamos “feios”, adoecemos, na maioria das vezes, as nossas condições físicas e econômicas não nos possibilita ter tudo que a publicidade nos impõe. E daí? Se envelheço não posso ter sucesso, ser bonito e, se não sou bonito, como serei feliz?
Penso que todo esse aparato cultural leva o ser humano a um desgaste psicológico, a uma frustração tão grande que termina na violência que concretiza nos mais vulneráveis da sociedade: as mulheres, as crianças, os negros, os pobres, os jovens. A sociedade não nos prepara para morrer, para a frustração, a perda.
Como Igreja, temos uma força muito grande e, se queremos, podemos usar a verdade do Evangelho que Deus nos legou para amparar essas vítimas e prevenir para que outros casos não aconteçam. E mais. Acima de tudo, que cada um busque no seu cotidiano aceitar que a nossa vida é passageira, que a felicidade está para além das coisas deste mundo e o próprio Jesus já nos alertava há dois mil anos a respeito.
São João é imperativo na sua carta: “Se não amo o meu irmão que vejo, como posso amar a Deus que não vejo”? O que significa isso? Que o amor de Deus só é possível se eu amar o meu irmão. O caminho para amar a Deus é o outro.
Deus queira que nossas mulheres possam ser assim respeitadas, queridas e amadas, porque são reflexo do amor de Deus no meio de nós.
Comentários