Por motivo de força maior, o cachoeirense não pôde comemorar seu dia em primeiro de novembro. Porém o povo de uma Cachoeira Alegre, não desiste assim tão fácil. Reuniu forças, formou uma Comissão, arrecadou fundos, vestiu-se de entusiasmo e determinação, elaborou uma ampla programação e está a festejar o seu dia, a partir de hoje. Serão três dias de festa: 13.14 e 15 de dezembro de 2024.
Às 20h30m, o Parque de Exposições Vicente Antonio Moreira já recebia um bom público, quando o Orador Oficial da Festa subiu ao palco para fazer um discurso de saudação ao cachoeirense e àqueles que nos visitam nesses dias.
A Comissão encarregada de realizar os festejos preparou uma bela homenagem ao saudoso filho da terra Zacarias de Oliveira Filho, in memoria, outorgando uma placa com a seguinte inscrição: “A Festa do Cachoeirense deixará eternizada na história de nossa Comunidade o nome de Zacarias de Oliveira Filho. O homem simples e trabalhador, o político e religioso”. Sua biografia foi lida por Rita de Paula e será publicada no final dessa matéria. Biografia esta, que deixa evidente a justa homenagem.
Na sequência, as luzes do palco se acenderam para um belíssimo momento de louvor a Deus, o Criador de todas as coisas. Aquele que enviou o próprio Filho para nos resgatar do pecado e escrever uma nova história da salvação.
A voz possante, mas suave da cantora gospel DAFNNE SOARES encantou a todos – principalmente os membros evangélicos de várias denominações – que se fizeram presentes. Um show impecável da cantora que interagiu com o público e foi bastante aplaudida.
Mesmo com um número reduzido, - afinal numa sexta-feira, quase sempre é menor a participação – a plateia compareceu e vibrou com o show de PEDRO DO PIZEIRO que à zero hora subiu ao palco e botou o povo pra dançar.
HOMENAGEM A ZACARIAS DE OLIVEIRA
Há mais de dois mil anos, homens inteligentes e instruídos ficaram escandalizados, ao ouvir que os cristãos chamavam Jesus, um homem comum, nascido na Judeia, de Filho de Deus. Parecia-lhes inaceitável que alguém pobre, simples e nascido por aqueles dias pudesse ser divino. Isso era novo. Tão novo que São João Damasceno chamou de “a única coisa nova debaixo do sol”! Nossos corações se alegram com a aproximação do Natal, a festa máxima da cristandade.
Mas o nosso coração está também em festa porque celebramos o Dia do Cachoeirense. E queremos nesse momento prestar homenagem a alguém que muito contribuiu para a realização desses festejos. Seu nome: Zacarias de Oliveira.
A ideia de se instituir o Dia do Cachoeirense surgiu numa noite fria de inverno, na cozinha da casa de Sr. Joaquim Ribeiro Gouvêa. O então prefeito João Batista Moreira Duarte decretou feriado municipal, a família projetou e confeccionou nossa Bandeira, foi inaugurado um monumento com a data de fundação na praça da Matriz, a Banda de Música acordou o cachoeirense com a alvorada, os fogos subiram aos céus cachoeirenses, nossos alunos proporcionaram um belo desfile cívico, Pe. Adriano Kett e nosso Bispo Diocesano Dom Gerardo Reis, celebraram missa solene, o povo saiu às ruas e assim celebramos, em primeiro de novembro de 1979 a primeira Festa do Cachoeirense.
Acredito que o sonho que se sonha só; É só um sonho! Mas o sonho que se sonha junto, torna-se REALIDADE. Assim convidamos o senhor Zacarias para sonhar conosco e, ele tornou-se um elo importante nessa corrente. Com seu entusiasmo, seu espírito festivo, sua simplicidade e sua contribuição, todos sabem. Quem não se lembra do bordão criado por ele: “A O MEU, HEIM”!
MAS, QUEM FOI ZACARIAS?
Há quase seis décadas, quem diria que aquele menino, nascido na Fazenda dos Bouzada, na Invejada, chegaria tão longe. De família simples, pobre, humilde, mas trabalhador, nasceu o menino no dia 10 de fevereiro de 1926. O conheci já homem feito, casado com a jovem senhora Tereza Emília Ferreira de Oliveira, com quem constituiu uma numerosa família. Tiveram 12 filhos e, a todos os educou.
Caminhando nas sendas de Jesus, me aproximei mais desse senhor, a quem passei a admirar ainda mais. Uma coisa tínhamos em comum: a paixão por essa terra. Certa vez, disse-me ele: Eu era ainda menino, de calças curtas, quando vim, pela primeira vez em Cachoeira Alegre e fiquei deslumbrado. Era uma sexta-feira santa e não conhecia ainda a eletricidade. Quando vejo aquela carreira de postes, as luzes acesas, as ruas claras, as casas iluminadas me encantei com tudo aquilo”.
Hoje, fico a imaginar o estado de encantamento desse meu amigo. Porque ele se estendeu ao longo de sua vida. Desconfiei que sua alegria e irreverência viessem do fato de ter nascido no período carnavalesco, mas descobri depois que caminhar nos caminhos da Fé, é que despertava nele a alegria e o entusiasmo que o acompanharam ao longo de toda a sua trajetória.
Homem determinado, trabalhou longos anos na fazenda do Francisco Oscar, onde morou e criou seus filhos. Em Cachoeira Alegre, tinha uma legião de amigos. Uma vida dedicada à Deus, doando parte de seu tempo para o trabalho na Paróquia de São Sebastião de cachoeira Alegre. Na década de 1960 ingressou na Congregação Mariana, nos fins dos anos 1970 tornou-se presidente da Congregação, nos anos 1980 foi presidente do Apostolado da Oração, foi membro atuante das CEBES, (Comunidades Eclesiais de Base) também atuou por mais de uma década como Ministro Extraordinário da Palavra e da Comunhão, celebrando na Igreja-matriz e nas capelas auxiliares na Zona Rural.
Ocupou uma cadeira na Câmara Legislativa Municipal, desempenhando o papel de vereador no período de 1989 a 1992, na Administração de Francisco Corrêa da Rocha e José Carlos Arquette – Chichico e Juca – prefeito e vice-prefeito respectivamente.
Deus chamou para si, nosso amigo Zacarias. As Sagradas Escrituras, nos ensina que: “As almas dos justos estão na mão de Deus e nenhum tormento os atingirá. Porque no Senhor está nossa vida, nossa paz e salvação”.
Zacarias faleceu em 28 de novembro de 2005, na cidade de Teresópolis – RJ. Seu corpo foi velado na terra que ele tanto amou e foi sepultado no Cemitério Bom Pastor, em Cachoeira Alegre, onde compareceram familiares e muitos amigos para o último adeus.
Zacarias é muito lembrado, também, a partir de 1983, quando assumiu a Comissão da Festa do Cachoeirense e, pelo seu empenho, seu entusiasmo, seu otimismo, sua obstinação em realizar os festejos do dia de nossa terra, nossa cidade, nossa Comunidade, nossa gente, que hoje aqui celebra mais um aniversário de Cachoeira e orgulhosamente, presta-lhe essa póstuma homenagem, outorgando-lhes essa placa comemorativa de nossa XLV Festa.
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