13 - O DESAFIO DA FAMÍLIA CRISTÃ NO BRASIL

A realização de dois Sínodos tendo como tema a Família, indica até que ponto o Papa Francisco e toda a Igreja consideram um tema decisivo para o crescimento das pessoas, o fortalecimento da Igreja nesta etapa da Nova Evangelização e a construção de uma convivência social mais humana, solidária e fraterna, para que tenhamos uma sociedade de paz.

       No nosso tempo, a família deve enfrentar muitos desafios, alguns dos quais tão relevantes que podem alterar suas características essenciais, até comprometer a sua existência. Atualmente não mais se discute a possibilidade de se usar a pílula ou divorciar-se. Discute-se: o que significa ser homem, ser mulher e por que não decidir o próprio gênero de modo autônomo e livre de condicionamentos biológicos e sociais?

      É mesmo verdade que a maternidade e a paternidade são essenciais à realização humana de uma pessoa adulta? Ou, antes, não será isto uma imposição da cultura originadas do passado e da qual hoje nós podemos nos libertar?

       Diante dessas circunstancias que parecem reduzir o interesse para fazer família, recusando vínculos de pertença que constituem a identidade pessoal, cabe à Igreja apresentar o Evangelho da Família. Isto é, o bem que a família é para as pessoas que nela vivem e pra toda sociedade.

       A família, fundada no vínculo indissolúvel do matrimônio, constituída por um homem e uma mulher e eventuais filhos, é o modo melhor de viver o amor humano, a maternidade, a paternidade, porque corresponde ao desígnio de Deus, é a maior realização humana, e ao mesmo tempo, constitui o bem mais decisivo para que a sociedade cresça na paz.

       Por isso, São João Paulo II, na Familiaris Consortio afirmava: “O futuro da humanidade passa através da família”. Em seguida, cabe cuidar das feridas que são provocadas quando o amor humano é vivido de maneira precária e parcial.

        É decisivo, então, um novo começo, que passa sobre o desígnio de Deus sobre a pessoa, o matrimônio e a família que apresente às novas gerações as razões, a conveniência do matrimônio e da família, a beleza de formar e educar novas vidas, o fascínio pelo amor humano que, iluminado por Cristo, se renova e se aprofunda com o passar do tempo.

       Um novo começo é necessário porque significados, às vezes considerados claros e dados por óbvios, na realidade são desconhecidos pela cultura contemporânea ou gravemente deformados.

       Nascer, amar, gerar, trabalhar, adoecer, envelhecer, morrer são ações ou processos que podem ser vividos em qualquer circunstância, mas encontram seu significado mais adequado quando realizados no contexto das relações familiares. Aqui encontra-se o bem maior para as pessoas e para toda a sociedade.

João Carlos Petrini – Bispo de Camaçari – BA