12 - SAUDADES: SÃO 23 ANOS SEM RAUL SEIXAS

Ele pode ser lembrado pelos fãs em qualquer data. Porém, em se tratando de Raul Seixas, penso que estou diante de um ator, cantor, profeta do caos, revolucionário, rebelde, romântico e anarquista, um poeta e visionário que me levou a conhecer sua discografia desde “Ouro de Tolo”, passando por “Metamorfose ambulante”, “Cowboy fora da Lei”, “Sociedade Alternativa”, “O Trem”, “Medo da Chuva”, “Gitã” e tantas outras canções do Maluco Beleza. Em minha biblioteca, guardo um livro de sua biografia e, revendo algumas páginas, me dei conta de que são 23 anos de saudade do Carimbador Maluco, 23 anos de morte do baiano Raul Seixas e, ele bem que poderia ser lembrado nos dias 11,12, 14 e 19. Datas em que se comemora o Dia da TV, das Artes, do Protesto e do Ator.

Onze, o Dia da TV. Um cara com um magnetismo que fazia o telespectador ficar de olhos grudados na tela, quando era entrevistado ou cantava.

Doze: O Dia Nacional das Artes. Muitas vezes, questionado, incompreendido e até agredido fisicamente, como no episódio em que quase fora linchado, uma apresentação na cidade Caieiras, interior de São Paulo.

Catorze: Dia do Protesto. Um crítico contumaz, uma espécie de vigilante que, denunciava políticos, que gritava liberdade e sonhava com uma “sociedade alternativa”.

Dezenove: Dia do Ator. Um ator em cena, quando no palco se apresentava interpretando suas canções.

EU NÃO SOU BESTA PRA TIRAR ONDA DE HERÓI, SOU VACINADO...

Cantor, compositor, ator, poeta, visionário, profeta do caos ou um enlouquecido por excesso de verdade e de amor metafísico? Tudo isso e muito mais. Raul Seixas, era um gênio. Usava a música para se expressar.

No princípio, trancado em si mesmo e no seu quarto, teve a ousadia de questionar, tentar desvendar os mistérios na busca pela vida. Fez dessa busca, sua própria existência pessoal, corajosamente.

UM POUCO DO MALUCO BELEZA

Foi no ano de 1945, a 25 de junho, numa tradicional família de Salvador, que nasceu Raul Seixas, com quatro quilos e meio. Filho de Maria Eugênia e do engenheiro Raul Varela Seixas, Raulzito foi educado conforme o conservadorismo das famílias de classe média da Bahia.

Desde os sete anos, Raul já se questionava sobre coisas como o fim do mundo, a volta de seu espírito em outros corpos e o julgamento final. Seu pai gostava de ler para ele, livros sobre assuntos metafísicos. O que muito lhe marcou foi o livro “Dos por quês”? em 21 de agosto de 1989, se foi o construtor de sonhos, levando consigo o sonho de uma Sociedade Alternativa.

Fernando Mauro Ribeiro