13 – VIEIRAS ESTÁ CELEBRANDO DE 7 A 14 DE SETEMBRO, SEU JUBILEU DE NÚMERO 74

É uma das maiores e mais tradicionais festas da região. Nesse ano a Paróquia de Vieiras está celebrando seu septuagésimo quarto Jubileu do Senhor Bom Jesus. Para o evento foi elaborada uma extensa programação que publicaremos nessa edição. Como já disse, é uma grande festa. Vamos conhecer então, um pouco dessa história: como e quando surgiu e o envolvimento de seu povo com o evento, as romarias ao Santuário...

       A devoção ao Senhor Bom Jesus , que se espalhou por todo o Vale do Rio Glória e mais além, é parte constitutiva da tradição e da fé do bom povo que habita essa região. Na segunda metade do século XIX, o local onde hoje se encontra a cidade de Vieiras, foi colonizado por descendentes de bandeirantes, vindo da região de Barbacena. O Tenente Lucas Antunes Vieira e seus descendentes iniciaram naquela região um pequeno povoado ao qual deram o nome de Povoado da Santa Cruz, no coração da extensa Fazenda Babilônia, pertencente naquele momento ao distrito de Santa Rita do Glória, atual Miradouro.

       Com coragem, trabalho e empenho estes pioneiros colocaram-se sobre a proteção do Mistério da Salvação e desenvolveram singular devoção ao Cristo Crucificado. Juntamente com a devoção à Santa Cruz, os desbravadores oriundos de uma colônia não longe de Congonhas, trouxeram consigo o amor ao Senhor Bom Jesus. Note-se que o Bom Jesus de Congonhas é o Cristo Crucificado, donde a devoção a Santa Cruz ser a principal  devoção dos fundadores do Patrimônio. Neste homem das dores, o povo de Santa Cruz da Babilônia colocou sua confiança para criar e desenvolver seu povoado, com trabalho árduo e uma vida marcada pela experiência da fé.

   Assim, já no início do século XX, muitas famílias que se instalaram ao redor daquela Primeira Cruz de Madeira, dirigiam-se à cidade Congonhas, para apresentar seus pedidos, fazer suas promessas e agradecer as graças alcançadas. Era costume participar do Jubileu que se celebra ali todos os anos, entre os dias 7 e 14 de setembro. Mas, as estradas eram difíceis, o Santuário de Congonhas ficava a 300 Km do Patrimônio de Santa Cruz.

       Entre esses devotos que, regularmente iam a Congonhas, estavam o casal Antonio Agostini e Rita Theodora que, em 1934, viram sua terceira filha, de 22 anos, atingida por doença que fazia a sofrer muito, com feridas de difícil cicatrização. Em consulta a um médico, a jovem foi desenganada. . O Sr. Agostini recebeu os piores prognósticos, a causa da filha estava perdida. Ali mesmo, depois de ter ouvido as considerações do médico de que nada poderia ser feito por ela, o pai se ajoelhou e colocou a vida de sua filha nas mãos do Senhor Bom Jesus cuja festa se celebrava em Congonhas naqueles dias. Se os médicos da terra não podiam curá-la, mais valia dirigir-se imediatamente ao Médico dos médicos. Foi assim, que aquele devoto partiu, imediatamente para Congonhas, levando consigo a filha enferma e já desenganada pela medicina.

       A viagem em trem foi muito penosa, a jovem tinha bolhas por todo o corpo e segundo os relatos dos familiares exalava já um odor desagradável; ademais, grandes manchas vermelhas espalharam-se pela pele, dando à jovem um aspecto dos mais repulsivos, de tal sorte que, ao chegarem a Congonhas, não houve hospedaria que os aceitasse... Dirigindo-se ao Altar do Bom Jesus, Antonio Agostini mais uma vez entregou a sua filha ao Senhor Bom Jesus e, saindo dali, buscou imediatamente nas imediações do santuário uma imagem para levar ao Patrimônio de Santa Cruz. Não havia imagens disponíveis nas dimensões que ele desejava, de modo que ele pediu que fosse encomendada e entregue, assim que possível, à capela de seu povoado. Em seguida, voltaram para casa.

       Ao voltarem à Santa Cruz da Babilônia, as feridas que a jovem trazia no corpo foram desaparecendo uma a uma e, em poucos dias, Altina estava curada. A gratidão foi imensa, a imagem ja estava encomendada e agora era só esperar para entronizá-la na Capela do Patrimônio. Exatamente um ano depois da cura da filha, 10 de setembro de 1935, a imagem do Bom Jesus chegou a Miradouro, Paróquia da qual Santa Cruz da Babilônia era capela filial. A imagem foi entregue ao pároco José Maria de Azevedo que a preparou para que fosse trazida até a Capelinha de santa Cruz.

       Transportada em Carro de Boi até às portas do povoado, a imagem foi recebida com grande devoção e entusiasmo, o povo tomou o andor nos braços, levou-o festivamente aos ombros pelas ruas do povoado até depositar a imagem no altar da modesta capela, erigida no meio do Outeiro, onde hoje se ergue o Santuário do Senhor Bom Jesus de Vieiras.

       A menina desenganada pelos médicos aos 22 anos, teve 14 filhos e viveu até aos 104 anos, faleceu de morte natural em São Francisco do Glória. Este foi o primeiro milagre, prenúncio de bênçãos para todos os vieirenses e devotos romeiros que, todos os anos acorrem ao Santuário de Vieiras para fazer suas súplicas e prestar homenagens ao Sr. Bom Jesus. Como o mistério da Cruz se une ao mistério da flagelação de Cristo, o Bom Jesus passou a ser denominado como padroeiro da localidade.

      

IMPORTANTE:

       Enquanto o povo ainda participava do Jubileu de Congonhas, a fé e o testemunho dos milagre alcançados pelas preces dirigidas ao Bom Jesus na modesta Capela de Santa Cruz da Babilônia só faziam aumentar. Mas isso, é para ser tratado em outro artigo que faremos ainda nessa edição, quando falaremos do Jubileu do Bom Jesus de Vieiras, a construção do santuário, os milagres – favores celestiais – obtidos.

 

OBSERVAÇÃO:

       Organize também em sua Comunidade, sua Romaria e participe da celebração do Jubileu do Sr. Bom Jesus de Vieiras. Para melhor recebê-los a direção do santuário pede que agende sua Romaria pelo telefone (32) 99905 7417

 Todo dia 24 de cada mês, celebra-se no Santuário do Bom Jesus de Vieiras, a Missa Votiva em honra ao Mistério da Cruz.

       Todos os domingos, às 09:30, celebra-se no Santuário a Missa na intenção dos fiéis devotos e romeiros do Bom Jesus.

Por Fernando Mauro Ribeiro – Extraído do Arquivo da Paróquia do Senhor Bom Jesus de Vieiras