10 - PERDER UM AMIGO É COMO PERDER UMA PARTE DE NÓS MESMOS
Fernando Mauro Ribeiro
9 de fev. de 2023
2 min de leitura
“Disse Jesus: Pai, eu mesmo dei a eles a glória que tu me deste, para que eles sejam um, como nós somos um. Eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade, e para que o mundo reconheça que tu me enviaste e que os amaste, como amaste a mim”. Veja que lindo esse relato de João, que se encontra no capítulo 17, versículos 22 e 23.
Hoje, muito se fala em respeito humano e igualdade racial. Isso recordou uma antiga fábula que trata de dois grãozinhos, um de açúcar e o outro de café. Eram amigos inseparáveis, juntos iam para escola, jogavam bolinha de gude e rodavam pião. Destacavam- se nos estudos e nos esportes. Eram invencíveis nas duplas de tênis e, no vôlei de praia, ganhavam todas. Treinavam diariamente, se entendiam muito bem, formavam uma dupla campeão, conquistaram muitos troféus. Cresceram juntos, tiveram uma adolescência feliz e chegaram à idade adulta sem nenhuma briga.
Tudo corria às mil maravilhas, até o dia em que alguém alertou o açúcar, para que o seu amigo café era mais escuro que ele. Sem pestanejar o açúcar respondeu: “Pouco me importa sua cor. Mais que amigos, somos irmãos. Nunca prestei atenção neste detalhe e, também, que importância tem isso?
É claro que não faltou quem logo o fizesse entender que, esse detalhe, era sim, muito importante. Não ficava bem misturar-se com “certas pessoas”, diziam. Por que dividir a glória e a fama, se ele podia, muito bem, subir ao pódio sozinho? Foi tanto falatório que o açúcar acabou cedendo e se afastando do seu maior amigo.
Separaram-se pelo preconceito de pessoas que nada entendem de amor e que desconhecem o valor da amizade. Em linguagem matemática se diz que o amigo está contido em nosso conjunto, portanto, perder um amigo é como perder uma parte de nós mesmos. A separação tem consequências imprevisíveis, e a sensação de estar sozinho e isolado, deprime e enlouquece.
O golpe foi grande, mas o que fazer? A sociedade dizia que teria que ser assim. De um lado, o café tentava superar o trauma e refazer sua vida, do outro, o açúcar procurava manter-se em evidência. Apesar do esforço, sentiam que algo estava errado. A alegria desapareceu e o sucesso acabou. O fã clube sumiu, pois, separados não atraíam o público.
O açúcar sozinho não agradava, era muito doce e enjoativo; já o café, sem o açúcar, era taxado de repugnante. Como demorou até entenderem e perceberem que um é complemento do outro.
Esta história, como tantas outras, tinha tudo para ter um final triste, mas felizmente, a tempo, chegaram à conclusão de que mais importante que a cor é o sabor. A partir do instante em que resolveram recomeçar e que nada mais haveria de separá-los, a sociedade aceitou e mudou o seu modo de pensar.
Que isso nos sirva de lição. Somos complementos uns dos outros. A vida terá mais sabor, mudanças acontecerão se nos dermos as mãos e lutarmos por dignidade e justiça. De mãos dadas e com muito empenho, poderemos tornar realidade essas palavras: “Pai, que eles sejam um, assim como nós o somos”. (João, 17-21)
Autor: Jorge Lorente – Locutor da RIC 1490 AM na Grande São Paulo. Autor do livro “Onde Deus está?
Comments