10 – MORRE O ATOR ROLANDO BOLDRIN, ANTES DE VISITAR CACHOEIRA ALEGRE – MG. A TERRA DE SEU PAI

Ele disse que visitaria Cachoeira Alegre. Mas isso é assunto pra depois. Dezenas de jornais e sites trazem manchete sobre o falecimento desse ícone, Rolando Boldrin. Como defini-lo? Um artista completo, apresentador, cantor, músico, compositor, contador de histórias, escritor, poeta e sobretudo ator. “Eu sou um ator que canto, danço, declamo poesias”. Assim ele se definia. Pela manhã, surpreso com a notícia da morte de Gal Costa, cantora, baiana de Salvador, uma das vozes mais marcantes da MPB. À noite, outra nota triste: a morte do ator, cantor e apresentados de TV Rolando Boldrin.

Também nós, do portalnovotempo.com.br registramos com profundo pesar, que morreu ontem, 09-11-2022, o Sr. Brasil “Rolando Brasil”, aos 86 anos, em São Paulo. Lamentamos a morte de Boldrin, agradecemos seus serviços prestados à nação brasileira, ao semear cultura; a gratidão de ter recebido nos bastidores de seu programa “Sr. Brasil”, os cachoeirenses Antonio José Ribeiro e Eliane Vardiero Ribeiro; o carinho com que confirmou a origem de seu pai, como sendo de Cachoeira Alegre – MG; a honra de ter como conterrâneo, Senhor Amadeu, seu amado pai.

Tenho orgulho desse filho de seu Amadeu Boldrin e senhora Alzira. Triste com o passamento do extrardinário apresentador; excepcional cantor; estupendo compositor; lendário contador de “causos”, às vezes tímido, às vezes irreverente (o ator em cena); esse brilhante poeta e escritor, esse artista fantástico. Somos gratos de ter podido contar com seu brilhantismo nas Rádios, Tevês, Cinemas e Palcos desse nosso Brasil. Manifestamos nossos mais sinceros sentimentos aos familiares e amigos desse gigante da comunicação, na certeza de que seu legado não será esquecido.

“QUEM ME VÊ TIRA O CHAPÉU. HOJE EU SOU UM CAVALEIRO DE PASSAGEM PELO CÉU” (Rolando Boldrin)

Estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein. O corpo do artista será velado no Hall Monumental da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a partir da manhã dessa quinta-feira, 10-11-2022, até às 16:00 horas. Seu sepultamento será no cemitério Gethêmani Morumbi, às 17h.

Nascido em 22 de outubro de 1936, Rolando Boldrin, entrou para a história da cultura brasileira como um dos grandes compositores, intérpretes e divulgadores da Música Brasileira “raiz”. O sétimo filho de uma família de doze irmãos deixou a cidade de São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, aos 16 anos em busca de ser artista e se tornou ator de filmes premiados e de novelas vistas no Brasil inteiro e até no exterior, além de se tornar compositor, cantor, apresentador e um grande contador de histórias.

Entre as décadas de 1950 e 1980, ele atuou em novelas da Band, Record TV e Tupi, com as tramas “A Muralha”, “Pé de Vento”, entre outras e conviveu com artistas importantes como Lima Duarte, Laura Cardoso, Dionísio Azevedo, Irene Ravache e Carlos Zara. Seu último trabalho em novela foi na trama “Os Imigrantes”, na Band. Atuou em mais de 30 novelas em que pode-se destacar: “O Direito de Nascer”, “Mulheres de Areia”, “A Viagem”, “O Profeta”, “Roda de Fogo”, “Cara a cara”, “Os Inocentes”.

A veia artística também fez o paulista lançar-se na carreira musical. Ele estreou na música em 1960 como um participante do disco de Lourdinha Pereira, que viria se tornar sua mulher mais tarde. Além de lançar seu primeiro álbum solo em 1974, “O Cantadô”, Boldrin fez sucesso no país com as músicas “Eu, a viola e Deus”, “Acorda, Maria Bonita”, “Moda do fim do mundo”, entre outras canções.

Já como apresentador de TV, Rolando Boldrin colocou o rosto nas telonas a partir da década de 80 e esteve à frente dos programas “Som Brasil”, (TV Globo), “Empório Brasileiro” (Band) e “Empório Brasil” (SBT). Sua última atração do “Sr. Brasil”, na TV Cultura. Em todos esses programas eu estava diante da tela para assistir a apresentação desse artista fantástico.

Rolando Boldrin também foi homenageado em tema do desfile da Pérola Negra no Carnaval de São Paulo, em 2010, com o enredo: “Vamos tirar o Brasil da gaveta”.

“Sou fundamentalmente um ator, esse tem sido meu trabalho a vida inteira; radioator, ator de novela, de teatro, de cinema, um ator que canta, declama poesias e contador de histórias”. (Definição do próprio Boldrin, em seu site oficial)

Um homem de fato de muitos talentos como pudemos ver ao longo de sua trajetória. Artista que deu enorme contribuição à história da TV. Como esquecer as manhãs de domingo na TV Globo, comandando o “Som Brasil”? Na TV Cultura, assistia também aos domingos, depois de participar da Missa na Matriz São Paulo, o programa “Sr. Brasil”, que ele comandou por 17 anos. Resgatou um Brasil esquecido de muitos e fez coro com os artistas mais representativos de todas as regiões do país. O cenário de seu programa era belo e rico desses vários Brasis, que na verdade é único. Ali, ele privilegiava os artesãos brasileiros e era circundado por imagens dos artistas que fizeram a nossa história, escrita, falada e cantada, e que já viajaram, muitos deles “fora do combinado”, conforme costumava dizer o próprio Rolando Boldrin.

Algumas vezes ouvi o artista dizer que seu pai era filho de Cachoeira Alegre – MG, e isso me intrigava. Em seu programa “Sr. Brasil”, na TV Cultura, em um domingo, ele entrevistava Milton Nascimento que, tem enorme relação afetiva com nossas Gerais, ele disse mais uma vez, que seu pai falava ter nascido de fato em Cachoeira Alegre e mencionou algumas cidades da região, a partir de Juiz de Fora. Num outro encontro, com outro mineiro, o cantor Zé Geraldo, da cidade de Rodeiro, Boldrin foi enfático: “Meu pais imaginava ser de Pouso Alegre MG. e durante algum tempo acreditou nisso, Até que fomos fazer a árvore genealógica de nossa família e, nessa busca de documentos em cartórios; descobri que meu pai é natural de Cachoeira Alegre, Zona da Mata mineira, alí pertinho de vocês”, concluiu o artista. E o cantor de “Milho aos pombos,”, “Cidadão” e outras canções que foram tema de novelas da TV Globo, disse: É isso mesmo, ali, na Zona da Mata. Rodeiro é uma cidade de pouco mais de 8 mil habitantes, próxima à cidade de Ubá.

Precisava botar fim à tal curiosidade, eu queria mais, era preciso falar pessoalmente com Rolando Boldrin. Assim, um casal de primos, que reside em São Paulo e que também vira o programa, foi até ao auditório da Cultura, onde é gravado o programa e, ao final, foi recebido pelo artista que confirmou sua versão. Posteriormente, foi feito novo contato para comunicar-lhe do desejo de dar a uma rua em Cachoeira Alegre, o nome de seu pai. Ele se manifestou com alegria diante disso e que argumentou que se a data fosse marcada com bastante antecedência, ele arranjaria um espaço na agenda e se faria presente à cerimônia.

O projeto montado pela vereadora Viviane Sampaio Ribeiro, foi encaminhado à Câmara de Barão do Monte Alto, contudo, não fora ainda votado. Quem sabe, ele poderia ser alterado e a referida homenagem passaria de pai para filho, imortalizando assim o querido Rolando Boldrin?

Fernando Mauro Ribeiro