09 - PAPAI NOEL OU JESUS – ONDE FICOU AQUELE VELHINHO DOS TEMPOS DE CRIANÇA
- Fernando Mauro Ribeiro
- 9 de dez. de 2024
- 4 min de leitura
O que é o Natal para você? O que significa desejar Feliz Natal? Uma volta de Jesus às famílias? Você deseja paz, esperança, alegria, vida nova, ou muitos presentes, festas, banquetes, Papai Noel? No passado, Papai Noel era sempre relacionado ao Menino Jesus. Nos dias atuais, infelizmente, andam separados. Sempre que o velhinho aparece, o Aniversariante é posto fora de cena. Perdeu-se, no tempo, a figura original do Papai Noel como mensageiro do Menino Jesus. Agora, ele transformou-se num “Velho Propaganda” do consumismo.
As propagandas da TV anunciam as múltiplas promoções. Caminhando pelas calçadas de Porto Seguro, as luzes cintilantes das sacadas dos hotéis, as vitrines com suas ofertas o Papai Noel nas portas com seu jeito bonachão, com seu instrumento de sopro na mão, com o saco de presente às costas, anunciam que o Natal está próximo. E quanto mais a data se aproxima, aumenta o frenesi, a ansiedade, a expectativa da criança para ganhar o seu presente... os presépios vão desaparecendo do cenário natalino e o Menino-Deus vai ficando esquecido.
Este Papai Noel moderno, só pensa numa coisa e só trabalha por uma causa: vender, vender e vender. E como hoje ele não tem dinheiro, só traz presente para crianças de pais ricos. Para as crianças pobres costuma levar só brinquedos usados. Alheio ao sofrimento dos outros, nunca é visto chorando, mas sempre sorridente não gosta muito de caminhar pelas favelas, nem de visitar as casas onde as crianças não colocam os sapatinhos aos pés da cama, lá onde andam descalças e dormem no chão.
Onde ficou aquele velhinho de barbas brancas, faces iluminadas de carinho, sorriso aberto e braços ainda mais abertos do nosso tempo de criança, que vinha carregado de presentes para o Menino Jesus do Presépio]. Onde está o Papai Noel que distribui presentes a todos, à família da empregada que passava esse dia da fraternidade conosco]. E era o Menino Jesus que repartia. Costume que ainda perdura em algumas famílias. Papai Noel traz presentes e os entrega em nome do recém-nascido de Belém. Revivia-se o pleno sentido da profecia de Isaías: “Um menino nasceu para nós” (Is 9,5). Ele é o presente de Deus à humanidade, o motivo de nossa confraternização, manifestada na troca de presentes nesta Noite Feliz e de Paz.
Mas o Papai Noel dos tempos da internet não é mais aquele. Não sabe mais que um dia sua missão foi parecida com a de João Batista, o precursor. Ele “não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz”. (João 1,270. João alertou com severa advertência, válida para os dias de hoje: “No meio de vós está alguém que vós não conheceis” (João 1,26). A alegria do Natal seria mais completa se Papai Noel testemunhasse como João Batista, a respeito de Jesus: “É necessário que Ele cresça e eu diminua”. (Jo, 3,30).
A tradição de Papai Noel é ligada a São Nicolau, bispo da Turquia, entre os anos 280 e 345. Sua vida é cercada de lendas que o retratam como uma pessoa bondosa, que dava muitos presentes. Após sua morte, começou a ser cultuado por toda a Europa. Os reformadores nórdicos, do século XVI, contrários à devoção aos santos, substituíram São Nicolau, por Papai Noel. Segundo a tradição, ele parte do Polo Norte, em um trenó, cheio de presentes, puxado por renas, e passa de casa em casa para entregar presentes às crianças que foram obedientes durante o ano.
Há menos de 50 anos, quem trazia os presentes era o Menino Jesus. Passava de casa em casa com seu burrinho. Ao lado do presépio, cada um colocava o seu chapéu, e dentro dele grãos de milho. Era o alimento para o burrinho ter forças e seguir viagem. No dia seguinte, o milho desaparecia e lá estavam os presentes. Talvez não resolva brigar com Papai Noel, mas seria muito bom lembrar que o Natal celebra o nascimento de Jesus. Paralelo aos presentes pode nascer uma onda de fraternidade, capaz de levar solidariedade e vida mais digna às crianças que apenas sonham com Papai Noel e nunca tiveram a ventura de sua visita.
A grande virtude desse tempo é a esperança. O menino que nasce é o sol “sol nascente”, é a “luz das nações”. Não podemos viver um Natal pagão, sem Deus, sem o Menino – um natal só com Pai Natal, com árvores de Natal, compras, presentes caros, com sentido de festa mundana. Podemos celebrar um Natal com alegria cristã, com luzes e presentes, mas com a simplicidade que a festa exige. Se o Menino não nasce no nosso ser, na nossa vida, no nosso coração, não há Natal.
Se a palavra Natal significa “nascimento”, então temos que deixar o Menino Jesus nascer em nosso coração. Papai Noel, você não precisa desaparecer. Mas precisa mudar. Reconhecemos que você faz gestos humanitários nos hospitais, nas fábricas, nas escolas. Mas você pode fazer mais. Faça como o velho Simeão, no templo e ajude-nos a levar o Menino Jesus às crianças. Que o Menino Jesus seja conhecido, amado e seguido por todos nós.
Fernando Mauro Ribeiro, baseado em artigo de Pe. Francisco Shenem
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