08 - O BRASIL E SEUS MELHORES JOGADORES DE TODOS OS TEMPOS
Fernando Mauro Ribeiro
8 de fev. de 2024
3 min de leitura
Não há preconceito, não Rivaldo. Sobre sua carreira, só sobraram admiração e agradecimento. O 10 depois de Zico
Nome: Rivaldo Brito Borba Ferreira
Nascimento: 19-04-1972, em Paulista (PE) Clubes: Santa Cruz (1991-1992), Mogi Mirim (1992-1993), Corinthians (1993-1994), Palmeiras (1994-1996), La Coruna – ESP (1996-1997), Barcelona ESP (1997-2002), MILAN ita (2002-2003), Cruzeiro (2004), Olimpiacos GRE (2004-2007), AEK Atenas GRE (2007-2008), Bunyodkor CAS (2009).
Seleção Brasileira: desde 1993.
RIVALDO
O maior incentivador da carreira de Rivaldo foi seu pai. A mãe reclamava a cada vez que via o filho, no início da noite, batendo bola nas ruas sem calçamento da pequena cidade de Paulista, nos arredores do Recife. O pai insistia para que jogasse. A mãe queria o filho usando a mão esquerda para escrever, estudar, concentrar-se em ajudar a família ao escolher uma profissão. O pai queria ver o pé esquerdo em ação, grudando-se em uma bola de capotão.
Foi quando Rivaldo decolou na carreira, logo depois de disputar a Copa São Paulo de futebol júnior e chamar a atenção dos críticos com a camisa do Santa Cruz, que a pior notícia de sua vida aconteceu. O pai morreu atropelado por um ônibus, numa rua movimentada de Paulista. O Futebol teve sorte. O destino do craque já estava selado graças à insistência do pai, que venceu a resistência da mãe.
Rivaldo decolou do Santa Cruz para o Mogi Mirim. No final de 1993, encantava o estado de São Paulo, brilhando num time de movimentação constante, que ganhou o apelido de “Carrossel caipira”. A dúvida, àquela altura, ainda era se Rivaldo era o craque daquele time ofensivo do Mogi Mirim ou se teriam mais sucesso os companheiros Válber e Leto.
Na dúvida, o Corinthians levou os três para o Parque São Jorge, em companhia também do lateral Admilson. Rivaldo transferiu-se por empréstimo, sem o preço do passe fixado, condição que permitia ao Corinthians confirmar sua compra ao final de um ano de trabalho. Válber e Leto fracassaram, mas foram comprados pelo alvinegro e ficaram mais tempo na Fazendinha. E o Corinthians viu o melhor dos três seguir para o Palmeiras, por 2,5 milhões de dólares, a maior contratação do país na época.
Como a vingança é um prato que se come frio, no ano seguinte a decisão do Campeonato Brasileiro reuniu Palmeiras e Corinthians. Uma vitória alviverde por 3 x 1, com dois gols de Rivaldo, um empate de 1 x 1 e o gol da taça marcado também por ele. Mas foi ainda como jogador do Corinthians que foi convocado para a Seleção Brasileira e estreou fazendo um gol, num amistoso vencido contra o México.
Estreou em Guadalajara no mítico estádio Jalisco, onde foi tri campeão. Parecia um prenúncio do que sua carreira na Seleção lhe reservava. Rivaldo ficou fora da Copa de 1994, preterido por Paulo Sérgio, do Bayer Leverkusen. Mas se tornou o dono da camisa 10 em duas copas do mundo, o primeiro a alcançar tal façanha depois de Zico. Na França em 1998, foi decisivo, especialmente no jogo das quartas de final contra a Dinamarca. Em 2002, marcou 5 gols e foi, para muitos, o melhor jogador da Seleção Brasileira pentacampeã Mundial.
Por muito tempo, Rivaldo ressentiu-se da falta de prestígio. Um pouco, fruto da timidez, mais do que preconceito com nordestinos de que ele reclama. Para quem saiu de Paulista, no interior de Pernambuco, e só jogou futebol por insistência do pai, Rivaldo foi longe. Foi eleito o melhor do mundo da bola em 1999, quando era jogador do Barcelona. Não há preconceito, não, Rivaldo. Sobre sua carreira, só sobraram a admiração e o agradecimento. O 10 depois de Zico.
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