07 – DIA MUNDIAL DA ORAÇÃO - ORAÇÃO, CAMINHO DE UNIÃO DE VIDA COM DEUS

Iniciamos o período quaresmal, um tempo litúrgico de conversão, que nos prepara para celebrar a grande Festa da Páscoa do Senhor. A Igreja sempre nos traz o convite de mudança de vida e nos faz o apelo de vivermos intensamente a oração, na escuta da Palavra, jejum e caridade que nos aproxima de Jesus na Eucaristia. O Papa Francisco tem insistido muito na oração como caminho de união de vida com Deus, não só na Quaresma, mas todos os dias.

Para rezarmos, não precisamos de palavras bonitas. É um diálogo de amor, no qual agradecemos e partilhamos com Deus nossas alegrias, conquistas, dores e sofrimentos. Santa Terezinha do Menino Jesus, disse: “Eu não encontro muita razão em buscar oração em livros formosos. Como eu não sei escolher qual a melhor oração para rezar ao meu Jesus, penso que a melhor é a oração da criança que simplesmente diz: Deus, eu necessito de Ti”. Não se assuste quando não souber o que dizer, como rezar, o que pedir e como pedir.

Basta abrir o coração e deixar o Espírito Santo agir, pois “O Espírito vem em auxilio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis. E, Aquele que perscruta os corações sabe o que deseja o Espírito, o qual intercede pelos Santos, segundo Deus”. Lembro-me de quando li pela primeira vez esse versículo (Romanos 8.26-27) e quão surpreso e aliviado fiquei. Sim, porque eu experimentava exatamente aquilo naquele período, de minha juventude, em Cachoeira Alegre, uma dificuldade de rezar.

Na oração é necessário nos despirmos de toda vaidade, como nos ensina o Catecismo da Igreja Católica. A humildade é o fundamento e a disposição necessária para receber gratuitamente o dom da oração: o homem é um mendigo de Deus (cf. CIC 2559). Jesus contou uma parábola que ilustra a vaidade e a hipocrisia na oração: Dois homens subiram ao templo para rezar. Um, era fariseu e o outro cobrador de impostos. O Fariseu de pé rezava assim em seu íntimo: “Ó Deus, eu te agradeço porque não sou assim como os outros homens, ladrão, desonesto e adúltero, nem como esse cobrador de impostos. Eu jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de toda a minha renda”.

O cobrador de impostos, porém, ficou à distância e nem se atrevia levantar os olhos para os céus, mas batia no peito dizendo: “meu Deus, tem piedade de mim que sou pecador”! Eu vos digo, este último voltou para casa justiçado, o outro não, pois quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”. Isso, nós lemos em Lucas (18.10-14). Nossas orações são hipócritas se somos incapazes de amar, de nos tornar mais sensíveis às necessidades dos irmãos.

Nenhuma oração passa despercebida por Deus. Ele se inclina para nos ouvir. E vejam que coisa mais linda: “Eis o que diz o Senhor, Deus de Davi, teu pai; Ouvi a tua oração e vi as tuas lágrimas. Por isso vou curar-te” (2Rs 20,5). É esta a resposta de Deus às nossas orações.

Porém, saliento que nossa oração não é para mudar a disposição divina, como registrou São Tomaz de Aquino, mas para conseguirmos aquilo que Deus já nos determinou e só recebemos através da oração (S. Teológica II...). Neste aspecto, a oração não muda a vontade de Deus, muda a nossa disposição de compreender qual é a Sua vontade em nossa vida e alcançá-la.

A antífona (versículo que o sacerdote diz ou se entoa ao iniciar a Santa Missa) de hoje é: “Como os olhos dos servos estão voltados para as mãos de seu senhor, assim, os nossos, para o Senhor nosso Deus, até que se compadeça de nós. Tende piedade de nós, Senhor, tende piedade de nós”.

Deus olhará para o esforço que fizemos para viver o que Ele nos ensinou, e nos recompensará em sua misericórdia. Que Deus nos ajude a termos verdadeira disciplina na oração. Rezemos sempre e Feliz dia Mundial da Oração.