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06 - DIA DO MURIAEENSE: A SAUDADE AINDA AINDA MORA NO MEU PEITO

  • Fernando Mauro Ribeiro
  • 6 de set.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 9 de set.

Em outros tempos, nesse dia, eu era acordado com a alvorada, ao som da banda de música União dos Artistas e queima de fogos. Logo depois, ouvia-se o movimentar-se de centenas e centenas de alunos, estudantes das escola estaduais, - eu era um deles - bem vestidos em seus uniformes, identificados com o seu colégio, uma coroa de flores era depositada no monumento em honra ao Dr. Antonio Canedo - foi ele quem instituiu o Dia do muriaeense - ouvia-se o Hino Nacional Brasileiro e o hasteamento das bandeiras com destaque para o Pavilhão Nacional.

     As bandeiras do Município, do Estado e do Brasil, eram conduzidas com galhardia pelos alunos que separavam os pelotões no belíssimo e extenso desfile cívico, para uma multidão que se concentrava ao longo do percurso e se aglomerava na Praça João Pinheiro, onde era montado um enorme palco e, às vezes, utilizavam uma enorme sacada do Edifício Top Center – ainda em construção – para discursarem as autoridade e anunciar a passagem de cada Escola.

     Hoje, a banda não toca mais um dobrado, os tambores das fanfarras se silenciaram, não se vê o frenesi dos alunos e não se ouve o burburinho dos adultos a comentar que essa ou aquela escola estavam belíssimas em sua apresentação, nem a cidade recebe o número expressivo de visitantes, filhos da terra ou turistas que por aqui passavam para participarem da festa: o Dia do Muriaeense, as comemorações da independência do Brasil, uma visita à Exposição Agropecuária – uma das mais concorridas da região – e à noite, o encontro com os amigos nas Barracas para um bate papo, a cerveja gelada, as guloseimas das crianças e os memoráveis shows de artistas consagrados para o delírio do público, no grande palco.

     Se a banda não mais toca um dobrado, o povo permanece na praça, - ainda que em número consideravelmente menor – seja para contemplar o Ipê florido com flores amarelas que encantam a todos com sua floração, no tom amarelo, numa profusão de flores que também se espalham pelo chão, formando um esplêndido tapete natural.

    Se não há o rufar dos tambores, o povo permanece no picadeiro desse Circo Brasil – como dizem alguns – nesse tempo de julgamento da tentativa de golpe orquestrada pela extrema direita, tendo como mentor o ex-presidente Jair Bolsonaro.

    O jeito é mesmo sair por aí, de mãos dadas com a namorada, levar a família para tomar um sorvete, porque até a moça “feia” que  segundo o Chico Buarque, “debruçava na janela, pensando que a banda tocava pra ele”, já desistiu, não aparece mais, porque a banda também não virá.

    Nas praças, já não se colhe rosas pra ofertar a namorada, quase não há mais crianças a correr, os celulares, os smartphones as conectaram com um outro mundo, o virtual.

    Para dizer a verdade, nem a praça é a mesma, nem os bancos, as flores, o jardim, o pipoqueiro... Plagiando outro poeta da canção – Lupicínio Rodrigues – aqui estou, cantando baixinho: “Felicidade foi-se embora e a saudade no meu peito ainda mora... o pensamento parece uma coisa atoa mas como é que a gente voa, quando começa a cantar”, a pensar, a escrever, a suscitar lembranças, a registrar saudades...


OBSERVAÇÃO:

Da redação, me chega a informação de que amanhã, domingo, haverá a apresentação das fanfarras de algumas escolas, o Corpo de Bombeiros também se apresentará, e o Tiro de Guerra se fará presente mantendo a tradição do desfile de Sete de Setembro em comemoração ao Dia da Pátria.

Fernando Mauro Ribeiro





 
 
 

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