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04 - NO MEU DIVÃ, RECORDAÇÕES

  • Fernando Mauro Ribeiro
  • 4 de dez. de 2021
  • 2 min de leitura

Gosto do Natal. E quando somos crianças, inevitavelmente pensamos nos presentes e esperamos ansiosamente por isso. É difícil chegar diante de uma criança no Natal e dizer: “não tem presente”! Alimentamos nelas a ideia dos presentes que são trocados, dados ou retribuídos nessa época. Eu, claro, não era exceção à regra e queria também o meu presente.

Não era fácil vencer a ansiedade que tomava conta da gente, quando o dia do Natal ia se aproximando. Esperar durante todo o dia vinte e quatro, então! À noite, o Bom Velhinho viria, pé ante pé, adentrava a nossa casa e depositava no sapato de cada um de nós, que atrás da porta, guardava o nosso presente, até o despertar da manhã seguinte, quando corríamos todos, pressurosos, para conferir se fato o Papai Noel havia atendido o nosso pedido.

Mas, que velhinho esperto, pensava eu. Imaginava como ele entraria em nossa casa, sem ser percebido. E como ele fazia para atender a tanta criança em uma única noite? É, a magia do Natal envolvia-nos em nossa tenra idade; quando a pureza de se acreditar na existência do Papai Noel persistia por longos anos. Meus pais faziam questão de alimentar em nós, essa fantasia.

É bem verdade que chega uma hora em que a idade vai nos fazendo questionar, e então, eles se dão conta de que é o momento de se contar a verdade. Contudo, recomendavam que não se contasse aos irmãos mais novos. E mantínhamos esse segredo. Pensas que fiquei decepcionado quando soube quem era o Papai Noel? Nem um pouco. Pelo contrário, mais aumentou a admiração que tinha pelos meus pais, ao entender que eles, em meio as dificuldades financeiras, se esforçavam para entregar a cada filho, todos os anos, o presente tão desejado.

À minha mãe, cabia o papel de intermediária. Ela era uma espécie de porta voz do Papai Noel. Isso ela também fazia com maestria, nos convencendo de que o Papai Noel não poderia trazer-nos tal presente, quando o pedido não comportava o orçamento e, chegávamos a um acordo, quanto ao objeto de nosso desejo. E com que alegria apanhávamos em nossos calçados aquele pacote de felicidade.

Lembro-me que na manhã do dia 25 de dezembro, todos os garotos estavam exibindo seus presentes na rua de terra batida: bolas de plástico de cores variadas, outros meninos desfilavam com seus carrinhos verdes, vermelhos, azuis e amarelos, alguns, raros, com acessórios diferentes.

Com o passar dos anos fui percebendo que havia uma festa maior do que os tão esperados carrinhos e uma alegria maior quanto, à meia noite, íamos para a Missa do Galo. Era fascinante saber que eu iria dormir mais tarde naquele dia; saber que uma criança como eu era especial... e eu ficava atento ao som do harmônio, o “Adeste Fideles”. Isso mesmo, o canto em latim, entoado pelo coral. Porém, o que mais me emocionava era “Noite Feliz”. Esse canto ainda ressoa aos ouvidos daquele menino. De olhos fechados, ele pode ver a antiga Matriz com suas majestosas colunas e, em sua retina o afinado coral e a maestrina, executando em seu órgão, o suave Hino: Noite Feliz, noite feliz...

E o Natal foi se transformando numa festa da alegria, não só pelos presentes recebidos, mas por quem a celebramos: Jesus.

Fernando Mauro Ribeiro

 
 
 

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