03- UMA JANELA PARA A MÚSICA: MILTON NASCIMENTO E O CLUBE DA ESQUINA
Fernando Mauro Ribeiro
2 de jul. de 2024
3 min de leitura
Atualizado: 8 de jul. de 2024
MILTON NASCIMENTO, O CLUBE DA ESQUINA, METROPOLITAN E OS TAMBORES DE MINAS
Milton Nascimento (Rio de Janeiro, 26 de março de 1942), é um cantor brasileiro, reconhecido mundialmente como um dos mais influentes e talentosos cantores e compositores da MPB. Conhecido também pelo apelido de Bituca. Nascido no Rio de Janeiro, filho de Maria do Carmo do Nascimento, uma empregada doméstica, foi adotado por um casal cuja esposa (Lilia Silva Campos) era professora de música. O pai, Josino Campos, era dono de uma estação de rádio. Mudou-se para Três Pontas, Minas Geais antes dos dois anos de idade e aos treze já cantava em festas e bailes da cidade.
Sobre a família, disse: sou apaixonado, fascinado por minha família, acho que eu não poderia ter tido mais amor, educação e liberdade em nenhuma outra família no mundo. Eles moldaram minha vida. Meu primeiro instrumento foi uma harmônica, dada pela minha avó. Ela me deu um acordeão e foi aí que minha vida musical começou.
Gravou a primeira canção Barulho de trem em 1962. Em Três Pontas, integrava ao lado de Vagner Tiso, o grupo W’s Boys que tocava em bailes. Mudou-se para Belo Horizonte para cursar Economia, onde tocava em bailes e clubes noturnas, começou a compor com mais frequência; datam dessa época as canções Novena e Gira Girou (1964) ambas com Márcio Borges.
Na pensão aonde foi morar, na capital, no Edifício Levy, Milton conheceu os irmãos Borges, Marilton, Lô e Márcio. Dos encontros nas esquinas das ruas Divinópolis com Paraisópolis surgiram os acordes e letras de canções como Cravo e Canela, Alunar, Para Lennon e McCartney, Trem Azul, Nada será como antes, Estrelas, São Vicente e Cais.
Aos meninos fãs dos The Beatles e The Platter, vieram juntar-se Tavinho Moura, Flávio Venturini, Beto Guedes, Fernando Brant, Vermelho, Toninho Horta. Em 1972, a EMI gravou o primeiro LP, Clube da Esquina, que era duplo e que apresentava um grupo de jovens que chamou a atenção pelas composições engajadas, a miscelânea de sons e riqueza poética.
O Clube da esquina escreveu um dos mais importantes capítulos da história da MPB. Chamou a atenção dos músicos brasileiros e estrangeiros, dada a sua ousadia artística e criatividade inovadora.
Pouco tempo depois o disco teve reconhecimento internacional e ganhou o prestígio merecido aqui no Brasil também. O álbum virou disco de cabeceira de artistas do mundo inteiro tornando-se referência estilística e estética da música contemporânea, e levou Milton Nascimento a ser convidado por Waine Shorter a gravar um disco com ele, em 1975.
FÃS DE MILTON, SE EMOCIONAM, NO METROPOLITAN
Em setembro de 1997, edição nº 17, esse informativo, à 7ª página, publicava um pequeno artigo - Milton Nascimento e os tambores de Minas no Metropolitan - que falava do retorno de Milton aos palcos, depois de uma temporada nos Estados Unidos. Período em que a Imprensa “marrom” dizia em suas páginas que o artista havia contraído o vírus da AIDS.
O cantor surgiu por trás de silhuetas desenhadas em madeira e, que depois se tornaram os profetas de Aleijadinho, num cenário belíssimo e, com poucas palavras, ele se dirigiu ao centro do palco e disse: “Para aqueles que quiseram entregar meu corpo aos vermes, antes do tempo, ofereço essa apresentação. Farei aquilo que eu sei: cantar”! E o Bituca cantou e encantou.
MILTON NASCIMENTO E OS TAMBORES DE MINAS NO METROPÓLITAN
As deusas negras Camila Pitanga, Isabel Filardis e Taís Araújo dividiram a mesa mais cobiçada do Metropolitan. “Foi emocionante, choramos muito”, confessou Isabel!
Milton não levou apenas as mulheres às lágrimas. O cantor Flávio Venturini que tinha assistido ao show em São Paulo, disse: “Cheguei aqui achando que estava vacinado. Mas quando ele cantou ‘Caçador de mim’, não segurei o choro”.
Os amigos famosos do cantor deixaram o Met encantados com o seu desempenho. As atrizes Fernanda Montenegro, Marieta Severo e Letícia Spiller, os cantores Djavan e Nana Caymmi, a senadora Benedita da Silva e outras personalidades se emocionaram com a apresentação do cantor.
Nem cantor, nem ator, nem isso, nem aquilo, eu era apenas mais um dos muitos fãs, um amante da MPB que também se emocionara quando ele fez referência ao Corpus Christi, uma das festas mais populares de Minas Gerais. E eu comentava com os sobrinhos Magno e Mônica ao final do show: “os tambores de Minas soaram alto e fizeram-me ainda mais orgulhoso de ser mineiro”.
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