Na Igreja-matriz São Sebastião, sede paróquia, em Cachoeira Alegre, já não se vê, como em outros tempos, todos os bancos tomados. Antes da pandemia, isso já vinha ocorrendo, durante a pandemia o número foi drasticamente reduzido e é admissível, agora, quando a pandemia dá sinais de que as coisas estão melhorando; contrasta com os bancos vazios, onde poucos fiéis se fazem presentes, vê-se muitos desses bancos desocupados, o que antes não acontecia.
O que estaria acontecendo? É uma pergunta recorrente, que gostaria de poder responde-la, ou que alguém, com discernimento suficiente nos respondesse. Estaria o mundo secularizado? Os fiéis se distanciaram de Deus, ou da Casa de Deus? A Igreja não os atrai mais? O que estaria acontecendo com nossa Comunidade? Perguntava, um tanto angustiada, uma senhora que é membro do Apostolado da Oração.
Muito já se questionou sobre a inconstância de nosso padre, que dificilmente comparece para celebrar nas primeiras sextas feiras de cada mês. Consagrada ao Sagrado Coração de Jesus, nunca ficamos sem celebração nessas ocasiões. Mesmo quando nossa Paróquia era atendida pelos padres Missionários do Sagrado Coração, que residiam em Muriaé, que eram responsáveis por outra paróquia e não dispunham de tempo; quando virem não era possível, nossos Ministros celebravam a Palavra e se tinha a Eucaristia.
Se fizermos uma avaliação mais acurada, se constatará que, há mais de seis anos, desde a chegada de nosso atual pároco, não há uma sequência de celebrações nas primeiras sextas feiras. A celebração da Eucaristia é raríssima. No princípio, o padre não autorizava aos Leigos ministros da Palavra e da Eucaristia a celebrar. Acerca de alguns meses, se conseguiu dele, a permissão para fazê-la. Contudo, o paroquiano perdeu o hábito de celebrar o Sagrado Coração de Jesus. É inegável essa constatação. Isso, explica a ausência dos fiéis, o provável esfriamento da fé, já, que não alimentada com a Palavra e a Sagrada Eucaristia, tende mesmo a esfriar-se.
Contudo, não explica tanto banco vazio na Igreja-matriz, nas celebrações de domingo. Acredita-se, no entanto, haver algo que esteja causando esse distanciamento, já há algum tempo. As indagações aí estão. Não seria o pároco, o primeiro a preocupar-se com o fato? Não seria ele a desejar investigar as causas e encontrar um meio de trazer de volta, tantas ovelhas que se dispersaram do rebanho? O paroquiano tem também, que preocupar-se com o outro. Tem sim, o dever de ir atrás, de informar-se, saber o motivo dessa ausência e com carinho, convidá-lo a voltar à Casa do Pai.
Há uma corrente que reclama que na sede da Paróquia, não se faz mais procissões. As tradicionais procissões, onde se via uma multidão “a caminho” rezando, cantando, louvando, peregrinando pelas ruas da Comunidade, foram reduzidas a algumas poucas dezenas de pessoas. A procissão do Padroeiro, que reunia centenas de fiéis devotos, não acontece mais. Hoje são os veículos que ganham as ruas e saem em carreatas de São Sebastião e de Nossa Senhora Aparecida. “Nem todos possuem automóveis para participarem desses cortejos; até acho bonito, mas estou impedida de rezar em procissão, como sempre fiz em toda a minha vida”. Dizia um morador do bairro São Tomé. “Desde menino, meu pai vinha com minha mãe e trazia também os meus irmãos, para a Missa e procissão. Que alegria era aquilo! Hoje não posso fazer o mesmo com os meus filhos! Concluiu o senhor.
A belíssima procissão de Corpus Christi, com os gigantescos tapetes de serragens, ruas ornamentadas e altares montados ao longo do percurso, já não se faz mais. Tal procissão se resumiu a um pequeno trecho na praça da Matriz ou uns poucos passos no pátio da Igreja. Serão os “tempos modernos” a nos impor tais coisas? Sei não! Os tempos modernos estariam acontecendo só em Cachoeira Alegre? Conforta-me saber, ver e poder participar em outras paróquias onde a fé ainda é exercitada, onde o entusiasmo de se confeccionar tapetes, ornamentar as ruas e, a alegria, de poder, depois, caminhar com O Cristo Eucarístico pelas ruas, a abençoar-nos a todos.
Um padre residente faz muita falta, porque ele se faz mais presente na vida de seu povo, de sua comunidade. Ele passa a ter uma convivência mais próxima com os paroquianos, ele poderia acompanhar mais de perto as Pastorais da Paróquias, fazer visita aos doentes, visitar as escolas e incentivar as crianças e os jovens a cerrarem fileiras, a se envolverem mais com a sua religião. Aliás, sendo Cachoeira Alegre, uma Paróquia centenária, com uma casa paroquial que já acolheu tantos padres... sendo a sede da paróquia. Por que o padre não mora em Cachoeira Alegre? Essa é mais uma das muitas perguntas sem resposta.
Por que os livros da Paróquia foram retirados daqui e levados para a residência do padre em Barão do Monte Alto? As pessoas que, antes obtinham uma certidão de batismo ou outro documento aqui na secretaria da paróquia, que funcionava numa sala (com acesso independente) em anexo da casa paroquial, agora, precisam se deslocar e pagar passagens para adquiri-los em Barão. Também não se sabe o motivo de tal decisão. A Comunidade não foi sequer consultada para se efetuar tal mudança.
Questionamentos sempre haverão de ter. Principalmente, quando não se encontra respostas plausíveis – ou nenhuma resposta que seja – para elas. É evidente que, se não se tem respostas, as perguntas se avolumam e, consequentemente, gera aborrecimentos, faz com que as pessoas se afastam, deixem de dar suas contribuições e o número de fiéis vai realmente diminuindo. Os dizimistas não são informados do valor arrecadado com o se Dízimo. “Não. Não se pode revelar, é ordem do padre”, informa um membro da referida Pastoral.
“Isso não é correto, nós, dizimistas ou não; o paroquiano tem direito a essa informação. Tudo o que se quer é transparência”, argumento com meu interlocutor. “O padre diz que anota tudo em um livro”, é a resposta que tenho. O povo não tem acesso a esse livro. Por que então não expõe num mural como se fazia antes? Reitero. “Não podemos fazer. São ordens do padre”!
Talvez, essas e outras atitudes expliquem a decadência de nossa Paróquia. Nós, na condição de paroquianos, devemos reivindicar sempre. Se não o fazemos, incorremos no erro de sermos omissos. Se o povo se cala, no mínimo é conivente. Se o povo manifesta descontentamento, é alvo do padre, que o hostiliza, utilizando o presbitério para mandar os seus recados, ao invés de dialogar com a assembleia e trazer à tona a verdade dos fatos.
No dia a dia da Igreja, professamos sempre a nossa fé com a oração do Creio. Em algum momento, essa Igreja nos propõe a Renovação das Promessas Batismais, quando dentre outras coisas, ela nos pergunta: “Para viver como irmãos e irmãs, renunciais a tudo o que vos possa desunir, para que o pecado não domine sobre vós”? Nossa resposta é: RENUNCIO!
Não devo, pois, publicar tal matéria. Ela pode ser motivo de desunião, pensei. Depois, disse para mim mesmo: Não se oculta a verdade. Não se renuncia a verdade. Ela pode sim, provocar conflitos, mas, A VERDADE VOS LIBERTARÁ! Portando, primeiro com base nesses valores sagrados, depois, na condição de jornalista que crê, no poder da palavra, que entende que a mentira escraviza e, que o povo tem direito à informação, decidi, publicar nesse nosso informativo que, há 26 anos, é a voz de Cachoeira Alegre.
OBS: Antes de nos julgar, condenar e ditar a sentença; como quase sempre acontece; veja primeiro que se trata de pessoas idôneas, estas que expressaram suas opiniões. Apenas as relatei. Confira no mural, se encontra algo sobre o Dízimo. Olhe no dia a dia, nos bancos da matriz e diga: qual a última vez que vistes a igreja totalmente repleta de fiéis? Não estamos a inventar coisas, nem colocamos em dúvida a honestidade de nosso pároco. Pelo contrário, reconhecemos suas muitas virtudes. Entenda que, nós, tão e somente, esperamos por respostas.
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