Há mais de dois mil anos, homens inteligentes e instruídos ficaram escandalizados ao ouvir que os cristãos chamavam Jesus, um homem comum, nascido na Judeia, de Filho de Deus. Parecia-lhes inaceitável que alguém pobre, simples e nascido por aqueles dias pudesse ser divino. Isso era novo. Tão novo que São João Damasceno chamou de “a única coisa nova debaixo do sol”! Nossos corações se alegram com a aproximação do Natal, a festa máxima da cristandade.
Mas o nosso coração está também em festa porque celebramos o Dia do Cachoeirense. E queremos nesse momento prestar homenagem a alguém que muito contribuiu para a realização desses festejos. Seu nome: Zacarias de Oliveira.
A ideia de se instituir o Dia do Cachoeirense surgiu numa noite fria de inverno, na cozinha da casa de Sr. Joaquim Ribeiro Gouvêa. O então prefeito João Batista Moreira Duarte decretou feriado municipal, a família projetou e confeccionou nossa Bandeira, foi inaugurado um monumento com a data de fundação na praça da Matriz, a Banda de Música acordou o cachoeirense com a alvorada, os fogos subiram aos céus cachoeirenses, nossos alunos proporcionaram um belo desfile cívico, Pe. Adriano Kett e nosso Bispo Diocesano Dom Gerardo Reis, celebraram missa solene, o povo saiu às ruas e assim celebramos, em primeiro de novembro de 1979 a primeira Festa do Cachoeirense.
Acredito que o sonho que se sonha só; É só um sonho! Mas o sonho que se sonha junto, torna-se REALIDADE. Assim convidamos o senhor Zacarias para sonhar conosco e, ele tornou-se um elo importante nessa corrente. Com seu entusiasmo, seu espírito festivo, sua simplicidade e seu dinamismo, deu sua contribuição. Quem não se lembra do bordão criado por ele: “A O MEU, HEIM”!
MAS, QUEM FOI ZACARIAS?
Há quase seis décadas, quem diria que aquele menino, nascido na Fazenda dos Bouzada, na Invejada, chegaria tão longe. De família simples, pobre, humilde, mas trabalhador, nasceu o menino no dia 10 de fevereiro de 1926. O conheci já homem feito, casado com a jovem senhora Tereza Emília Ferreira de Oliveira, com quem constituiu uma numerosa família. Tiveram 12 filhos e, a todos os educou.
Caminhando nas sendas de Jesus, me aproximei mais desse senhor, a quem passei a admirar ainda mais. Uma coisa tínhamos em comum: a paixão por essa terra. Certa vez, disse-me ele: Eu tinha apenas dez anos, era ainda menino, de calças curtas, quando vim, pela primeira vez em Cachoeira Alegre e fiquei deslumbrado. Não conhecia ainda a eletricidade. Quando vejo aquela carreira de postes, as luzes acesas, as ruas claras, as casas iluminadas me encantei com tudo aquilo”.
Hoje, fico a imaginar o estado de encantamento desse meu amigo. Porque sentimento se estendeu ao longo de sua vida. Desconfiei que sua alegria e irreverência viessem do fato de ter nascido no período carnavalesco, mas descobri depois, que caminhar nos caminhos da Fé, é que despertava nele, a alegria e o entusiasmo que o acompanharam ao longo de toda a sua trajetória.
Homem determinado, trabalhou longos anos na fazenda do Francisco Oscar, onde morou e criou seus filhos. Em Cachoeira Alegre, tinha uma legião de amigos. Uma vida dedicada à Deus, doando parte de seu tempo para o trabalho na Paróquia de São Sebastião de cachoeira Alegre. Na década de 1960 ingressou na Congregação Mariana, nos fins dos anos 1970 tornou-se presidente da Congregação, nos anos 1980 foi presidente do Apostolado da Oração, foi membro atuante das CEBES, (Comunidades Eclesiais de Base) também atuou por mais de uma década como Ministro Extraordinário da Palavra e da Comunhão, celebrando na Igreja-matriz e nas capelas auxiliares na Zona Rural.
Ocupou uma cadeira na Câmara Legislativa Municipal, desempenhando o papel de vereador no período de 1989 a 1992, na Administração de Francisco Corrêa da Rocha e José Carlos Arquette – Chichico e Juca – prefeito e vice-prefeito respectivamente.
Deus chamou para si, nosso amigo Zacarias. As Sagradas Escrituras, nos ensina que: “As almas dos justos estão na mão de Deus e nenhum tormento os atingirá. Porque no Senhor está nossa vida, nossa paz e salvação”.
Zacarias faleceu em 28 de novembro de 2005, na cidade de Teresópolis – RJ. Seu corpo foi velado na terra que ele tanto amou e foi sepultado no Cemitério Bom Pastor, em Cachoeira Alegre, onde compareceram familiares e muitos amigos para o último adeus.
Zacarias é muito lembrado, também, a partir de 1983, quando assumiu a Comissão da Festa do Cachoeirense e, pelo seu empenho, seu entusiasmo, seu otimismo, sua obstinação em realizar os festejos do dia de nossa terra, nossa cidade, nossa Comunidade, nossa gente, que hoje aqui celebra mais um aniversário de Cachoeira e orgulhosamente, presta-lhe essa póstuma homenagem, outorgando-lhes essa placa comemorativa de nossa XLV Festa.
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