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01 - TENHO RUAS E ATALHOS, TENHO ESTRADAS POR ONDE PASSAR

  • Fernando Mauro Ribeiro
  • 1 de nov. de 2023
  • 2 min de leitura

Estou à espera. Das primeiras flores da primavera. Brigo com o vento que desalinha meus não tão fartos cabelos como outrora. E passa ligeiro sem se importar. Estou à espera. A primavera havia de vir veio. Nossos jardins estão mais floridos. Cantarei a minha liberdade.

Sei que os tolos riem de minha ousadia. Da crença em meu sonho. Da teimosia e paixão do meu ser. O horizonte parece longe. Mas eu posso chegar. Tenho ruas e atalhos. Estradas tão minhas por onde passar. Quero os pés descalços e alma lavada. O abraço, agasalho da paz.

Quero os campos da inocência. Da fruta madura ao alcance das mãos. Quero amarrar com pedaços de fitas o luar. Atirar meu retrato nas águas da fonte. Espiar o correr das águas do ribeirão Cachoeira Alegre, que nesse dia, tem preguiça de passar e parece cantar uma melodia no seu murmurar, quando entrega as suas águas ao Muriaé. E contemplando o seu fluir, ver boiar a minha vida. Num doce velejar. Quero de volta todos os beijos que dei. As paisagens que perdi. Todas as coisas simples e mágicas. Como um castelo no ar.

Leve é a espera. Como dançarinas nas pontas dos pés. Como folhas de outono que se soltam no ar. Silenciosa como as sombras, é a dor que mora n’alma. Das distâncias infinitas trazendo para dentro. Na introspecção do ser.

Crisântemos vermelhas e brancas, eu trouxe para ornamentar a Igreja-matriz; um vaso de antúrio enfeita a sala de minha casa. Nesta hora de espera. Papéis sobre a mesa. Dedos ágeis digitam. Releio as matérias. Ponto final de mais um editorial de aniversário de minha amada Cachoeira. As lembranças continuam vivas. Os ventos não mudam. E todos riem de minha ousadia. Porque resisto. Sempre à espera de uma nova primavera.

Com as primeiras flores quero enfeitar a minha santa tristeza. Agradecer ao Senhor da Vida. Abraçar a minha saudade. E amarrar com pedaços de fitas o coração de cada cachoeirense, faze-los elos de uma corrente, de gente de fé, que se coloca de pé para aplaudir a mãe Terra nesse dia, e dizer, ainda que num sussurro, com a voz embargada pela emoção, ou mesmo com a voz abafada pelos gritos insanos daqueles que não a respeitam, não a amam e até a ignoram: Cachoeira, eu te amo! Pode ser que minhas palavras não ecoem, que meu grito não vá além da esquina, não alcance as estelas, mas meu amor é infinitamente maior que um grito, e ainda que inefável, ou inaudível, ele pode chegar ao infinito. “Hoje estou vivo, e de você posso falar, mas sei que um dia, um dia, eu sei, vou me calar. Por isso, eu digo: ó querida Cachoeira, que lá de cima, dos altos azuis eu vou te amar”!

(Um abraço especial aos familiares que juntos, numa noite calma e serena de 1979, entrou pela madrugada a embalar o sonho de se instituir o Dia do Cachoeirense, e esse sonho tornou-se realidade)

Fernando Mauro Ribeiro


 
 
 

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