29 - RIO DE JANEIRO: NÃO HÁ NADA IGUAL

O aniversário oficial é amanhã, mas uma cidade como o Rio merece ser celebrada todos os dias. É sim, uma cidade com muitos problemas, e nós não ignoramos tais mazelas, tanto que volta e meia estamos aqui abordando esse tema. Mas, diante de tanta beleza para apreciar, tanto mar para mergulhar, tanto samba para festejar que, quando alguém pede uma sugestão de lugar preferido, fica difícil encontrar um só.

 Você que me lê, sabe de minha relação com a cidade maravilhosa. Já deixei explícito o meu amor por essa cidade, o fascínio que ela exerce sobre mim. Poemas que escrevi exaltando-a pela beleza, o acervo cultural, sua geografia privilegiada, seu extenso litoral, o futebol que tem o meu Flamengo a colorir de preto e vermelho as ruas do Rio, o seu carnaval que nos proporciona um dos maiores espetáculos da terra; e quando retorno de alguma viagem aérea que vejo a cidade maravilhosa lá do alto, que cenário exuberante!

  Já visitei o Pão de Açúcar seis vezes e sempre experimento esse encantamento. A primeira vez que visitei o Cristo Redentor, no Morro do Corcovado foi em 1978, em companhia de Maíza - minha namorada já naquela época – Depois lá estives outras muitas vezes em companhia de sobrinhas e amigos. Bondinho de Santa Tereza, encenação da Paixão de Cristo nos Arcos da Lapa, a Catedral Metropolitana. Vivi momentos muito legais caminhando pela Lapa Boêmia, visitando o Teatro Municipal, a Biblioteca Municipal, assistindo a peças teatrais no Dulcina Guanabara, filmes no Cine Odeon, passando pela Uruguaiana, - o Saara e suas centenas de lojas, até aos Teatros Carlos Gomes e João Caetano, onde assisti a grandes espetáculos, a Confeitaria Colombo, o CCBB, Centro Cultural Banco do Brasil, com suas amplas salas de exposições de renomados artistas plástico e dezenas de peças de teatro como a marcante “Rua da Amargura”, me confessei com padre Cipriano, li uma leitura no presbitério da Igreja da Candelária, onde participei da Santa Missa; visitei o Monumento ao Soldado desconhecido, onde João Paulo II celebrou para uma multidão de fiéis – o Mausoléu no subsolo – O Maracanã, templo do futebol, onde pisei pela primeira vez em 1976, para me emocionar naquele gigante de concreto e aço, com a vitória de meu Mengão por 2 a 1, contra o Botafogo.

  Porém, um dos programas que mais fiz a partir dos anos setenta, foi perambular pelo Aterro do Flamengo.  Se me perguntarem qual o lugar mais bonito do Rio, eu não teria dificuldade de eleger o Parque do Flamengo: O Projeto arquitetônico de Oscar Niemayer com o paisagismo de Burle Max é um dos espaços mais atrativos. A exuberância do verde, a praia do Flamengo, o MAM, Museu de Arte Moderna com seu espetacular jardim, o Aeroporto Santos Dumont, a Marina da Glória, onde tantas vezes vi ancorado, o iate Lady Laura do rei Roberto Carlos, onde me sentei algumas vezes, à sombra de uma árvore para ler o jornal do dia, ou algum livro interessante.  É verdade que, são outros os tempos, o local já não oferece a segurança de outrora e isso nos distancia, mas convenhamos: não deixou de ser belo!

Estava a ler uma matéria no Extra, - um jornal carioca - em que sua equipe vai atrás de personalidades que têm uma forte ligação com a Cidade Maravilhosa para que eles dessem dicas de lazer ou programas culturais e o roteiro apresentado é sinistro. Em meio a incontáveis atrativos, no entanto, um clássico desponta na lista.

- Sempre que retorno à cidade de avião pelo Santos Dumont, vejo o Pão de Açúcar e me emociono. O bondinho é um cartão postal que amo, estar lá em cima é mágico, não é à toa que compus com Cria Delanno e Alex Moreira a canção “O Bondinho”, meu lugar preferido no Rio, derrete-se o ícone da Bossa Nova Roberto Menescal, capixaba de nascimento e carioca de coração. Ele ainda citou a Livraria da Travessa do Shopping Leblon: “Marco todas as minhas reuniões lá. Aproveito para fazer um lanche, tomar café com leite e comprar um livro”.

  Faz coro com ele a cantora Sandra de Sá: - O Rio é Geral Lindeza. É Lindeza Geral... Mas um lugar altamente incrível é o Morro da Urca. Mó visu a vista privilegiada da Baia de Guanabara. Enseada de Botafogo... E faz ligação com o Pão de Açúcar. É um ponto turístico de responsa, transbordantes de shows bacanas e muitas opções de comida. É um espaço marcante na minha vida. Nos anos 80 fiz meu primeiro show no Morro. E quem fez a abertura foi o Barão Vermelho do meu compadre Cazuza.

  Quem em breve soltará a voz por lá é a garota suingue e sangue bom Fernanda Abreu, que também apontou o local como referência de momentos importantes de sua vida:

- Tenho uma relação especial com o Pão de Açúcar. Sempre que passo por lá, me vem a certeza de que o Rio é a cidade mais linda do planeta. E o Pão de Açúcar abriga um espaço de shows com que eu tenho uma ligação afetiva há mais de 40 anos. Lá, fiz com a Blitz shows memoráveis. E foi onde estrei meu primeiro show solo em 1990. Aliás, para quem estiver no Rio em 12 de abril, convido a subir o Morro e curtir a festa Noites Cariocas, com dois shows, o meu e o da Blitz. Quer festa mais carioca?

  Não é apenas a turma da música que se lembrou do cartão postal. Para o ator Fábio Porchat, o Aterro do Flamengo que tem vista para a formação rochosa, é um dos responsáveis pela fama do Rio.

- De dia, é um dos lugares mais lindos para você correr vendo a Baia de Guanabara, o Pão de Açúcar, passando pela Marina da Glória. Você tem praia, quadra esportiva, água de coco – resume ele, emendando com uma dica gastronômica, está localizada no Horto: - Elena, um bar e restaurante excepcional. Tem balada, ambiente a céu aberto... A metrópole estará em festa, há muito o que se conferir de eventos culturais, shows, praia e sol, maracanã, futebol e, nós voltaremos a esse tema, porque afinal, o Rio é uma festa constante.

Fernando Mauro Ribeiro