28 - “AINDA ESTOU AQUI” FAZ HISTÓRIA E A TORCIDA FESTEJA COMO CARNAVAL
Fernando Mauro Ribeiro
28 de jan.
4 min de leitura
O jornal Extra estampou em sua primeira página no dia 24 desse mês: É COPA DO MUNDO, AMIGO! “Ainda estou aqui” entrou na disputa pelo Oscar de Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres. Feito histórico para o cinema nacional, a indicação tripla levou a torcida brasileira ao delírio. Para melhorar, a ‘final’ vai ser no carnaval. Haaaaja coração!
Bem que o tio Paulo lá da Tijuca avisou, em 1986: “Quero te ver um dia no Oscar”. A sobrinha Fernanda Torres, então vencedora em Cannes por “Eu sei que vou te amar”, lembrou essa conversa no Roda Viva, programa da TV Cultura em 1998. “Eu olhei para ele e falei: Nossa, o tio Paulo não tem ideia da relação e da sorte que é chegar até aqui. O Oscar não vai rolar nunca”. Mas... Nanda, rolou, avisou ontem o marido Andrucha Waddington à atriz, quando os indicados da estatueta deste ano foram revelados.
Num feito histórico “Ainda estou aqui”, de Walter Salles, concorre em três categorias na premiação, que acontece no dia 2 de março, pleno domingo de carnaval. Primeira produção Globoplay, baseada em livro de Marcelo Rubens Paiva, o longa disputou Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz, com Fernanda Torres no papel de Eunice Paiva.
É a primeira vez que um filme brasileiro concorre na categoria principal do Oscar, a de melhor filme. E por mais que a atriz tenha pedido calma, o clima é claro, é de Copa do Mundo.
Eu nem tenho o que falar. Essas indicações são coisas inimagináveis. Quero dizer que amo o Brasil. Estou muito orgulhosa de uma história brasileira fazer sucesso no mundo e nos traze alegria, não só para mim, para o Walter e para todo mundo envolvido nesse fim mas para o país inteiro”, ressaltou a artista.
Intérprete do ex-deputado Rubens Paiva que é morto pela ditadura, Selton Mello também celebrou: Nosso país precisava desse filme. O mundo todo precisava desse filme. Nós entramos para a história. Para sempre. Ainda estamos aqui, Eunice, Rubens, nós e vocês”. A última vez que o Brasil teve um representante entre os indicados a Melhor Atriz e Melhor Filme estrangeiro foi em 1999, com Fernanda Montenegro em “Central do Brasil”, também dirigido por Walter Salles.
“Uma parte importante dessas indicações se deve a cada uma das 3,6 milhões de pessoas que foram ao cinema para se encontrar com um pedaço submerso da história do Brasil”, destacou Salles. Já Fernandona confessou: Eu, Fernanda Montenegro e Fernando Torres, onde quer que ele esteja, estamos felizes e realizados, em estado de aleluia pelas indicações de Fernanda Torres e Walter Salles. Meu coração de mãe está em estado de graça.
Também eu, esse escriba que vos fala, estou hiper feliz com as indicações. Acredito que a partir de então, o mundo nos olhará com outros olhos, o mundo entenderá que nós, brasileiros sabemos fazer arte, temos uma rica cultura a ser explorada, uma história a ser contada e profissionais talentosos que nos representam também na teledramaturgia.
Sinceramente, já somos vencedores. Independentemente de se conquistar ou não o Oscar, podemos celebrar sim, essa grande conquista. É óbvio que se vier o Oscar no domingo de carnaval, aí será sim uma enorme celebração, um eterno carnaval.
Tendo em vista o atual momento na temporada de premiações e a visibilidade que o filme brasileiro passa a ter a partir da indicação na categoria principal, é possível imaginar que “Ainda estou aqui” tenha, sim, condições para bater o musical francês. O favoritismo de “Emília Perez” ainda existe. O filme foi recordista em indicações, concorrendo a 13 estatuetas, é um dos mais comentados.
E o que dizer de Fernanda Torres? Após a vitória de “Ainda estou aqui”, no Globo de Ouro, o nome da atriz ganhou muita força em Hollywood. No momento, Fernandinha parece ocupar o segundo lugar na corrida, atrás de Demi Moore, por “Substâncias”, mas à frente das demais concorrentes, é o que diz o jornal carioca, na sessão Extra.
Vejamos agora, melhor filme: “É muito provável, apesar de ‘Ainda estou aqui’ ter recebido um holofote gigante com a indicação, é muito raro que uma obra conquiste a categoria melhor filme, sem ter sido indicada para a melhor direção. Isso aconteceu apenas seis vezes em 97 edições da premiação, sendo a última em “No ritmo do coração” em 2022, diz Lucas Salgado.
Não consegui assistir ao filme no Rio, - mesmo estando o mês de dezembro inteiro e alguns dias de janeiro – assisti a outros e esse acabou ficando. Já em casa (Muriaé), fui duas vezes ao Cine Boulevard e talvez ainda volte.
Falar do filme e da atuação de Fernanda Torres, é chover no molhado. Ela é perfeita, na dose exata, sem mais, nem menos, sem tirar, nem por. Um tema complexo, cenas pesadas em que ela transita com a naturalidade que o diretor deseja, consegue imprimir uma leveza e ao mesmo tempo uma magia que só os grandes artistas possuem. Um primor.
Depois de tudo que vi, que li e ouvi, depois de espiar os mais diversos comentários aqui, de nossos leitores e em outras plataformas das redes sociais, só me resta aguardar pelo 02 de março para botar o “Bloco na rua” e dizer para o mundo: “Ainda estou aqui”. Não dá para publicar todos os comentários de nossos leitores, mas não resisti e vamos destacar apenas um, de uma leitora de nosso jornal:
“Ainda estou aqui”, finalmente consegui. Fui sozinha, hábito antigo. Fiquei muito impactada. A atuação da Fernanda Torres é perfeita, inquestionável. Mas o roteiro me levou para vários lugares, um misto de emoções, até uma dorzinha na alma eu senti. A arte tem o poder de mexer conosco. Talvez seja esse o seu papel. É mágico! Saí muito reflexiva. O filme merece todos os prêmios, sobretudo retratar um recorte real da história (triste/cruel) brasileira”. Roseane Lúcia (Campos dos Goitacazes – RJ.
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