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09 - ENTREVISTA COM O PADRE AILTON AURÉLIO - PARÓQUIA SÃO PAULO

  • Fernando Mauro Ribeiro
  • 9 de ago.
  • 5 min de leitura

O dom da vocação para a vida sacerdotal, religiosa ou consagrada de tantos fiéis cristãos, é um momento inestimável ou uma riqueza que não se acaba na vida dos batizados.

    Independentemente de qualquer categoria, de julgar merecedor ou não, não é questão de mérito ou não. É Deus quem escolhe. Chama de perto ou de longe, adultos ou crianças, de uma classe ou outra, não importa. É só responder com generosidade o chamado do Senhor. Agosto é o mês dedicado às Vocações, por isso, nós do Portal Novo Tempo, estaremos tratando desse tema. Celebramos no dia 4, o Dia do Padre e temos a graça, a honra e a alegria de entrevistar o Pe. Ailton Aurélio Martins Silva.

     Quando ouvimos a homilia, uma entrevista de um sacerdote é sempre uma oportunidade de crescimento espiritual, de aprendizado, que nos modifica, edifica, nos transforma, apontando caminhos. Por isso, quero desde já agradecer ao padre, seu sim para esse nosso encontro, esse bate papo.

      Para essa entrevista, ele nos recebeu na secretaria da Casa Paroquial, onde fala de sua vocação, a família, os desafios, enfim, sua trajetória. Confira:

 

Novo Tempo: Uma pergunta simples, mas, às vezes, difícil de responder: Quem é o Ailton? Fale-nos da criança, o adolescente e o jovem, dos pais, da cidade natal e da família.

 Pe. Ailton: Sou Ailton Aurélio Martins da Silva, mineiro de Juiz de Fora, meu pai era funcionário da rede ferroviária do Brasil, minha mãe era do lar sempre cuidou da casa. Éramos seis. Eu e mais cinco irmãos. Hoje, dois falecidos e tenho três irmãs, são casadas têm filhos já adultos. Eu, sempre quis ser feliz, sempre busquei ser bom, caminhei um longo tempo na Igreja, mas não pensava em ser religioso. Era um caminho em busca de algo bom, positivo que me fizesse feliz. Eu sou da paz, gosto da espiritualidade, do silêncio. Assim é que me defino.

 

Novo Tempo: A família é sempre o alicerce, a base de nossa fé. E quase sempre vem daí nossa vocação. Foi alguém específico? Como foi sua primeira experiência com Jesus?

 Pe. Ailton: Nós tínhamos muito contato com os padres da MSC – a Congregação do Sagrado Coração - e os seminaristas e em um dado momento uma vizinha me convidou para participar de um grupo jovem...

 

Novo Tempo: Era um encontro vocacional, ou coisa desse tipo?

Pe. Ailton: Não. Não se falava em vocação. Eram os Grupos Jovens, esses encontros aconteciam no Seminário e eram agradáveis.

 

Novo Tempo: Quando percebeu o chamado?

 Padre Ailton: Então, desse contato com o Seminário e os seminaristas surgiu minha vocação. Foi ali que percebi o chamado.

 

 Novo Tempo: O senhor disse no início dessa nossa conversa do desejo de ser bom, de ser uma pessoa do silêncio. O sacerdote é por excelência um solitário? Como o senhor lida com essa questão?

 Padre Ailton: No período do Seminário nos é ensinado sobre essa carência. E aprendemos a driblar essa situação porque temos um grande envolvimento pastoral. O padre não é indicado para a solidão, ele é preparado justamente para viver essa situação, no exercício de seu ministério.

 

Novo Tempo: O ser humano tem seus momentos de solidão, mas há também a solitude, que é uma solidão desejada, um desejo de se estar só.

 Padre Ailton: Nós somos preparados para entender que não teremos família, - esposa, filhos - que nossa família é nossa comunidade-paróquia com quem criamos vínculos e que a solitude às vezes se faz necessário.

 

Novo Tempo: Qual o maior desafio no início do chamado? Algo do tipo incompreensão dos pais, a resistência dos amigos, os questionamentos e a dificuldade de dizer, sim.

 Padre Ailton: Meus pais em momento nenhum questionaram minha vocação, minha decisão, nem mesmo a ausência foi sentida já que sou juiz-forano e dava aqui meus primeiros passos.

 

Novo Tempo: O novo Censo do IBGE aponta-nos para um crescimento significativo do número de evangélicos. Como a Igreja ou o senhor vê isso?  A que se atribui?

 Padre Ailton: Esse número vai mudando com o tempo. A sociedade é uma família numa direção. Antes, todo mundo se dizia católico, era quase que uma convenção social. Hoje há muitas opções, muitas denominações, enquanto a Igreja católica é única. A soma dessas pequenas igrejas constitui-se em um resultado crescente. Essas igrejas adotam uma linha moderna para atender e atrair mais fiéis. Mas, eu acho que nem é bom nos atermos a números, a pesquisas.

 

Novo Tempo: Creio que a Igreja católica não esteja preocupada com quantidade, mas com a qualidade a autenticidade do cristão. As demais igrejas são muito fragmentadas, ao passo que a religião católica é única. Essa é uma observação do repórter que vos fala. Na sua visão é mais ou menos esse cenário?

 Pe. Ailton: Exatamente. Eu falava desse leque de opções que se tem, mas não há entre elas – as igrejas protestantes – a unidade que se vive na religião católica que tem uma tradição e, ela não vai abrir mão de sua maneira de ser, de sua essência.

 

Novo Tempo: Penso que é a mão de Deus, quando vejo que nos EUA – país tão secularizado – aconteceu recentemente, um número grande de ordenações sacerdotais. Também na França, percebe-se por parte dos jovens um maior interesse pela fé católica. Como o senhor analisa esse horizonte no Brasil?

(Informação obtida através do Editorial do Jornal Notícias em 30, da Rádio Aparecida)

 Pe. Ailton: Há, na sociedade uma evolução constante, há os modismos, mas também uma busca pela fé. Nesse tempo - são trinta anos - exercendo o sacerdócio, percebo que nossas igrejas estão cheias em todas as missas e há também uma expansão, no sentido de se construir Igrejas e capelas nos bairros e Zona rural, sem, contudo, perder sua conformidade, mantendo a harmonia. O ser humano tem cede de Deus.

 

Novo Tempo: Qual foi a primeira paróquia que o senhor assumiu e sua trajetória até chegar a Muriaé. São dois meses atuando na Paróquia São Paulo, como foi recebido?

 Pe. Ailton: A primeira paróquia que atuei como pároco, foi na cidade de Deus - RJ, depois Jardim Catarina em São Gonçalo, fui para o Estado do Pará onde fiquei por cinco anos, passei por algumas cidades de Minas até chegar aqui.

 Fui muitíssimo bem recebido em Muriaé, com muito carinho e delicadeza. Uma paróquia bem estruturada. Conheci as comunidades que compõem a paróquia São Paulo, onde fui recebido do mesmo jeito. De certa forma, até me surpreende, porque a chegada de um novo padre gera expectativas e um maior envolvimento só acontece com o passar do tempo. Mas estou me sentindo em casa.

 

Novo Tempo: com relação à vocação, muitas vezes, convive-se com a dúvida, até se chegar ao “sim” definitivo, o receio de ser ou não um chamado. Carlo Acutis é uma referência, uma seta a assinalar que é possível viver a fé, num mundo tão dilacerado pela descrença. O que o senhor diria para um jovem que deseja ingressar no seminário?

 Pe. Ailton: Apostar na fé ser perseverante. Porque a vocação ao Ministério Ordenado exige uma prática de Fé, um acompanhamento, discernimento pastoral nesse segmento pastoral de participação em grupo. O que reforça sua vocação é fazer-se presente na vida comunitária. Também não se deixar levar pelos acenos do mundo. E são muitas as opções de lazer e também outras profissões que possibilitem viagens, constituir família, um convívio social mais amplo... enquanto que a vida religiosa requer privacidade, estudo contínuo, dedicação à comunidade e outros sacrifícios. De qualquer forma, a meu ver, é um desafio, mas a oração é uma via que contribui muito para essa decisão, uma opção segura.

 

Novo Tempo: Obrigado mais uma vez por falar conosco e deixe suas considerações finais.

 Pe. Ailton: estamos celebrando o Jubileu da Esperança. De tempos novos. Depois da pandemia do Covid-19, nós entramos num quadro social bastante difícil de vida social, de saúde física e mental, tempo de conflitos e guerras. Então precisamos resgatar a esperança para iluminar nossa trajetória, à luz do Evangelho.

 
 
 

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